PRIVATIZAÇÃO DO METRÔ: Metrô do Recife precisa de quase R$ 2 bilhões apenas para recuperar o sucateamento. Expansão é outra coisa
Valores foram apresentados aos deputados e senadores que visitaram as instalações do sistema para ver o sucateamento de perto
O fundo do poço a que chegou o sucateamento do Metrô do Recife é tão grande que o sistema pernambucano precisaria de R$ 1,8 bilhão para se reerguer e voltar a operar bem. Essa quantia, vale ressaltar, seria apenas para ‘arrumar’ o sistema, que transporta atualmente metade dos passageiros que já transportou - 176 mil por dia contra quase 400 mil antes da gestão do ex-presidente Michel Temer - e sofre com um déficit operacional anual de R$ 300 milhões, recebendo apenas 30% da quantia que precisa para operar.
Os números foram apresentados à força-tarefa do Congresso Nacional que visitou as instalações do sistema pernambucano para conhecer a crise e o sucateamento de perto. A comitiva foi proposta pelo senador pernambucano e presidente da Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado Federal, Humberto Costa (PT), e realizada em parceria com a Comissão de Trabalho da Câmara dos Deputados, representada pelo deputado pernambucano Túlio Gadêlha (Rede).
O valor de quase R$ 2 bilhões seria para aquisição de 20 novos trens, recuperação das composições que ainda operam (atualmente são apenas 12 veículos), requalificação da rede férrea onde rodam os trens e da estrutura física do sistema (estações de passageiros e subestações de energia).
Somente a aquisição de novos trens custaria R$ 900 milhões. O restante do valor, que totalizam R$ 866 milhões, seria para as outras intervenções. O sistema está operando atualmente com apenas 12 trens e transportando apenas 176 mil passageiros por dia. Já foram 25 trens em operação e 400 mil pessoas transportadas diariamente. A falta de infraestrutura faz com que os intervalos do sistema cheguem a 15 minutos mesmo nos horários de pico.
CONFIRA OS VALORES POR EQUIPAMENTO:
Total necessário: R$ 1,8 bilhão
Aquisição de 20 novos trens: R$ 900 milhões
Recuperação da via permanente (rede férrea onde circulam os trens): R$ 245 milhões
Recuperação do material rodante (trens e veículos de manutenção): R$ 304 milhões
Recuperação e requalificação das edificações do sistema (estações): R$ 51 milhões
Recuperação e requalificação dos sistemas físicos (subestações de energia): 260 milhões
“De fato, a situação é muito grave. Esse processo autofágico que vive o metrô, com os carros que não têm mais condições de operar tendo suas peças retiradas para serem usadas nos que ainda rodam, é muito danoso. Reduz muito a quantidade de composições, o que gera insegurança sobre os horários dos trens e aumenta a quantidade de passageiros por carro, gerando muito desconforto”, alertou o deputado federal Túlio Gadêlha.
CONHEÇA o cemitério de trens do Metrô do Recife:
O grupo visitou as instalações da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) no Recife, especialmente o Centro de Manutenção de Cavaleiro (CMC), onde existe um verdadeiro ‘cemitério de trens’ velhos - composições fora de operação por falta de manutenção e que passaram a ter peças retiradas para uso nos trens que ainda operam.
Além de sucateado, o Metrô do Recife está parado fora dos horários de pico devido a uma greve dos metroviários desde o dia 11/8.