Romoaldo de Souza

Salário mínimo será de R$ 1.320, a partir do 1º de maio, mas as prefeituras então chiando com o impacto nos cofres municipais

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Romoaldo de Souza
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Romoaldo de Souza
Publicado em 27/04/2023 às 22:43 | Atualizado em 27/04/2023 às 22:44
DIOGO ZACARIAS MINISTÉRIO DA FAZENDA
Simone Tebet e Fernando Haddad - FOTO: DIOGO ZACARIAS MINISTÉRIO DA FAZENDA

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, caiu na real e se deu conta de que as decisões do Banco Central interferem na política e, principalmente, nas questões sociais. Ex-candidata à Presidência da República pelo MDB, Simone Tebet foi até mais radical que o próprio ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Radical e pragmática. Ela criticou as taxas de juros praticadas pelo Banco Central até porque descobriu que se a política social do governo Lula (PT) continuar patinando em ações requentadas e medidas de pouco alcance, suas chances nas eleições de 2026 terão pouca elasticidade em comparação  aos 4,9 milhões de votos que recebeu no ano passado.

“Não há contradição em dizer: o Banco Central é autônomo, e é bom que o seja. E portanto, o governo não interfere nas decisões técnicas do Banco Central. Mas o Banco Central não pode considerar que suas decisões são apenas técnicas. Também interferem na política, especialmente os seus comunicados e suas atas. Nós, no governo federal sabemos onde queremos chegar e o que precisa ser feito. Precisamos ter crescimento com produtividade, e é por isso que o nosso ministério, capitaneado pelo ministro [Fernando] Haddad, ajudou na elaboração do arcabouço fiscal", disse. Um auxiliar do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, cochichou no ouvido de uma colega que estava ao lado, acompanhando tudo, embasbacada: “Simone caiu na real. Uma coisa é falar como candidata. Outra é ser parte da engrenagem”.

A POLÍTICA DO SALÁRIO MÍNIMO E A CHIADEIRA DOS MUNICÍPIOS
O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, foi o porta-voz de um governo que mal se comunica com a sociedade para afirmar nesta quinta-feira que o presidente Lula elevará o salário mínimo para R$ 1.320 no 1º de Maio. “Fizemos um fotografia da realidade juntamente com as centrais sindicais, e temos essa boa novidade. O salário mínimo de R$ 1.320 e a política de valorização desse salário que nós vamos mandar ao Congresso Nacional, por meio de uma medida provisória [que entra em vigor imediatamente] e um projeto de lei, tratando dessa recuperação do mínimo”, afirmou. O projeto de lei citado pelo ministro Luiz Marinho ainda não está pronto. “Passa por pequenos ajustes com as centrais sindicais” e vai propor uma correção anual, com base na inflação acrescida da variação do Produto Interno Bruto (PIB) consolidado - ou seja, de dois anos anteriores ao período de quando for aplicado o reajuste.

Toda política social tem seu elevado custo. Segundo dados da Confederação Nacional de Municípios (CNM), esse reajuste do salário mínimo programado para valer a partir de 1º de maio vai custar R$ 4,8 bilhões às prefeituras.

“É preciso considerar que o maior impacto desse valor vai ocorrer nos municípios de menor porte. É nas cidades com menor número populacional onde se concentra boa parte dos funcionários com remunerações próximas ao valor do salário mínimo. Como consequência, teremos aumento do gasto de pessoal em função desse reajuste anunciado pelo ministro Marinho”, avalia Paulo Ziulkoski, presidente da CNM.

Na reunião desta quinta-feira, estavam além do presidente Lula, os ministros Luiz Marinho (Trabalho e Emprego), Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil) e Esther Dweck (Gestão e Inovação). E, as centrais: CUT (Central Única dos Trabalhadores); Força Sindical; UGT (União Geral dos Trabalhadores); CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros); CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil); NCST (Nova Central Sindical de Trabalhadores)

 

 

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