Romoaldo de Souza

Diplomacia brasileira troca os pés pelas mãos na tentativa de amenizar a invasão russa à Ucrânia

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Romoaldo de Souza
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Romoaldo de Souza
Publicado em 07/04/2023 às 20:11
UKRAINIAN PRESIDENTIAL PRESS SERVICE / AFP
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, em uma cidade no leste da Ucrânia, perto de Bakhmut, onde as forças de Kiev travam uma difícil batalha contra as tropas de Moscou - FOTO: UKRAINIAN PRESIDENTIAL PRESS SERVICE / AFP

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, poderia muito bem dizer ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que política internacional não se faz com empirismo nem com improvisos. Acordos internacionais são firmados quando as partes envolvidas estão interessadas em acordo com termos a serem assinados e que palpites são bem-vindos em uma quermesse em ou jogos de loteria, não na diplomacia internacional. Para se resolver impasses de uma guerra é necessário ir além da diplomacia de mesa de bar.

Uma semana após enviar seu assessor-chefe da Assessoria Especial da Presidência da República, Celso Amorim, na tentativa de “encontrar uma saída para a guerra da Rússia com a Ucrânia”, Lula disse que “não há nenhuma justificativa para essa guerra continuar. Quando uma guerra começa, a gente faz análise como se fosse uma coisa muito complicada, difícil e diferente do nosso dia a dia. Acho que essa guerra já passou da conta. O Brasil defende a integridade territorial de cada nação, portanto não concordamos com a invasão da Rússia à Ucrânia.” O presidente brasileiro, que tem evitado ser incisivo em tratar a guerra como se uma invasão territorial fosse, chegou a questionar “O que [Vladimir] Putin quer? Ele não pode ficar com o território da Ucrânia. Talvez nem se discuta a Crimeia, mas, o que ele invadiu de novidade, vai ter que repensar”.

Diferente do que quer o Kremlin, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse por meio de seu porta-voz que a Crimeia não está em negociação, ao menos não esse simplório entendimento do presidente Lula. "Não há razão legal, política ou moral que justifique o abandono de sequer um centímetro do território ucraniano", disse Oleg "os esforços do presidente brasileiro para encontrar uma forma de deter a agressão russa.” O porta-voz do governo da Ucrânia concluiu: “Qualquer esforço de mediação para restaurar a paz na Ucrânia deve ser baseado no respeito pela soberania e plena integridade territorial da Ucrânia, de acordo com os princípios da Carta das Nações Unidas.”

No meio diplomático era dado como certo que mais cedo ou mais tarde haveria um desentendimento entre Celso Amorim - ex-chanceler brasileiro - e o atual gestor de diplomacia, Mauro Vieira. “Imagine uma área complexa, cheia de nuances, diferentes leituras e tão necessária de tato, você ter um chancelar de fato e outro de direito”, reclama uma fonte diplomática que pediu para não ser identificada. “E pode piorar”, prever o diplomata. No Brasil, a idade de Celso Amorim a Moscou pode ter outro objetivo ainda mais nebuloso. O governo Lula quer retirar o apoio que teu ao “Estatuto de Roma” que inspirou o início do Tribunal Penal Internacional. O tratado, com apoio do governo brasileiro, foi assinado em 17 de julho de 1998, e dá ao tribunal “competência para julgar indivíduos por crimes de genocídio, crimes de guerra e crimes contra a humanidade”. Caso fique concretizada essa hipótese, o Brasil terá escolhido o lado de quem acoberta crimes contra a humanidade.

 

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