O beijo do presidente Lula da Silva (PT) no papa Francisco semana passada e a recomendação do pontífice ao petista ainda estão dando o que falar.
Ao beijar o argentino, o presidente do Brasil pediu proteção para o governo dele, para os brasileiros e o “nosso povo hermano”. Francisco, que entre os religiosos jesuítas, tem fama de duro confessor, disse a Lula que queria o empenho dele para libertar o bispo Rolando Alvarez condenado a 26 anos e quatro meses de prisão por crimes de “lesa-pátria”.
Na decisão do juiz Octavio Rothschuh Andino, do Tribunal de Apelações de Manágua, capital da Nicarágua, o religioso foi acusado de “crimes de conspiração, desacato à autoridade, difusão de notícias falsas por meio da internet e da comunicação, obstrução agravada de funções em detrimento do Estado e da sociedade nicaraguense”.
Ambíguo, quando o assunto envolve seus diletos amigos, Lula se benzeu diante do papa e saiu do Vaticano afirmando que vai conversar com “[Daniel] Ortega a respeito de liberar o bispo. Não tem por que ficar impedido de exercer a sua função na igreja, não existe essa possibilidade, então eu vou tentar ajudar", e completou. "Essas coisas nem sempre são fáceis porque nem todo mundo é grande para pedir desculpa. A palavra desculpa é simples, mas exige muita grandeza”, disse o contrito presidente brasileiro.
Nesta quinta-feira, a penitência será parcialmente cumpria. Lula vai recomendar que o Foro de São Paulo aprove “dura resolução” que condene violações de direitos humanos na Nicarágua. O Foro de São Paulo é uma entidade composta de organizações - como a Frente Sandinista de Libertação Nacional - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e partidos políticos de esquerda, incluindo o PT.
Quando havia alguma nesga de democracia do governo Sandinista - o nome é em homenagem ao guerrilheiro Augusto César Sandino (1895-1934) - as reuniões do Foro de São Paulo eram abertas com a esquerda de pé, cantando “Nicaragua Nicaraguita” de Carlos Mejia Godoy.
“Ay Nicaragua, Nicaraguita
La flor mas linda de mi querer
Abonada con la bendita, Nicaraguita.”
CANDIDATURA DE BRAGA NETTO SUBIU E DESCEU DO TELHADO
Subiu quando o PDT entrou com uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije), no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seu candidato a vice, Walter Braga Netto, por “abuso de autoridade e uso indevido de meios de comunicação”.
Desceu, após o relator, ministro Benedito Gonçalves, votar pela inelegibilidade por oito anos de Bolsonaro e isentar o general Braga Netto de qualquer responsabilidade na reunião, em julho de 2022, no Palácio da Alvorada, transmitida pela TV Brasil, quando o então presidente colocou em dúvida a lisura do processo eleitoral e da urna eletrônica.
Agora, volta a subir. O alto comando do Exército tem sido bombardeado de críticas por oficiais terem se envolvido em traquinagens pouco republicanas, como o tenente-coronel Mauro Cid e o coronel Jean Lawand Junior que trocam confidências pelo WhatsApp, com instruções pouco democráticas para que Bolsonaro cometesse atos “fora das quatro linhas”.
Com o ex-presidente “fora de combate,” ao menos é o que indica como será o resultado final da análise do processo no TSE, o PL quer investir em um nome de peso dentro da direita e que conheça bem a cidade do Rio de Janeiro.
Em 2018, quando foi decretada intervenção federal na segurança pública do Estado do Rio, o general Walter Braga Netto foi nomeado interventor por dez meses e 15 dias.
EXEMPLO A SER SEGUIDO POR OUTROS LEGISLATIVOS
A Câmara Legislativa do Distrito Federal aprovou um projeto com punição para motoristas e motociclistas que atropelarem animais - silvestres ou domésticos - e não prestarem socorro. A multa será de R$ 1 mil.
“É de se lamentar que a cultural local seja no sentido de abandonar o animal na pista, o que, no mínimo, se configura como crime ambiental”, conforme justificou o deputado distrital Robério Negreiros (PSD), autor do projeto. “Quem vier a atropelar um animal, ficará obrigado a prestar imediato socorro. Não sendo possível, terá de solicitar auxílio às autoridades”, justifica. Agora, só falta a assinatura do governador Ibaneis Rocha (MDB).
DEPUTADA QUER CASSAÇÃO DE MANDATO DE COLEGA,
POR RACISMO
A deputada Duda Salabert (PDT-MG) vai ao Conselho de Ética da Câmara, na próxima semana, contra o deputado Gustavo Gayer (PL-GO).
Ao participar de um debate no podcast 3 irmãos, Gustavo Gayer ouvia os argumentos do apresentador Rodrigo Arantes quando afirmou que a democracia no Brasil não tem como dar certo por ser impossível “esperar alguma coisa dos eleitores".
“Aí você vai ver na África. Quase todos os países são governados por ditadores. Quase tudo lá é ditadura. [Lá] a democracia não prospera na África porque para você ter uma democracia tem que ter o mínimo de capacidade cognitiva de entender entre o bom e o ruim, o certo e o errado”, disse o deputado Gustavo Gayer.
Duda Salabert entende que as declarações do colega goiano são manifestações racistas e que “a Câmara não pode ser espaço para racista! Ele deveria ser preso e perder o mandato”, disse.