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Só notícias ruins para o passageiro do transporte público de Pernambuco

Passagem dos ônibus intermunicipais aumentou quase 12% e a frota do Grande Recife ainda não alcançou integralmente os 100%

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Roberta Soares

Publicado em 11/04/2022 às 16:15 | Atualizado em 12/04/2022 às 14:51
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Só notícias ruins para o passageiro do transporte público da Região Metropolitana do Recife e das linhas intermunicipais que conectam a Zona da Mata, o Agreste e o Sertão pernambucanos.

Apesar do reajuste de 9,69% no valor das passagens dos ônibus do Grande Recife e da promessa do governo do Estado e dos operadores, a frota de veículos ainda não chegou integralmente a 100%.

A promessa foi feita em fevereiro, dias depois do reajuste das passagens passar a vigorar no Grande Recife, durante entrevista ao Sistema Jornal do Commercio (SJCC).

Nem mesmo o fato de as restrições sanitárias já não existirem mais, inclusive com a liberação de diversos protocolos, foi suficiente para colocar toda a oferta de ônibus nas ruas da RMR.

A frota de coletivos segue em 94% do que era ofertado em março de 2020, quando a pandemia de covid-19 começou. Ou seja, são 2.276 veículos em circulação, quando poderiam ser 200 a mais: 2.415 ônibus.

BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
Em 2018, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública revelou que a cada quatro segundos acontece um assédio no transporte público brasileiro - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM

O argumento do governo de Pernambuco é que a demanda de passageiros ainda segue abaixo do que deveria.

Está em 77,5%, o que representa 779.407 mil pessoas do total transportado na pré-pandemia, que era 1 milhão de pessoas.

Além disso, o governo estadual argumenta que, mesmo assim, vem mantendo uma oferta de coletivos 10% acima da demanda.

Destaca, ainda, que as linhas mais “pesadas” têm operado com uma frota de 100%.

O aumento de quase 10% elevou o anel A - utilizado por 80% dos passageiros da RMR - de R$ 3.75 para R$ 4.10, e o anel B de R$ 5.10 para R$ 5.60.

PROMESSAS E SUBSÍDIOS

A promessa de colocar a frota em 100% em março foi feita pelo secretário de Desenvolvimento Urbano de Pernambuco (Seduh), Tomé Franca, durante debate sobre o sistema de transporte público da RMR na Rádio Jornal, em fevereiro.

Na época, a oferta de coletivos estava em 90% do que era oferecido antes do início da pandemia de covid-19.

A promessa era de que subiria para 95% ainda em fevereiro e chegaria a 100% em todas as linhas em março.

O reforço da frota seria uma tentativa de reduzir a revolta da população com o reajuste de quase 10% das passagens de ônibus, aprovado com folga pelo Conselho Superior de Transportes Metropolitanos (CSTM), no dia 11/2.

FILIPE JORDÃO/JC IMAGEM
A drástica redução do número de passageiros no transporte público no Brasil tornou irreversível a discussão de subsídios diretos ao setor. A situação está tão crítica e, o que é pior, sem perspectiva, que a reação tem sido nacional - FILIPE JORDÃO/JC IMAGEM

LINHAS DE MAIOR DEMANDA

André Melibeu, diretor de Operações do Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano (CTM) , foi quem fez a defesa da estratégia adotada pelo governo de Pernambuco.

“Se considerarmos como média, de fato, a frota ainda não está em 100%. Mas as linhas mais estressadas (as que têm maior demanda) estão. Aliás, estão operando com mais de 100%. É o caso de linhas como PE-15-Boa Viagem, Joana Bezerra-Boa Viagem e Barro-Macaxeira, para citar alguns exemplos”, explicou.

“Nossa estratégia tem sido garantir uma maior oferta de serviço para as linhas de maior demanda. São 180 linhas nessa situação, das 348 que temos em operação”, reforçou.

 

 

 

“Suspendemos 60 linhas de baixíssima demanda e/ou que poderiam ser absorvidas por outras, sem prejuízo ao passageiro, e 40 delas já foram repostas. Mas não repusemos as outras 20 porque elas estão sendo bem atendidas por outras e porque estamos usando a frota delas para atender as 180 de maior demanda”, acrescentou.

André Melibeu também garantiu que o governo de Pernambuco não tem imposto qualquer limitação financeira para viabilizar a oferta de ônibus no Grande Recife.

“O nosso limite é feito por nós. Não há nenhuma limitação do governo para manter uma oferta bem superior à demanda. Ao contrário, a determinação é para manter a oferta onde houver estresse. Por isso estamos com um gap de 15% atualmente”, garantiu.

TARIFA DOS ÔNIBUS INTERMUNICIPAIS AUMENTA

A segunda notícia ruim é para o passageiro do transporte intermunicipal de Pernambuco.

Há 13 dias, o governo do Estado reajustou as passagens em 11,77% e, embora tenha publicado o reajuste no Diário Oficial, não fez nenhuma divulgação sobre o reajuste - como o faria caso se tratasse de uma redução ou alguma versão de programa social, por exemplo.

Apenas confirmou o aumento quando questionado.

O reajuste foi dado pela Empresa Pernambucana de Transporte Intermunicipal (EPTI), gestora do sistema operado na Zona da Mata, Agreste e Sertão do Estado, e aprovado pela Arpe (Agência Reguladora de Pernambuco).

Em fevereiro, logo após o aumento do sistema da RMR, o setor empresarial tinha pedido um reajuste semelhante.

Segundo a EPTI, o aumento de quase 12% foi dado após 14 meses e seguiu o IPCA acumulado de janeiro de 2021 a fevereiro de 2022.

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