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'Amigos' negacionistas e antivacina são dispensáveis

Outro dia, por coincidência, encontrei numa cafeteria um velho amigo dos tempos de faculdade com quem não me encontrava havia anos...

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Romoaldo de Souza

Publicado em 12/01/2022 às 7:55
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O poeta mineiro Fernando Brant (1946 - 2015) escreveu a letra da música Canção da América em que diz que “Amigo é coisa para se guardar/No lado esquerdo do peito/Mesmo que o tempo e a distância digam não”.

Outro dia, por coincidência, encontrei numa cafeteria um velho amigo dos tempos de faculdade com quem não me encontrava havia anos. Maltratado pelo tempo (como quase todos nós), ele chegou-se e perguntou se poderia me dar um abraço, mas foi logo advertindo: “eu não tomei as vacinas e sou contra a vacinação em massa, quando a gente não sabe direito o que tem dentro daquele frasquinho”.

Em fração de segundos eu passei a rememorar por que mesmo eu tinha me tornado amigo daquele amigo. Se não estou enganado deve ter sido pela paixão que ambos tínhamos [ele ainda a tem] por bebidas destiladas, como as vodcas russas e polonesas.

Mas tudo bem, pensei comigo, eu já estou vacinado mesmo, tomei recentemente a dose de reforço, vou dar um abraço nesse velho amigo até porque dificilmente teremos outra oportunidade. Nos abraçamos, conversamos sem muita fluidez, sem confronto, até que ele retoma o motivo de não tomar a vacina.

Antes que ele começasse a desfiar o rosário de lamentações, eu disse que estava convencido de que a ciência e os cientistas estão do lado da razão e que não se vacinar é como alguém que assume um lado, o lado do vírus, e eu não estou com tempo para me associar à morte, ao menos por enquanto.

Paguei a xícara de café espresso, me levantei e sequer pedi para dar um abraço no “amigo”. Eu não precisava mais de nenhuma das chaves cantadas por Milton Nascimento para guardar aquele momento. Tem amigos que são dispensáveis.

Pense nisso!

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