Romoaldo de Souza

Um governo analógico que sonha com os "trending topics". Levando em conta a bancada no Congresso Nacional, ainda está longe de bater a meta

Leia a coluna Política em Brasília

Romoaldo de Souza
Cadastrado por
Romoaldo de Souza
Publicado em 05/05/2023 às 18:09
PORNSAWAN/FREEPICK
LITERATURA Capas coloridas, livros grossos, coleções de clássicos são alguns dos itens mais procurados por quem deseja criar uma estante de livros para ficar bonito nas filmagens - FOTO: PORNSAWAN/FREEPICK

Na viagem que vez nesta quinta-feira com destino a Londres, no Reino Unido, para acompanhar a cerimônia de coração do rei Charles 3º, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) levou alguns quebra-cabeças entre eles uma pesquisa da Genial/Quaest que aponta que sua base no Congresso Nacional ainda vive no mundo analógico. “Reconheço que com tanta coisa pra fazer, tanta dor de cabeça, não sobra tempo nem pra dar uma entrada no Facebook”, reclama o deputado José Guimarães (PT-CE). “Mas eu chego lá”, promete o líder governista na Câmara.

Entre os dez mais influentes da Câmara, a oposição tem oito deputados, um é independente e outro é o único governista que aparece na lista. No Senado Federal o quadro é ainda mais inquietante. São nove oposicionistas e um independente (confira a lista abaixo).

O cientista político da Genial/Quaest, Jonatas Varela, disse no Passando a Limpo, programa da Rádio Jornal, que vai ao ar de segunda a sexta-feira, das 9h00 às 10h30, que a pesquisa que apurou o Índice de Popularidade Digital (IPD) de congressistas brasileiros “nos deu possibilidade de conseguir medir quem é que tem mais força, quem consegue engajar mais nas redes sociais”, avalia. “É importante dividir o Congresso como se fosse uma arena de discussão. De uma lado está a arena política onde os parlamentares precisam apresentar propostas, debater temas da sociedade. Do outro lado, está a arena digital. O que a gente tem visto, nos últimos anos, é que os políticos cada vez mais utilizam as redes sociais para se conectar com a população. E essa é uma forma eficiência que a população encontra para cobrar, para pressionar os seus políticos”, avalia.

O IPD “pondera a relevância de cada dimensão” e vai agregando o conteúdo digital analisado, tendo como focos o Facebook, o Instagram, o Twitter, o Google, a Wikipedia e o Youtube. “Vou dar um exemplo que foi o debate do projeto de lei das fake news. Enquanto a discussão se manteve na arena política o governo teve êxito. Tanto é que conseguiu aprovar a urgência para votação do PL. Mas a partir do momento em que a oposição se utilizou de sua arena mais forte, que é o ambiente digital, ali o governo perdeu a narrativa”, atesta Jonatas Varela.

E foi a narrativa da censura, misturada por uma trapalhada jurídica do ministro da Justiça, Flávio Dino, que forçou o governo a retirar o projeto de lei da pauta para não ser derrotado. Na tarde da votação do projeto no Plenário da Câmara, Flávio Dino anunciou que a plataforma Google teria cometido “publicidade abusiva e enganosa” quando colocou em seu site de pesquisa, um link com comentário contrário ao projeto de lei. O PL 2.630 pode “piorar a sua internet ou aumentar a confusão sobre o que é verdade ou mentira”, dizia a chamada para o blog da plataforma. “Isto é o quê? Um editorial? Eles dizem que não são empresa de comunicação, que são uma plataforma de tecnologia. Quem faz editorial é empresa de comunicação, se é plataforma de tecnologia aquilo ali é publicidade. Se é publicidade, tem que estar sinalizado enquanto tal”, questionou o ministro da Justiça, para anunciar multa de R$ 1 milhão por hora caso o link não fosse “imediatamente” removido.

“Viram? O governo não quer debater o projeto coisa nenhuma. Eu queria ver se o Google tivesse apoiado o projeto das fake news se o ministro [Flávio] Dino iria, mesmo assim, multar a plataforma”, questionou na tribuna, Maurício Marcon (Podemos-RS) o quarto deputado mais influente, de acordo com a pesquisa Genial/Quaest.

"Não tivemos tempo útil para examinar todas as sugestões, por isso gostaria de fazer um apelo para, consultados os líderes, pudéssemos retirar da pauta de hoje a proposta e pudéssemos consolidar a incorporação de todas as sugestões que foram feitas para ter uma posição que unifique o Plenário da Câmara dos Deputados num movimento de combater a desinformação e garantir a liberdade de expressão", disse Orlando Silva (PCdoB-SP) relator do PL, usando a tribuna para pedir a retirada de pauta, sem data para nova análise. “Uma guerra que o governo perdeu”, conforme disse Jonatas Varela.

Para o governo Lula e suas lideranças no Congresso Nacional o toma lá, dá, cá ainda é a “rede social” mais influente. O governo perde uma batalha, sabendo que vai precisar de muita munição para enfrentar a guerra. E quem tem dinheiro em caixa para distribuir emendas parlamentares, cargos nos escalões do governo e seus órgãos públicos, pouco ou nada se preocupa em ser um governo “high-tech”, antenado. Até que sofra nova derrota e aí o presidente chama todo mundo da comunicação e manda “disparar mensagens”, feito os torpedos de antigamente. Vai continuar análgico e tem tudo para sofrer derrotas como da última terça-feira (3).

Confirma os 20 parlamentares mais influentes do Congresso Nacional.

Deputados
1.Nikolas Ferreira (PL-MG) — Oposição
2.Fábio Teruel (MDB-SP) — Independente
3.Eduardo Bolsonaro (PL-SP) — Oposição
4.Maurício Marcon (Podemos-RS) — Oposição
5.Marcel Van Hattem (Novo-RS) — Oposição
6.Tiririca (PL-SP) — Oposição
7.André Janones (AVANTE-MG) — Governo
8.André Fernandes (PL-CE) — Oposição
9.Bia Kicis (PL-DF) — Oposição
10.Deltan Dallagnol (Podemos-PR) — Oposição

Senadores com maior influência nas redes sociais
1.Cleitinho (Republicanos-MG) — Oposição
2.Flávio Bolsonaro (PL-RJ) — Oposição
3.Sergio Moro (União Brasil-PR) — Oposição
4.Magno Malta (PL-ES) — Oposição
5.Damares Alves (Republicanos-DF) — Oposição
6.Romário (PL-RJ) — Oposição
7.Marcos do Val (Podemos-ES) — Oposição
8.Hamilton Mourão (Republicanos-RS) — Oposição
9.Cid Gomes (PDT-CE) — Independente
10.Marcos Pontes (PL-SP) — Oposição

Edição do Jornal

img-1 img-2

Confira a Edição completa do Jornal de hoje em apenas um clique

Últimas notícias