TRANSPORTE PÚBLICO

GREVE DE ÔNIBUS E METRÔ NO RECIFE: Motoristas e metroviários decidem paralisar atividades nesta quarta-feira

Motoristas de ônibus mantiveram a greve, programada para começar nesta quarta-feira (26), após não chegarem a acordo com os empresários. Metroviários anunciaram paralisação de 48 horas

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Lucas Moraes, Roberta Soares

Publicado em 25/07/2023 às 23:43 | Atualizado em 26/07/2023 às 0:49
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A população que depende do transporte público na Região Metropolitana do Recife (RMR) deve enfrentar transtornos nesta quarta-feira (26). Motoristas de ônibus e metroviários anunciaram paralisação das atividades.

Motoristas e empresários de ônibus não chegaram a um acordo salarial nesta terça-feira (25) e, assim, a greve programada para começar à meia-noite desta quarta está mantida. As categorias se reuniram pela segunda vez mediadas pela Justiça do Trabalho, mas não houve progresso sobre as negociações.

Em assembleia na noite desta terça, os metroviários decidiram por uma paralisação de 48 horas em conjunto com os rodoviários.

Com os dois movimentos acontecendo juntos, o impacto será grande para mais de 2 milhões de passageiros que dependem do transporte público da RMR diariamente.

Greve dos motoristas de ônibus no Grande Recife

FELIPE RIBEIRO/ACERVO JC IMAGEM

A Urbana-PE informou, após a reunião fracassada, que irá pedir o julgamento do dissídio de greve ao TRT-6 para tentar reduzir o impacto da greve dos motoristas de ônibus nesta quarta (26) - FELIPE RIBEIRO/ACERVO JC IMAGEM

Na segunda reunião realizada sob mediação do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT 6ª Região), a Urbana-PE apresentou uma contraproposta para os rodoviários de 3% de reajuste salarial, ticket de R$ 370 e gratificação pela dupla função no valor de R$ 150.

Os rodoviários não aceitaram e fizeram uma contraproposta para levar à categoria de 5% de reajuste, ticket de R$ 500 e gratificação de R$ 200. Mas os empresários não aceitaram.

A proposta inicial dos motoristas de ônibus era de aumento real de 10%, além da inflação, piso salarial para os setores administrativo e de manutenção, aumento do vale-refeição para R$ 600 e da cesta básica para R$ 400, entre outras reivindicações.

“A Urbana-PE demonstrou, mais uma vez, que não quer negociar. Que não valoriza nosso movimento e quer mesmo o dissídio. Nós colocamos uma segunda proposta na mesa, algo bem abaixo do que já tinha sido aprovado em assembleia da categoria, e mesmo assim não teve acordo. Assim, a greve está mantida”, disse Aldo Lima, presidente do Sindicato dos Rodoviários.

“Nós apresentamos uma proposta há 45 dias e não tivemos retorno. Agora, a Urbana vem com essa contraproposta que é um desacato a toda a categoria. É um desrespeito. São R$ 7 a mais no ticket e R$ 11 a mais na gratificação da dupla função. Apenas. Por isso, a greve está mantida. E vamos fazer um movimento forte para mostrar a esses empresários que nós temos valor”, reforçou.

Já os empresários de ônibus alegaram que não têm condições de dar um reajuste acima da inflação. “É inviável. Não tivemos realinhamento tarifário este ano e a demanda de passageiros ainda não se recuperou desde a pandemia de covid-19, o que dificulta a situação”, argumentou Fernando Bandeira de Mello, presidente da Urbana-PE.

A segunda reunião, mediada pela Justiça do Trabalho, aconteceu às 8h, mais uma vez na sede do TRT-6, no Cais do Apolo, Bairro do Recife, área central da capital pernambucana. Rodoviários e empresários de ônibus estiveram reunidos na segunda (24), também sob mediação do TRT-6.

Urbana-PE vai pedir julgamento do dissídio

A Urbana-PE informou, após a reunião fracassada, que irá pedir o julgamento do dissídio de greve ao TRT-6 para tentar reduzir o impacto da greve dos motoristas de ônibus nesta quarta (26). Também alerta que não vai permitir o bloqueio das garagens, impedindo a saída de profissionais que querem trabalhar.

Confira a nota na íntegra:

“A Urbana-PE informa que se reuniu novamente com o Sindicato dos Rodoviários, nesta terça-feira (25), com objetivo de avançar no entendimento sobre a negociação coletiva da categoria. O encontro foi intermediado pela corregedoria do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT-6) e pelo Ministério Público do Trabalho. Ao contrário do que tem sido divulgado pelas lideranças rodoviárias, a Urbana-PE sempre esteve aberta ao diálogo e apresentou propostas concretas, inclusive com ganho real para a categoria. Entretanto, os rodoviários seguiram inflexíveis e aparentemente desinteressados em uma verdadeira negociação, dentro da realidade econômica do país e do setor.

Maria Eduarda Vaz / TRT-6

Segunda reunião entre rodoviários e empresários de ônibus também termina sem acordo, mesmo com mediação da Justiça do Trabalho - Maria Eduarda Vaz / TRT-6

Diante do malogro das negociações e da pretensão de promover paralisações já anunciada pelo Sindicato dos Rodoviários, a Urbana-PE antecipa que solicitará ao TRT-6 o julgamento do dissídio de greve e reitera que se empenhará para minimizar os transtornos aos nossos clientes e a toda a Região Metropolitana do Recife.

A Urbana-PE ficará atenta às possíveis abusividades praticadas no movimento paredista previsto para esta semana. A articulação com o Sindicato dos Metroviários, com assembleia prevista para hoje, evidencia uma conduta inaceitável das lideranças que buscam apenas ampliar os prejuízos à população e economia local.

A Urbana-PE lembra ainda que várias decisões liminares do TRT-6 determinaram que o Sindicato dos Rodoviários se abstenha de impedir o livre acesso dos trabalhadores que desejem exercer suas atividades e a regular circulação da frota de veículos das empresas operadoras”.

Governo de Pernambuco exige 80% da frota de ônibus no horário de pico

O Governo de Pernambuco está exigindo que as empresas operadoras e o Sindicato dos Rodoviários de Pernambuco garantam a oferta de 80% da frota de ônibus nos horários de pico da manhã e da noite. No restante do dia, no chamado horário fora pico, a exigência é de 50% da frota de ônibus.

O Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano (CTM), gestor do transporte por ônibus da RMR, fez uso da Lei Federal 7.783, de 28 de junho de 1989, e do Artigo 6º, da Constituição Federal, que consideram o transporte coletivo serviço essencial para a população.

“O Grande Recife informa que oficializou as empresas operadoras e o Sindicato dos Rodoviários para que, diante da paralisação da categoria, na manhã desta quarta-feira (26), seja cumprida uma frota mínima de 80% dos ônibus nos horários de pico e 50% nos horários fora pico. A medida baseia-se na Lei Federal nº 7.783, de 28 de junho de 1989, e no Artigo 6º, da Constituição Federal, que consideram o transporte coletivo serviço essencial para a população”, diz a nota

Greve dos metroviários no Grande Recife

Os metroviários decidiram pela adesão à paralisação de 48 horas em conjunto com os rodoviários, como forma de protesto pela melhoria do transporte na Região Metropolitana do Recife e pela valorização profissional. Portanto, não haverá metrô nesta quarta (26) e na quinta-feira (27).

As reivindicações incluem o reajuste do piso salarial, cláusulas garantindo a estabilidade dos empregos e a realocação dos funcionários para outro órgão, caso o metrô do Recife seja privatizado. Todos esses pontos estão previstos no Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) 2023/2025.

A proposta é que a CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos) cumpra o compromisso da minuta do acordo assinado em ata no dia 19 de junho deste ano. Segundo o sindicato, caso queiram retomar as negociações, devem encaminhar um ofício solicitando a reabertura das negociações e a apresentação de uma nova proposta do ACT.

Outra solicitação é que o Governo Federal retire a CBTU do Programa Nacional de Desestatização (PND), cumprindo a promessa feita pelo presidente Lula durante a campanha eleitoral, de não desestatizar nenhuma empresa pública.

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