Romoaldo de Souza

Romeu Zema quer fazer de Michelle Bolsonaro uma pedra preciosa para formar chapa em 2026. Bolsonaro diz não

Leia a coluna Política em Brasília

JC
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Publicado em 31/03/2023 às 19:16
ANTONIO CRUZ/AGÊNCIA BRASIL
Entre os governadores, Romeu Zema sempre foi um dos maiores apoiadores de Bolsonaro - FOTO: ANTONIO CRUZ/AGÊNCIA BRASIL

No interior de Minas Gerais tem um costume que vem da época dos caçadores de esmeralda. O bandeirante (Fernão Dias Pais Leme (1608 - 1681) costumava dizer que “o que nasce para ser pedra preciosa vai ser preciosa até após a lapidação”. O governador do Estado, Romeu Zema (Novo), não se cansa de adaptar o ditado do bandeirante para a política. Sempre que encontra um político em ascensão, sobretudo se for um aliado, Zema se antecipa dizendo que “é joia quase rara que, com uma polida aqui, uma lustrada acolá, logo, logo vai virar joia de valor”, filosofa o governador mineira.


Se bem, que nos tempos atuais, é melhor nem tocar no assunto das pedras dos bandeirantes nem em joias em processo de lapidação. É prudente esperar a audiência de 5 de abril, quando o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) presta depoimento sobre joias que recebeu de presente dos xeiques árabes. Estão dizendo que antes de sair para o depoimento, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro vai tocar na vitrola de casa, uma das poucas músicas de Djavan de que gosta: “Nem um dia”. “Mesmo por toda a riqueza. Dos sheiks árabes. Não te esquecerei um dia. Nem um dia.” Bolsonaro sorrirá.


Voltando a Zema que tem encontro “de cavaleiros”, após a semana santa com o ex-presidente, o governador de Minas Gerais não gostou das primeiras palavras de Bolsonaro, em entrevista na sede do PL, logo após o retorno ao Brasil. “Ela [Michelle] não vai concorrer ao Executivo. Não tem vivência.” "Ela me falou que não quer saber de cargo no Executivo, até porque não tem vivência. Até para ser prefeito, não é fácil. Ela não tem essa vivência política, todo mundo pode disputar cargo eletivo, mas tem que ter algo a mais. Mas eu não vou proibir”, assegurou Bolsonaro o que representa um alívio para Zema que quer a ex-primeira-dama com ele numa chapa em 2006. “Por que não pensar?” questiona o governador.


Na direção do PL ninguém arrisca uma aposta de uma bijuteria de ter Bolsonaro livre, eleitoralmente, para as próximas eleições. As municipais ou as federais. Mas como cabo eleitoral o ex-presidente é até mais vantajoso para o partido que tem como meta passar das atuais 343 prefeituras, para 1.000 na próxima disputa. “No mínimo”, como defende o presidente do partido, Valdemar Costa Neto. “Ainda é cedo para ficar apostando nesse ou naquele cenário. Se o Bolsonaro vai estar ou não inelegível. O que nós queremos, a curto prazo, é triplicar a quantidade de prefeituras. Ele é o nosso puxador de votos”, resume.


Nos primeiros churrascos que os Bolsonaros fizerem na nova mansão onde moram, no condomínio Solar de Brasília, a família pretende conversar também com o governador de São Paulo, Tarcisio Freitas (Republicanos). Mas na legenda do governador paulista, há que entenda que ele “precisa se consolidar no primeiro mandato em São Paulo, disputar a reeleição em 2026 e quatro anos depois voltar com toda a carga, toda a expertise. É um homem extremamente preparado”, diz o deputado federal, Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) outro político em ascensão na atual legislatura.


O PL está sendo escrito a várias mãos o discurso que Bolsonaro fará em 11 de abril, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pretende festar os cem primeiros dias de governo. “Vamos preparar uma grade festa para mostrar ao país o equívoco que o Brasil cometeu em não reeleger Bolsonaro”, insinua Valdemar Costa Neto. Por outro lado, no Planalto, uma equipe de especialistas em contas públicas, em projetos e programas, prepara uma festa que, provisoriamente, tem o título de “retorno da democracia” para apresentar os feitos do governo do PT. 2026 é logo ali e muita pedra precisa ser lapidada e algumas joias devolvidas.

 

 

 

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