Romoaldo de Souza

Centrão joga a rede, Lula morde a isca e Celso Sabino é o novo ministro do Turismo

Leia a coluna Política em Brasília

Romoaldo de Souza
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Romoaldo de Souza
Publicado em 13/07/2023 às 20:04
Bruno Spada/Câmara dos Deputados
Celso Sabino foi nomeado pelo presidente Lula para o Ministério do Turismo. Ele assume o lugar de Daniela Carneiro - FOTO: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

“Cerca o peixe
Bate o remo
Puxa corda
Colhe a rede
Ô canoeiro
Puxa rede do mar"
(Dorival Caymmi)

O deputado federal Celso Sabino (União Brasil-PA) já acordou acelerado. A toda hora, olhava o relógio, arrumava a gravata, apertava o laço do pacote de presente decorado com uma fita. A expectativa do parlamentar era de ser chamado ao Palácio do Planalto para uma conversa com o "homem".

Quando veio a ligação, no início da tarde, quase se atrapalhou e teve de voltar da porta, para pegar o presente que levaria para o presidente Lula da Silva (PT). Lá dentro do pacote, uma rede branca.

No Planalto, conversaram sobre as prioridades da pasta, a importância do União Brasil na composição do governo e a necessidade de “abrir as portas para projetos inovadores, nessa “área”, como recomendou o presidente.

Celso Sabino sempre esteve do outro lado do balcão onde estava o PT. Foi deputado pelo PSDB, amigo do ex-candidato Aécio Neves (MG), e nos últimos quatro anos esteve ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ganhou evidência no Parlamento à medida que foi estreitando os laços de amizade com o presidente da câmara, Arthur Lira (PP-AL).

Ao sair do Planalto, gravou um vídeo agradecendo o convite. "Agradeço ao presidente pela confiança, agradeço à bancada do União Brasil na Câmara dos Deputados e assumo com responsabilidade, muita disposição e vontade",

Sabino vai substituir Daniela Carneiro (União Brasil-RJ). A deputada só espera a janela partidária para se desfiliar da legenda pela qual foi eleita. Ao brigar com a cúpula do partido, perdeu prestígio no Planalto, mas deve ser contemplada com alguma benesse federal, na Baixada Fluminense. Possivelmente, um instituto ligado à Saúde.

QUEM DIZ O QUE QUER…
Empolgado em voltar à militância estudantil, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), tirou o paletó, arregaçou as mangas e sapecou um discurso palanqueiro. “Nós derrotamos a censura, nós derrotamos a tortura, nós derrotamos o bolsonarismo para permitir a democracia e a manifestação livre de todas as pessoas”.

Houve todo um reboliço. Os bolsonaristas, com a razão que lhes interessa, ameaçaram pedir o “impeachment” do ministro, no Senado Federal, e até o STF divulgou nota contemporizando a fala de Barroso. “Como se extrai claramente do contexto da fala do Ministro Barroso, a frase ‘Nós derrotamos a ditadura e o bolsonarismo’ referia-se ao voto popular e não à atuação de qualquer instituição.”

Barroso também se defendeu: “Jamais pretendi ofender os 58 milhões de eleitores do ex-Presidente nem criticar uma visão de mundo conservadora e democrática, que é legítima. Tenho o maior respeito por todos os eleitores e por todos os políticos democratas, sejam eles conservadores, liberais ou progressistas”.

Pode ser.

…ESCUTA O QUE NÃO QUER
Barroso já havia se metido em encrenca com aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em novembro de 2022, durante caminhada em uma das largas avenidas de Nova York, o ministro do STF foi abordado por um brasileiro sobre expor ou não o código-fonte das urnas eletrônicas. “O Brasil precisa de resposta, ministro”. Barroso retrucou: “perdeu, mané, não amola”.

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) disse que vai pedir o "impeachment" de Barroso, por causa de seus discurso no congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE).


“Derrotamos o bolsonarismo de que forma? Precisamos de respostas e vamos tomas as medidas cabíveis”, afirmou o filho do ex-presidente.

VARANDA DO PUM
Lula, que tem dito que não concorre nas próximas eleições, bem que poderia tentar uma colocação como roteirista de programas de humor. Se conseguir levar a própria claque é aplauso na certa e riso garantido.

Nesta quinta-feira, ao assinar a lei do Minha Casa, Minha Vida, defendeu um espaço nos imóveis para quando o morador não está bem do intestino. Ele deveria se dirigir “varanda do pum”.

A controversa secretária de Cultura do governo Bolsonaro, Regina Duarte, foi duramente criticada pelos militantes da área quando, no Planalto, usou de metáforas para descrever como deveria ser a cultura. “Como o pum do palhaço”, que “faz a risadaria feliz da criançada”. Não durou muito.

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