Greve de ônibus: clima esquenta entre motoristas e empresários no Grande Recife
Negociações que acontecem desde maio vinham caminhando bem, mas nesta quinta-feira (28) tudo retrocedeu
Tudo mudou, o clima de negociação se desfez, e as chances de acontecer uma greve de ônibus na Região Metropolitana do Recife aumentaram. Apesar da expectativa positiva dos motoristas diante das negociações com o setor empresarial, nesta quinta-feira (28/7) o clima esquentou entre rodoviários e operadores.
As duas categorias não chegaram a um entendimento sobre as reivindicações feitas pelos motoristas e, assim, a aparente harmonia se desfez. Nesta sexta-feira (29), os rodoviários realizam uma assembleia durante o dia, com votações às 10h e às 16h, para apresentar uma contraproposta aos empresários de ônibus.
Vai ter greve de ônibus? Confira como estão as negociações dos motoristas no Grande Recife
Uma possível greve de ônibus não estará em votação ainda. Mas, segundo o Sindicato dos Rodoviários, depois do recuo das negociações, uma decisão sobre paralisações futuras está mais perto.
“Estava tudo caminhando bem, mas os empresários mudaram completamente. Fizeram uma proposta extremamente indecente, frustrante para a categoria. Desrespeitosa, um desacato inclusive”, afirmou Aldo Lima, presidente do Sindicato dos Rodoviários de Pernambuco.
“Em resumo, eles estão condicionando voltarmos a incluir a oficialização da dupla função dos motoristas na convenção coletiva para ajudá-los a pagar o passivo de tributos sociais (FGTS e INSS) que não pagaram desde 2020. E isso não vamos aceitar, de forma alguma”, afirmou Aldo Lima
Segundo explicou o sindicalista, 90% das empresas de ônibus que operam no Grande Recife estão pagando a gratificação da dupla função - no valor de R$ 135 por mês - em acordos individuais, sem convenção coletiva.
Dessa forma, esse passivo não pode ser incluído nos custos operacionais das empresas e considerado nos aumentos tarifários, por exemplo. “Nós até apresentamos uma proposta para aceitar a inclusão, mas o setor operacional não aceitou dar nada, absolutamente nada em troca. A categoria não aceita”, afirma Aldo Lima.
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Até 2019, a dupla função dos motoristas constava no acordo coletivo, mas com a nova gestão sindical, foi retirada. A dupla função é a principal batalha entre rodoviários e empregadores.
Com a retirada dos cobradores dos coletivos - processo que começou ainda em 2015, foi suspenso e, em 2020, com a pandemia de covid-19, terminou totalmente liberado pelo governo de Pernambuco -, a categoria passou a receber dinheiro e passar troco, além de conduzir os coletivos.
Segundo Aldo, a categoria condicionou a inclusão da dupla função novamente à convenção coletiva ao reajuste pela inflação (11,98%), a um plano de saúde pago integralmente pelos empregadores e a um ticket alimentação no valor de R$ 400. Além disso, que a gratificação da dupla função passasse de R$ 135 para R$ 500.
Os empresários de ônibus não aceitaram e toda a negociação travou. A Urbana-PE não quis, novamente, se pronunciar sobre o assunto.