Comemorar independência trazendo o coração de Dom Pedro I ao Brasil chega a ser grotesco
Enquanto o país enfrenta uma onda de famílias que não têm o que comer, um avião da Força Aérea vai até Portugal buscar urna com o coração dentro. E ainda terá a viagem de volta
Pode até ser que você, meu querido leitor, considere apropriado comemorar os 200 anos da independência do Brasil trazendo de Portugal o coração de Dom Pedro 1º (1798 - 1834), mas o espetáculo chega a ser grotesco. Mórbido.
Aliás, assim como o imperador que tinha 18 nomes - e muitas vezes nossos professores de História do Brasil nos obrigavam a decorar todos eles -, festejar a independência com um coração conservado no formol é por demais estranho.
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Em resposta ao questionamento sobre o tratamento dado pelo governo brasileiro ao coração do imperador, o Ministério das Relações Exteriores respondeu: “O coração será recebido como chefe de Estado e será tratado como se Dom Pedro I fosse vivo entre nós, não é? Portanto, ele será objeto de todas as medidas que se costumam atribuir a uma visita oficial, uma visita de Estado, de um soberano brasileiro, no caso, de um soberano brasileiro ao Brasil”.
Chega a ser risível que o país enfrente uma onda - sem precedentes - de famílias que não têm o que comer e um avião da Força Aérea seja deslocado até Portugal e venha para o Brasil carregando a urna com o coração dentro. E ainda terá a viagem de volta.
Esta nação está precisando rever seus valores.
Pense nisso!