O poeta pernambucano, Arnaud Rodrigues (1942-2010), fez muito sucesso quando formou com Chico Anysio (1931-2012) o grupo Baiano e os Novos Caetanos, mas em sua carreira solo Arnaud, que tinha saído logo cedo de Serra Talhada (PE) “em direção ao sul”, era frequentador das paradas das rádio AM com uma música de versos que repetidos, hoje, cabem direitinho no drama que povoa a mente da ministro Marina Silva, do Meio Ambiente e Mudança do Clima: “em cima daquele morro / Passa boi, passa boiada / Passa boiada / Tem movimento paca... Paca, tatu, cotia, não, ah, porque nêgo mata.” A situação da ministra tem cara de “filme repetido”. Quem nunca viu essa cena antes?
A comissão mista do Congresso Nacional que trata da reestruturação dos ministérios, implantados no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tirou prestígio de Maria Silva e pulverizou a Esplanada dos Ministérios de ações ligadas à área ambiental. A Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) retorna para o Ministério do Desenvolvimento Regional e o Cadastro Ambiental Rural (CAR) não mais será tocado pelo Ministério do Meio Ambienta. Agora vai ficar sob a responsabilidade do desconhecido Ministério da Gestão.
“Vão-se os anéis e ficam os dedos”, disse o chefe da Casa Civil, da Presidência da República, Rui Costa, a uma atônica Marina Silva. O Planalto chegou à conclusão que se não cedesse correria iminente risco de ver parte da estrutura implantada na Esplanada dos Ministérios ruir. A medida provisória perde a validade em 1º de junho. “É logo ali”, adverte Costa. “Melhor assim que ter de voltar a ter a cara de Bolsonaro”, lembrou.
Corre à boca miúda, e põe miúda nisso, pelas largas avenidas da capital federal, que o episódio da negativa do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais) para que a Petrobras fizesse pesquisa de petróleo na costa do Amapá teria sido a gota d’água.
Ao espernear, com a perda de poderes, Maria Silva alerta ao presidente Lula que no mundo ambiental fora do país ela desempenha a missão de avalista do governo para ter acesso a recursos do bilionário fundo amazônico, embora deixe claro que não vai continuar no Meio Ambiente, mesmo depois de ter sido esquartejado no relatório do deputado Isnaldo Bulhões (MDB-AL)