Na CPMI, "Hacker de Araraquara" diz que Bolsonaro lhe ofereceu indulto para invadir urna eletrônica: "se um juiz te prender, eu mando prender o juiz"
Leia a coluna Política em Brasília
Macondo parou quando “um cigano corpulento se apresentou com o nome de Melquíades”. Eles fez demonstrações para causar impacto aos habitantes do vilarejo, com aquilo que “chamava de a oitava maravilha dos sábios alquimistas da Macedônia”. "As coisas têm vida própria", apregoava o cigano com áspero sotaque, "tudo é questão de despertar a sua alma”, enquanto ia “de casa em casa arrastando dois lingotes metálicos.
As cenas acima estão em “Cem Anos de Solidão” de Gabriel Garcia Márquez (1927-2014), mas lembra as estrepolias que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tentou criar com a colaboração do “alquimista” Walter Delgatti Neto, o “hacker do bem” quando invadiu mais de 170 dispositivos eletrônicos e divulgou conversas pouco republicanas da Força Tarefa da Lava Jato, em Curitiba no Paraná.
A “oitava maravilha” bolsonarista consistia fazer uma demonstração pública de uma urna eletrônica funcionando com um código-fonte falso para “desviar votos”.
A ideia seria a seguinte, “eles pegarem uma urna, emprestada da OAB [Ordem dos Advogados do Brasil], eu acredito, para que eu colocasse um aplicativo meu lá e mostrasse à população que é possível apertar um voto e sair outro". A exibição seria no 7 de Setembro do ano passado “quem votasse no 22 [número de Bolsonaro] estaria dando voto ao 13 [de Lula] ou então, realizando 20 votos [em favor] do 22 e 20 votos para o 13 o 13 teria [computados] 30 votos”. Imagine a comoção social que esse espetáculo causaria.
Macondo parou quando “um cigano corpulento se apresentou com o nome de Melquíades”. Eles fez demonstrações para causar impacto aos habitantes do vilarejo, com aquilo que “chamava de a oitava maravilha dos sábios alquimistas da Macedônia”. "As coisas têm vida própria", apregoava o cigano com áspero sotaque, "tudo é questão de despertar a sua alma”, enquanto ia “de casa em casa arrastando dois lingotes metálicos.
As cenas acima estão em “Cem Anos de Solidão” de Gabriel Garcia Márquez (1927-2014), mas lembra as estrepolias que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tentou criar com a colaboração do “alquimista” Walter Delgatti Neto, o “hacker do bem” quando invadiu mais de 170 dispositivo e divulgou conversas pouco republicanas da Força Tarefa da Lava Jato, em Curitiba no Paraná.
A “oitava maravilha” bolsonarista consistia fazer uma demonstração pública de uma urna eletrônica funcionando com um código-fonte falso para “desviar votos”.
A ideia seria a seguinte, “eles pegarem uma urna, emprestada da OAB [Ordem dos Advogados do Brasil], eu acredito, para que eu colocasse um aplicativo meu lá e mostrasse à população que é possível apertar um voto e sair outro". A exibição seria no 7 de Setembro do ano passado “quem votasse no 22 [número de Bolsonaro] estaria dando voto ao 13 [de Lula] ou então, realizando 20 votos [em favor] do 22 e 20 votos para o 13 o 13 teria [computados] 30 votos”. Imagine a comoção social que esse espetáculo causaria.
HACKER PARTIU PARA CIMA DE MORO
Conhecido por trafegar no submundo da delinquência de invasão de dados, Delgatti Neto tinha de cor e salteado as conversas do senador Sérgio Moro (União Brasil-PR) com a força tarefa da Lava Jato, em Curitiba, quando era o juiz e prendia meio mundo, incluindo o atual presidente Lula (PT). “[sei] inclusive de suas tratativa com [Deltan] Dallagnol” [ex-procurador e deputado cassado], ameaçou o hacker.
"Li as conversas de Vossa Excelência, li a parte privada, e posso dizer que o senhor é um criminoso contumaz, cometeu diversas irregularidades e crimes", acusou Delgatti.
"Bandido aqui, desculpe senhor Walter, que foi preso é o senhor. O senhor foi condenado. O senhor é inocente como o presidente Lula, então?", indagou Sérgio Moro.
“O senhor não foi preso porque recorreu à prerrogativa do foro de função”, retrucou Delgatti.
[Soa a campainha] “Aqui não permitiremos troca de acusação nem de testemunha com senador e deputado nem de parlamentares com o depoente”, advertiu o presidente da sessão, senador Cid Gomes (PDT-CE).
“HISTÓRIAS DE NALDO BENNY”
O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) acusou o hacker de ser uma espécie de MC Naldo. Ninguém entendeu. Todo mundo, inclusive jornalistas mais “rodados”, correu para dar um Google. O cantor Naldo Benny é conhecido no mundo musical por seu hit “Amor de Chocolate”. Nas redes sociais Naldo já disse que tinha amizade com a modelo Gisele Bündchen; diálogos com LeBron Jame, astro do basquete norte-americano; e até com Cristiano Ronaldo, o craque português, para trazê-lo para o Flamengo do Rio de Janeiro.
“O senhor e suas histórias contra o presidente Jair Bolsonaro se parecem com MC Naldo. O que é história e o que é fantasia nisso que o senhor diz?”. Calado estava, calado ficou: “permanecerei em silêncio”, disse Delgatti Neto
POR PRECAUÇÃO
Após a pausa para o almoço, a Polícia Legislativa trazia de volta o hacker, Walter Delgatti Neto para a sala da CPMI quando percebeu-se que ele tinha se encostado na parede recém pintada. “Melhor limpar seu paletó. Vai ficar difícil justificar essas manchas brancas nas suas costas”, disse um agente de segurança. O hacker foi salvo com um pano úmido.
A ÚLTIMA MENSAGEM
O advogado Frederick Wasseff jantava tranquilamente em uma churrascaria de São Paulo, na noite da quarta-feira (16), quando a Polícia Federal chegou com um mandado de apreensão do seu smartphone, por ordens do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O advogado da família Bolsonaro olhou para o delegado como quem não está acreditando. “Posso mandar só uma mensagem?” Era tarde a PF já tinha desligado o aparelho. Quem ligasse para aquele número ouvia uma gravação: “… telefone desligado ou fora a área de cobertura”.
Wasseff é investigado pela fajuta operação para recomprar um Rolex doado ao então presidente Jair Bolsonaro, vendido em uma joalheria na Flórida, no Estados Unidos, e que teve de ser devolvido ao acervo público. O presidente não poderia ter se apropriado do presente.