Romoaldo de Souza

Despolitizar GSI é a principal missão do ministro interino. Vídeos da invasão ao Planalto já estão com o STF

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Romoaldo de Souza
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Publicado em 21/04/2023 às 20:28 | Atualizado em 21/04/2023 às 22:05
 Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Janelas danificadas no Palácio do Planalto - FOTO: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Antes da hora do almoço, o ministro interino do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Ricardo Cappelli, recebe uma ligação é não era para falar do tempo bom, em Lisboa, Portugal. 17ºC. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) queria informação do processo de “despolitização” do GSI. “A inquietação do presidente foi para que nós acelerássemos a renovação que, aliás, já está sendo colocada em prática todos os preparativos, para que na semana que vem, tenhamos um corpo mais técnico, mais profissional”, afirmou. O órgão, de tem por missão cuidar da segurança do presidente e do vice, além dos palácios do Planalto, do Alvorada e do Jaburu [residência da vice-presidência], conta com certa de 800 militares

Na tarde desta quinta-feira, tão logo saiu a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, quebrando o sigilo das informações e dando 48 horas para que o GCI encaminhe cópia da sindicância aberta para apurar responsabilidades de possível negligência durante o quebra-quebra, no Planalto, Ricardo Cappelli mandou catalogar todos os vídeos em poder do GSI - da parte de dentro e das imediações do Palácio do Planalto - no domingo 8 de janeiro. O GSI havia negado acesso às imagens, com base na Lei de Acesso à Informação, mas o ministro do STF disse que “a justificativa não se aplica às imagens da invasão”, naquele domingo.

“A presente hipótese não caracteriza qualquer excepcionalidade às necessárias publicidade e transparência, não sendo possível, com base na Lei de Acesso à Informação, a manutenção da vedação de divulgação de todas - ABSOLUTAMENTE TODAS - as imagens verificadas na ocasião do nefasto e criminoso atentado à Democracia e ao Estado de Direito, ocorrido em 08/01/2023”, escreveu Alexandre de Moraes.

No feriado de Tiradentes e do aniversário de Brasília, o general Gonçalves Dias, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, prestou depoimento na Polícia Federal e voltou afirmar aquilo que já tinha dito quando do pedido de demissão, de que no momento em que aparece nas filmagens no quarto andar do Palácio do Planalto, bem nas proximidades do gabinete do presidente da República, “o objetivo era levar essas pessoas ao segundo andar, para que fossem presas”.

O bloco de oposição que articula da criação da CPMI do 8 de Janeiro divulgou relação de prováveis convocados para prestar depoimento. Um deles é o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional general Gonçalves Dias. Para o vice-líder do PT, o deputado Carlos Veras (PE), não há problemas “que a oposição chame quem ela quiser.” Veras reconhece que a CPMI “nunca foi a prioridade do governo”. Segundo ele, “não há novidade que no princípio éramos contra por causa das votações que precisam ocorrer, como das medidas provisórias de reforma do governo e do Minha Casa, Minha Vida, a Emenda Constitucional da reforma tributária e o projeto do arcabouço fiscal. Mas diante das circunstâncias, estamos dispostos a investigar tudo”, diz o parlamentar.

Um dos primeiros requerimentos que partidos de oposição deverão apresentar é de convocação do general Gonçalves Dias. “Que seja, mas nós também temos nossas prioridades, como quem financiou os atos golpistas, também deverão ser chamados, e até mesmo parlamentares envolvidos nos atos fascistas de 8 de janeiro”, diz Carlos Veras.

Contado para integrar a CPMI do 8 de Janeiro, o senador Humberto Costa (PT-PE) disse ao Jornal do Commercio que tem certeza de que o general Gonçalves Dias “não participou nem apoiou qualquer tipo de sublevação contra o governo”, embora considere que o então chefe do GSI tenha cometido “graves erros” na abordagem aos manifestantes.

“Alguns desses erros ele os cometeu até por não ter sido chamado a participar de todo o esquema montado pela Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, mas é inegável que é de se questionar sua atitude naquele 8 de janeiro. Para nós está clara sua impossibilidade de fazer frente aos terroristas que entraram no Planalto”, diz o petista. Segundo o parlamentar pernambucano, o general não deveria “ter decretado o sigilo sobre aquelas imagens, e muito menos dizer que uma das principais câmeras não estava funcionando”, afirmou. Humberto Costa não considera que G. Dias, como é chamado, tenha traído o presidente Lula, “mas falhou redondamente na condução daquele processo”, concluiu.

 


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