Opinião

Durante a sabatina de Aras, ficou claro que sua recondução à PGR teve combinação de interesses

Tendo sido incensado até pela oposição, Augusto Aras se cacifa para ser indicado ao Supremo Tribunal Federal

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Romoaldo de Souza

Publicado em 25/08/2021 às 6:43 | Atualizado em 25/08/2021 às 6:54
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Rejeitado pelo presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), para ocupar uma cadeira de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) – vaga desde a aposentadoria de Marco Aurélio Mello, em 13 de julho deste ano – o procurador-geral da República, Augusto Aras, deu demonstração de força no Senado Federal e um sinal ao Palácio do Planalto de que tem mais prestígio do que o jurista André Mendonça.

Ex-advogado-Geral da União e ex-ministro da Justiça, André Mendonça teve o nome indicado para o STF, mas anda vagando pelos corredores do Senado, pedindo apoio, como se estivesse sido abandonado por Bolsonaro que nunca mais tocou no assunto. Na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), o presidente, Davi Alcolumbre (DEM-AP), não demonstra boa vontade em marcar a sabatina, numa clara represália ao presidente da República pelos ataques que tem feito ao Poder Judiciário, especialmente a ministros do STF como Luis Roberto Barroso e Alexandre de Moraes, de quem quer o “impeachment”.

Voltando à sabatina de Augusto Aras, nesta terça-feira, ficou claro que sua recondução ao posto de chefe do Ministério Público Federal teve uma combinação de interesses políticos – alguns bem escusos, como a oposição que votou por ele ter destrambelhado a Operação Lava Jato – e senadores que se viram contemplados pelo discurso garantista do procurador.

“Agora não temos mais a Lava Jato. Agora há um sistema de compartilhamento de informações em todo o Brasil para todos os membros do Brasil, sob a supervisão da Corregedoria-Geral do Ministério Público. Permitindo o quê? Que todas as unidades do MP Federal brasileiro tenham acesso aos terabytes disponíveis para conhecimento de todos, sem se concentrar numa única região”.

Tendo sido incensado até pela oposição, Augusto Aras se cacifa para ser indicado ao Supremo Tribunal Federal. Com ele, o Planalto terá certeza de que não haverá uma rejeição, pelos mesmos motivos que Aras conquistou ontem, 70% dos votos dos senadores.

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