CARANGUEJO SÓ É PEIXE…
… Na vazante da maré baixa, o ex-presidente Bolsonaro foi saudado por passageiros no Aeroporto JK, em Brasília, quando desembarcava de Belo Horizonte, por gritos de inelegível, horas após o julgamento que o impede de disputar eleições pelos próximos oito anos.
Normal, mas o que Bolsonaro não esperava é que haveria um outro grupinho do lado de fora do estacionamento que saiu em “perseguição” ao comboio. Por sorte, os “paparazzi” perderam o contato com o veículo que conduzia Bolsonaro, no primeiro semáforo, no cruzamento da DF-025 com a QI-05. [Esses códigos quem é de Brasília sabe do que se trata. DF-025 é uma estrada distrital na região do Lago Sul, considerado um dos bairros mais nobres da cidade. QI-05 significa Quadra Interna, também no Lago Sul]. Os motoristas que conduziam o ex-presidente não pararam no sinal vermelho. A multa jamais chegará. As placas de veículos cedidos a ex-presidentes, geralmente, são frias. Os “paparazzi” teriam de arcar com multa de R$ 293,47 e sete pontos na carteira de motorista. Desistiram.
OS JAGUNÇOS DO CERRADO
A CPI do MST na Câmara dos Deputados recebeu um vídeo que convertido em preto e branco lembraria os anos de 1960, quando da construção de Brasília quando os “piotários” - pioneiros que não enricaram - eram expulsos dos acampamentos que estavam sendo desmontados e levados para propriedades rurais no entorno da capital federal.
No município de Formosa (GO), que faz divisa com o Distrito Federal, uma propriedade está sendo vigiada por homens fortemente armados. No passado, uma parte da fazenda Cangalha foi invadida pelos sem terra e hoje ainda está em litígio por débitos com a União.
Temendo novas investidas dos trabalhadores, os herdeiros da propriedade contrataram segurança armada, também chamada os “Wagner do Cerrado”, numa referência aos mercenários russos, chefiados por Yevgeny Prigozhin. “Aqui nem o Incra entra”, bradou um jagunço.
Em nota encaminhada à imprensa e à CPI, o Incra informou que “a área em questão foi destinada à reforma agrária, porém, a partir de 2019, houve a paralisação de todos os processos de aquisição de terras e de criação de assentamentos.”
PENSE NISSO!
Um advogado adepto ao candomblé foi impedido de fazer a defesa de um cliente, no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT).
Gustavo Coutinho estava de terno, mas sem gravata, um patuá de tecido e o eketé - uma espécie de toca, obrigatória para quem está na fase de iniciação na religião.
Antes de iniciar o julgamento, a 7ª Turma Cível do tribunal se reuniu e, por unanimidade, decidiu que o advogado não poderia fazer a defesa do paciente, por “não seguir à regra regimental.”
"Foi assegurada ao ilustre advogado a oportunidade de apresentar naquela oportunidade um áudio a ser ouvido em sessão pelos desembargadores votantes; ou mesmo o seu adiamento do julgamento para depois do período em que deve usar as vestimentas próprias da religião escolhida”, disse o desembargador Fabrício Fontoura Bezerra, na ata do julgamento.
“Me senti violentado. [O desembargador] falou que aquilo não se tratava de um preconceito racial ou religioso, mas que era uma questão de respeito à corte. Ele chegou a falar que se eu tivesse trazido uma beca mais composta, que 'eles não perceberiam'. Acho que ele se referiu às minhas guias, certamente”, disse o advogado Gustavo Coutinho que recorreu à comissão de Prerrogativas da OAB/DF.
A pergunta que não quer calar é se o advogado fosse um padre que exigisse fazer a defesa do paciente, usando batina, qual seria a reação do tribunal? Pense nisso!
LULA DÁ MAMONA PARA GOVERNADOR, E AUDIÊNCIA TERMINA MAIS CEDO
Em uma sexta-feira modorrenta, dessas em que as autoridades conversam com olhar no relógio, o presidente Lula da Silva (PT) recebeu o governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), no Palácio do Planalto. O clima naquele 3 de fevereiro de 2006 era de entusiasmo entre os dois amigos. A Petrobras havia anunciado a criação de programas de incentivo à produção de combustíveis alternativos a partir de vegetais.
Lula se curva, pega um pote de vidro - desses que a vovó guarda com biscoito para dar aos netos. O presidente tira de dentro, um fruto que faz lembrar uma pequena granada. Como Requião não foi um menino travesso, o mesmo não pode ser dito depois que virou político – o governador paranaense não conhecia fruto bastante utilizado nas tradicionais “guerras de mamona”. Pelo menos em Carnaíba, no Sertão do Pajeú, a criançada deixava as plantas peladas e as ruas abarrotadas de "munição".
“Isso é mamona, Requião”, disse o presidente. “Bom”, respondeu o governador enquanto mastigava a semente. "Isso tem toxina, não pode comer". Requião cuspiu rapidamente as sementes.
Um assessor do presidente disse a Requião tudo sobre a origem do fruto, inclusive seu nome científico, Ricinus communis. O governador logo se recordou do laxante óleo de rícino. Por segurança estomacal, a audiência foi encerrada mais cedo e o tema do biocombustível foi adiado.
