Um belo dia, a vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, faz um discurso e recomenda que seus compatriotas construam “uma união nacional” para que o país possa deixar de lado o acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e ainda puxou o coro “Fuera de acá, FMI!”.
Menos de um mês depois, o presidente argentino, Alberto Fernandez, desembarca em Brasília, e entrega ao presidente Lula da Silva (PT) um projeto de construção do gasoduto Presidente Néstor Kirchner, a ser financiado com dinheiro do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social).
“Adotar um plano de ação com uma centena frentes para o desenvolvimento e a integração dos dois países é, certamente, “um ambicioso plano de ação para o relançamento da aliança estratégica, afinal, são quase cem ações que dão concretude ao nosso projeto conjunto de desenvolvimento”, afirmou o presidente brasileiro.
Pré-candidato à Presidência da Argentina, o embaixador no Brasil, Daniel Scioli confidenciou a um grupo de “hermanos” que foram a uma “fetischola” na embaixada. “Depois dessa [viagem] o homem [Alberto Fernandez] já pode pensar em comprar uma casa de veraneio no Brasil.” O presidente argentino já esteve em Brasília, só este ano, quatro vezes.
NEM TANTO O CÁLICE MUITO MENOS O SAL
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), tem recebido reações contrárias à suspensão do recesso parlamentar de julho, depois de ter dito que “recesso não vai ter, porque não vai ter LDO [Lei de Diretrizes Orçamentárias]. Mas vai ficar no recesso branco”. Uma condição para as pequenas férias de 15 dias em julho, é de que o Congresso Nacional vote a lei que aponta prioridades do governo para o ano seguinte.
“O que estamos prevendo é de que haverá recesso branco”, quando as votações são suspensas e ninguém, nenhum parlamentar estará obrigado a comparecer em Brasília.
No Poder Executivo, a aposta do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, é de que o período que antecede o “recesso” “estará apropriado” para a votação da reforma tributária que é uma espécie de “Santo Graal” da área fiscal do governo. "Em reta final de uma negociação complexa, é todo mundo se manifestando. Mas você tem ali um colegiado representativo do povo, representativo da federação, Câmara e Senado. E você vai ter uma conclusão do processo, estou muito confiante,” afirmou o ministro da Fazenda.
Quando anunciou que a pauta estaria trancada durante esta semana, Lira começou uma informal consulta às lideranças e ouviu da maioria que é importante “manter a tradição da Casa” e que era para “apressar” a votação da LDO e garantir o recesso de julho aos deputados. “Aí tem que combinar com todo mundo. Uma reforma desse quilate, não se vota a toque de caixa, mas qual é o problema de termos um recesso branco? Só se for a repercussão na imprensa”, sentenciou.
É o que deve haver. Os parlamentares não estarão em Brasília, os servidores dos gabinete devem continuar trabalhando, e deputados e senadores à base de sombra e água fresca.
RAPOSA NO GALINHEIRO DA CPMI DO 8 DE JANEIRO
“Piadinha sem graça.” Essa foi a reação do deputado Marcos Feliciano (PL-SP) quando ouviu do colega Rubens Pereira Júnior (PT-MA) que a falha da Segurança Pública de Brasília foi “no mínimo de propósito. Isso é feito aquele ditado popular: entregar o galinheiro para ser cuidado por uma raposa”.
Durante depoimento do coronel José Eduardo Naime, ex-chefe do Departamento Operacional da Polícia Militar do Distrito Federal, na CPMI, Marco Feliciano foi saudado como pastor que já emendou “graça e paz”! O coronel entendeu o recado: “Graça e paz, deputado”!
Embora de posse de um atestado médico, com a justificativo de “quadro depressivo”, o coronel Naime prestou depoimento. “Prometo que irei tentar responder da melhor maneira possível”, disse o coronel que está preso “sem saber o motivo”, desde fevereiro, por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF.
RÚSSIA DEBILITADA NÃO INTERESSA A NINGUÉM, DIZ ASSESSOR DE LULA
Chefe da Assessora Especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, reforçou a tese dominante do Palácio do Planalto segundo a qual “não interessa a ninguém uma Rússia debilidade e enfraquecida”. Questionado sobre a rebelião organizada por mercenários do Grupo Wagner, comandando pelo empresário Yevgeny Prigozhin, o ex-ministro das Relações Exteriores foi direto “Nós acreditamos que Moscou voltará à normalidade”.