Romoaldo de Souza

Além das "profecias" do escritor Paulo Coelho, tem muita gente em Brasília esperando o início do governo

Leia a coluna Política em Brasília

Romoaldo de Souza
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Romoaldo de Souza
Publicado em 27/03/2023 às 18:33
O escritor Paulo Coelho (Foto: Reprodução/Instagram)
O escritor Paulo Coelho (Foto: Reprodução/Instagram)

O presidente Lula (PT) e o compositor e escritor Paulo Coelho já não dividem mais o mesmo acarajé - um bolinho feito de massa de feijão-fradinho, temperado com sal e cebola e frito em azeite de dendê. O escritor baiano reclama que o governo Lula 3.0 caiu naquilo que ele chama de “trampa” do senador Sérgio Moro (União Brasil-PR) a quem ele intitula de “[juiz] desqualificado” e acusa o governo petista de ser incapaz de enfrentar os juros altos do Banco Central. “Décadas apoiando Lula, noto que seu novo mandato está patético (…) Não devia ter me empenhado na campanha. Perdi leitores (faz parte), mas não estou vendo meu voto ter valido a pena”. No ditado popular, a admiração por Lula que sentia Dom Paulete, como era tratado por seu parceiro de música, Raul Seixas (1945 - 1989), literalmente azedou. “Está em qualquer profecia. Que o mundo se acaba um dia. Um gosto azedo na boca”.

Além do autor de “Na Margem do Rio Piedra Eu Sentei e Chorei”, Editora Rocco, 1994, Lula também coleciona desafetos entre administradores municipais. Inicialmente, o Palácio do Planalto tinha informado que o presidente não participaria da 24ª marcha dos prefeitos a Brasília, alegando que estaria em viagem à China. Aconselhado a não viajar a Pequim, Lula deve alegar que ainda estará de “molho” entre os dias 27 a 30 de março, quando cerca de 5 mil prefeitos estão sendo aguardados.

“Até agora o governo não ouviu os municípios, chamou prefeitos [para dialogar], mas não os municípios”, reclama Paulo Ziulkoski, presidente da Confederação Nacional de Municípios (CNM). “Vou mostrar em números e leis a estruturação da federação, porque todo mundo que assume o governo fala no chamado pacto federativo, a maioria para colocar para baixo do tapete os problemas”, disse. Questionado sobre a promessa do Planalto de liberação de R$ 3 bilhões em emendas parlamentares, Ziulkoski quer saber do governo federal quais foram os critérios para que somente três mil municípios serem beneficiados, conforme anunciou o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha. “Vamos agradecer ao governo, mas não resolve nada. É para alguns municípios e não para todos”, disse o presidente da CNM.

Mas não é somente o “Mago” baiano e uma parte dos prefeitos que têm demonstrado uma certa frustração com os primeiros dias do governo. Ao assumirem o mandado legislativo, em 1º de fevereiro, os 219 deputados considerados “novatos - que não tinham mandato no ano passado - foram “brindados” com a informação do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), de que cada um deles teria o direito a uma bolada em torno de R$ 13 milhões a título de emenda parlamentar. Pelas regras do Parlamento, deputados que estão chegando à Casa não teriam direito a destinar recursos do orçamento deste ano para suas respectivas bases eleitorais. “Mas quando a Casa quer, a gente dá um jeito”, justificou Lira.

A bronca, é que já se passaram 28 dias de fevereiro, outros tantos de março e nada do dinheiro ser liberado. “É como se governo, o [ministro Alexandre] Padilha, estivessem esperando alguma votação para que houvesse essa liberação”, reclama um dos 12 “novatos” de Pernambuco. E é bem isso. Até aqui, o governo ainda não passou aperto no Congresso Nacional. Todas as medidas foram votadas dentro da margem de erro. Sem susto. Sem susto, sem emendas. Tem sido assim na história recente da República. “Quando o sapato apertar” é que eles vão ver a cor do dinheiro de suas “emendas”, profetiza o relator do orçamento de 2023, senador Marcelo Castro (MDB-PI).

De Paulo Coelho aos “novatos” parlamentares, passando pelos 5.565 municípios e o milhões de brasileiros, todos têm um quê de expectativa para o início do governo. Um projeto econômico “redondamente” definitivo, um plano de crescimento com geração de emprego e renda, e políticas sociais que ultrapassem a linha que divide a necessidade de quem recebe e o assistencialismo de quem entrega.

 

 

 

 

 

 

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