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Greve de ônibus: clima esquenta entre motoristas e empresários no Grande Recife

Negociações que acontecem desde maio vinham caminhando bem, mas nesta quinta-feira (28) tudo retrocedeu

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Roberta Soares

Publicado em 28/07/2022 às 14:54 | Atualizado em 28/07/2022 às 14:58
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Tudo mudou, o clima de negociação se desfez, e as chances de acontecer uma greve de ônibus na Região Metropolitana do Recife aumentaram. Apesar da expectativa positiva dos motoristas diante das negociações com o setor empresarial, nesta quinta-feira (28/7) o clima esquentou entre rodoviários e operadores.

As duas categorias não chegaram a um entendimento sobre as reivindicações feitas pelos motoristas e, assim, a aparente harmonia se desfez. Nesta sexta-feira (29), os rodoviários realizam uma assembleia durante o dia, com votações às 10h e às 16h, para apresentar uma contraproposta aos empresários de ônibus.

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Uma possível greve de ônibus não estará em votação ainda. Mas, segundo o Sindicato dos Rodoviários, depois do recuo das negociações, uma decisão sobre paralisações futuras está mais perto.

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“Estava tudo caminhando bem, mas os empresários mudaram completamente. Fizeram uma proposta extremamente indecente, frustrante para a categoria. Desrespeitosa, um desacato inclusive”, afirmou Aldo Lima, presidente do Sindicato dos Rodoviários de Pernambuco.

Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
Uma possível greve de ônibus não estará em votação ainda. Mas, segundo o Sindicato dos Rodoviários, depois do recuo das negociações, uma decisão sobre paralisações futuras está mais perto - Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem

“Em resumo, eles estão condicionando voltarmos a incluir a oficialização da dupla função dos motoristas na convenção coletiva para ajudá-los a pagar o passivo de tributos sociais (FGTS e INSS) que não pagaram desde 2020. E isso não vamos aceitar, de forma alguma”, afirmou Aldo Lima

Segundo explicou o sindicalista, 90% das empresas de ônibus que operam no Grande Recife estão pagando a gratificação da dupla função - no valor de R$ 135 por mês - em acordos individuais, sem convenção coletiva.

Dessa forma, esse passivo não pode ser incluído nos custos operacionais das empresas e considerado nos aumentos tarifários, por exemplo. “Nós até apresentamos uma proposta para aceitar a inclusão, mas o setor operacional não aceitou dar nada, absolutamente nada em troca. A categoria não aceita”, afirma Aldo Lima.

Até 2019, a dupla função dos motoristas constava no acordo coletivo, mas com a nova gestão sindical, foi retirada. A dupla função é a principal batalha entre rodoviários e empregadores.

Com a retirada dos cobradores dos coletivos - processo que começou ainda em 2015, foi suspenso e, em 2020, com a pandemia de covid-19, terminou totalmente liberado pelo governo de Pernambuco -, a categoria passou a receber dinheiro e passar troco, além de conduzir os coletivos.

Segundo Aldo, a categoria condicionou a inclusão da dupla função novamente à convenção coletiva ao reajuste pela inflação (11,98%), a um plano de saúde pago integralmente pelos empregadores e a um ticket alimentação no valor de R$ 400. Além disso, que a gratificação da dupla função passasse de R$ 135 para R$ 500.

Os empresários de ônibus não aceitaram e toda a negociação travou. A Urbana-PE não quis, novamente, se pronunciar sobre o assunto.

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