Romoaldo de Souza

Deputada quer mandar para a cadeia quem discriminar uma pessoa por sua condição política

Leia a coluna Política em Brasília

Romoaldo de Souza
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Romoaldo de Souza
Publicado em 08/06/2023 às 19:43
Câmara dos Deputados
Dani Cunha, ao lado do pai, quer punir quem descriminalizar políticos - FOTO: Câmara dos Deputados

Não se assuste se o caro leitor do JC um dia desses qualquer, resolva fazer críticas a políticos e no dia seguinte um deles abrir um processo com base na discriminação por “condição política” fundamentado na mesma legislação que aborda os crimes de preconceito por cor, raça, etnia, religião, entre outros. A autora do texto é a deputada Dani Cunha (União Brasil-RJ). A filha do deputado cassado Eduardo Cunha (PTB-RJ) diz que a iniciativa visa a contemplar “todas aquelas sujeitas à classificação de pessoas politicamente expostas, compostas de agentes públicos que desempenhem ou tenham desempenhado, nos últimos cinco anos, no Brasil ou em países, territórios ou dependências estrangeiras, cargos, empregos ou funções públicas relevantes, assim como seus representantes, familiares e outras pessoas de seu relacionamento”.

O JC perguntou à deputada qual a motivação para levá-la a propor a iniciativa? Se havia alguma memória afetiva daquela noite de 13 de setembro de 2016, quando o plenário da Câmara cassou, por 450 votos a dez, o mandado o seu pai, acusado de ter mentido quando prestou depoimento à CPI da Petrobras. Na ocasião, Eduardo Cunha negou “peremptoriamente” que fosse titular de contas bancárias no exterior. “Qual o parlamentar, seja ele um vereador, deputado estadual, federal ou senador, qual deles que já não sofreu diretamente, ou através da sua família, do abuso de instituições financeiras de encerrarem contas bancárias, impedirem a abertura de novas contas, negar, ou simplesmente ignorar pedidos de familiares e empresas, as quais fazem parte, inclusive minoritários, em verdadeiro ato de discriminação, denominado controle de pessoas politicamente expostas”, argumenta.

A deputada justifica que “Não somos contra o controle (…) mas existe exagero, em que muitas vezes, pessoas da família, afastadas até do convívio familiar, sofrem as consequências da opção da carreira política, feita por nós, prejudicando as suas vidas e negócios”, justifica Dani Cunha. Se o projeto vier a ser aprovado, quem “injuriar alguém, que ofender-lhe a dignidade ou o decoro” pelo motivo de ser ela, uma “pessoa politicamente exposta sofreram as sanções da lei”. Pelo visto, é melhor pensar duas vezes antes de criticar um político enrolado com a Justiça porque a pena pode chegar a quatro anos de prisão, mais multa.

NO CAFEZINHO DA CÂMARA
Qualquer ex-deputado, mesmo os que foram cassados e perderam o mandato, não devolve o broche de parlamentar e tem acesso livre às dependências do Congresso Nacional. Na última terça-feira (6), casa vazia, alguns turistas no salão principal, meia dúvida de deputados no plenário, quando sai do elevador privativo do ex-deputado Rogério Rosso (PP-DF). “Mas o que está acontecendo aqui? Não tem ninguém? Cadê todo mundo”? Janilson, um atendendo do balcão entrega um café a Rosso e responde na bucha:

- Eles estão onde eu gostaria de ir, deputado. Tá todo mundo no forró, eu aqui trabalhando e pensando no rela bucho de Catolé do Rocha (PB).” Ganhou um convite para o Arraia do Lago Sul, organizado Karina Rosso, mulher do ex-deputado. “Sai no lucro”, sorriu o paraibano.

 

 

 

 

 

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