Romoaldo de Souza

Brigar por uma sala bem situada no Senado é apenas uma das tantas batalhas que o PSDB vem travando

PSDB, um partido em busca da sobrevida

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Romoaldo de Souza

Publicado em 21/09/2023 às 21:48
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O ÚLTIMO AO SAIR…
…no apagar das luzes do prazo regimental (22 de setembro), o PSDB - que já foi uma das maiores legendas do Senado Federal - corre desesperado para filiar ao menos um senador, até a noite de hoje. Caso contrário, perde uma das mais importantes mordomias, também chamada de “minha sala.”

O regimento do Senado determina que um partido só tem direito de ter uma sala própria para a liderança, se contar com pelo menos três senadores. O tucanato dispõe apenas de dois. Izalci Lucas (DF) e Plínio Valério (AM).

“Estamos correndo. Lhe garanto que até esta sexta-feira teremos novidade”, prometeu o líder do partido, Izalci Lucas. O nome mais provável de adesão é de Marcos Do Val (Podemos-ES).

As recentes debandadas do ninho tucano foram de Alessandro Vieira (SE) que migrou para o MDB e de Mara Gabrilli (SP) que bateu asas para o PSD.

A assessoria do senador Do Val informou que ele deixa o Podemos, a tempo de salvar o PSDB do naufrágio, informando que ele aterrisa no partido “como uma consequência do seu trabalho no Senado na oposição ao atual governo federal, da sua colaboração nas investigações dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro e do apoio expressivo de 41 senadores contra as decisões monocráticas e inconstitucionais do ministro Alexandre de Moraes a qual o senador vem travando”. Ou seja, o senador Marcos Do Val, que se apresenta como ex-policial da Swat, já chega “atirando”.

O problema é que o sobrenome de Marcos Do Val é encrenca e justamente em função de suas brigas com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e seu envolvimento com a causa bolsonarista é que a Direção Nacional do PSDB informou que não aceitaria a filiação. “O PSDB que era o mesmo do ministro Alexandre de Moraes e do [Geraldo] Alckimin. Mostraram o medo que estão. Permaneço no Podemos", disse Marcos Do Val. Alguém tem de se aproximar do interruptor e apagar a luz.

BANQUETE DE NOVOS ALIADOS
Pela quantidade de comes e bebes com que a liderança do Progressistas na Câmara dos Deputados recebeu o ministro Alexandre Padilha, das Relações Institucionais, a aliança está sacramentada.

Café, mousse, pudim, pão de queijo e sucos ornamentavam a mesa comandada pelo novo líder do PP, deputado Dr. Luizinho (RJ). No envelope pardo entregue ao ministro estão nomes para cargos dos segundo e terceiro escalões de governo que ainda não foram preenchidos. Sem contar que a Presidência e suas 12 vices da Caixa Econômica estão no radar do partido.

NEM TANTO
A relatora da CPMI do 8 de Janeiro, senador Eliziane Gama (PSD-MA), não deu a trela necessária à informação de que o então presidente Jair Bolsonaro (PL) teria consultado integrantes das Forças Armadas sobre a possibilidade de um golpe de Estado, conforme teria dito em sua delação premiada, o ex-ajudante de ordens tenente-coronel Mauro Cid.

“É muito grave [a denúncia], não há dúvida. Se houve um chamamento para uma reunião, se houve a apresentação de uma GLO [Garantia da Lei e da Ordem], uma iniciativa de questionar o resultado eleitoral e se estabelecer uma intervenção [federal], não há dúvida de ação inconstitucional e que deverá ser levada em consideração pela CPMI”, disse.

Mas a relatora reconhece a fragilidade da informação da suposta consulta de Bolsonaro a generais e integrantes da Marinha. “Agora, com o devido respeito à imprensa, por enquanto só temos uma matéria publicada na imprensa e aqui [na CPMI] não temos uma fonte sequer, efetiva”, resumiu a senadora. Como se fosse pouco, não é senadora?

NÃO É COMIGO!
O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, alertou que “enquanto instituição” as Forças Armadas garantiram “a manutenção da nossa democracia”, e que tentativas para desestabilizar o processo eleitoral de 2022 não passaram de “atitudes isoladas”.

“Não mexe conosco [diretamente] porque trata-se de pessoas que pertenceram, que estão na reserva, os citados, mas nós desejamos muito que tudo seja esclarecido. Evidentemente que constrange esse ambiente que a gente vive, essa aura de suspeição coletiva nos incomoda”, afirmou José Múcio.

PENSE NISSO
Eu só queria ver o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), lendo os jornais e se deparando com a frase dita por um presidente de qualquer legenda, avaliando que multas da Justiça Eleitoral são “inexequíveis e trazem a visão subjetiva da equipe técnica do tribunal”.

Acontece que a frase é da presidente Nacional do PT, deputada Gleise Hoffmann (PR), defendendo que as “multas [eleitorais] devem ser pedagógicas” e pregando a anistia aos partidos que não cumpre com a legislação. “Isto inviabiliza os partidos. Não pode haver uma Justiça Eleitoral. Isto já é um absurdo e custa três vezes mais do que o financiamento de campanha. Talvez precisemos olhar aí para mudar. Uma multa precisa ser pedagógica. A multa tem que trazer sanção política.“

E o que é pior [o melhor, dependendo de cada opinião], é que boa parte dos dirigentes partidários também pensa assim, como Gleise Hoffmann pensa.

Mas há quem diga que a deputada queimou a única ponte que poderia levá-la do gabinete 232, do Anexo 4 da Câmara, para ao 3º andar do Palácio da Justiça, onde hoje está alojado Flávio Dino.

Pense nisso!

 

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