Romoaldo de Souza

No algoritmo de Lula é melhor chamar de o "coiso" e a "coisa" do que dizer os nomes dos adversários da política

Leia a coluna Política em Brasília

Romoaldo de Souza
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Romoaldo de Souza
Publicado em 06/04/2023 às 20:34
Ricardo Stuckert
O presidente Lula com jornalistas no Palácio do Planalto. - FOTO: Ricardo Stuckert

O ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República, Paulo Pimenta, virou uma espécie de guru do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando o assunto é comunicação de massa “e essas coisas todas das redes sociais”, explica. “O [Paulo] Pimenta tem me orientado todo dia pra não falar desses nomes, porque ele me proibiu. Por isso que eu não citei os nomes.Eu não tenho que falar nem da coisa nem do coiso”, disse em meio às gargalhadas de auxiliares, durante café da manhã que o Planalto ofereceu, nesta quinta-feira, a colunistas dos principais veículos de comunicação. O Sistema Jornal do Commercio de Comunicação esteve representado por este repórter.

Como bem define o mestre, Silvio Meira, algoritmo “é uma receita extremamente precisa (não se pode falar de "pitada" de sal, mas só de 1,31 grama) executada por uma máquina extremamente precisa (que só fará o que for precisamente instruída a fazer)”. Lula não conseguiu ser preciso, logo citou o nome do ex-presidente, dizendo que em breve terá de se explicar à justiça internacional. “Eu tenho consciência de que o [Jair] Bolsonaro (PL) vai ter muito processo contra ele, inclusive o que o responsabiliza, internacionalmente, pelas mais de 700 mil vítimas da Covid-19. Que ele venha para a disputa quando estiver livre dos processos”, disse.

Com um certo tom de ironia, Lula minimizou o alarido espalhado pelos bolsonaristas, quando se anunciou que o ex-presidente estaria retornando ao Brasil, após passar 89 dias nos Estados Unidos. “Nem teve motociata nas ruas de Brasília. Ele imaginava que teria uma grande recepção, que ia ter milhões de motocicletas, como não tinha ninguém para pagar a gasolina, não tinha ninguém. Nem teve motorista nem motociata”, lembrou.

Mas quando o presidente fala de juros, do Banco Central, da inflação, aí Lula fica corado. Ele pigarreia. Bebe água, toma um gole de suco de laranja. Mexe o açúcar do café, mas não bebe. “Se a meta [da inflação] está errada, muda-se a meta. O que não é compreensível, é imaginar que um empresário vai tomar dinheiro emprestado a essa taxa de juros”, disse.

Esse comportamento do presidente me faz lembrar um ditado popular atribuído aos plebeus britânicos do século 19. Don't throw the baby out with the bath water. Abrasileirando, diria que Lula é do tipo que dá banho na criança e joga fora o bebê junto com a água do banho. Não basta troca a meta de inflação. A meta de Lula é trocar o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que tem mandato até 31 de dezembro de 2024.

Cardápio — O café da manhã do presidente Lula com os jornalistas teve mesa farta. Suco de laranja, água e café. Geleia de morango, manteiga sem sal e um queijo processado. Um bolo de cenoura com o chocolate escorregando pelas laterais, um biscoito, um pão com gergelim e um pão de forma. Confesso que às vezes é impossível não se atrapalhar com os dois pares de talheres, o microfone, o gravador e a expectativa de ser “sorteado” para fazer alguma pergunta ao presidente.

 

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