Romoaldo de Souza

Autoridades usam a "celebração" do 8 de janeiro para defender regulação das redes sociais

Lula fica surpreso com o quórum mínimo de governadores

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Romoaldo de Souza

Publicado em 08/01/2024 às 21:20 | Atualizado em 08/01/2024 às 21:51
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‘DEMOCRACIA INABALADA’ SEGUNDO LULA
O presidente Lula da Silva (PT) foi quem mais “capitalizou” os louros políticos da “celebração” do 8 de janeiro.

Embora a falácia seja de independência e harmonia entre os Poderes da República o petista foi o mais paparicado, foi o idealizador do slogan “democracia inabalada” e ainda falou por último, fechando o evento.

Por duas vezes, Lula consultou os auxiliares: “só tem isso de governadores?” Eram 12 os presentes, incluindo Raquel Lyra (PSDB), de Pernambuco.

O MOTE DA REGULAÇÃO DAS REDES
Os integrantes dos Três Poderes foram unânimes em defender a regulação das ações das mídias. O chefe Executivo, defendeu a regulação uma vez que, segundo ele, o país vive “sob constante ameaça”, mesmo sem citá-las.

“Nossa democracia estará sob constante ameaça, enquanto não formos firmes na regulação das redes sociais”, destacou o presidente Lula, sem tocar no ponto necessário de que é possível falar em regulação sem fazer censura.

Para o presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (PSD), chamou de “nova realidade” que precisa ser enquadrada.

“Não podemos ignorar o poder político das redes sociais como o mais novo e eficaz instrumento de comunicação de massa e desinformação massiva pelas práticas desses grupos extremistas. Essa nova realidade exige a imediata regulamentação.”

Já o ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal (STF) advertiu que faltam “regulamentação e responsabilização das redes sociais” e que tudo isso “Somadas à falta de transparência na utilização da inteligência artificial e dos algoritmos, tornaram os usuários suscetíveis à demagogia e à manipulação política, possibilitando a livre atuação no novo populismo digital extremista e de seus aspirantes a ditadores”, disse o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

RAQUEL NÃO PENSA DIFERENTE
A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), chamou de “caminho necessário”, lembrando que “as grandes democracias do mundo” já tomaram essa providência de regulação das redes sociais.

“Não se trata de cerceamento de direito, de liberdade, mas, sim, de ter responsabilidade com aquilo que é postado diante de tantas inverdades, de tanta “fake news,” principalmente quando a gente se aproxima de processos eleitorais. Isso é ainda mais grave”, afirmou.

ESPÍRITO DE PORCO
Causou surpresa a ausência de todos os 11 dirigentes da Mesa da Câmara dos Deputados. O presidente Arthur Lira (PP-AL) alegou ter de “lidar com problemas de saúde na família”. Mas além de Lira, a Câmara tem outros dez dirigentes: dois vices-presidentes, quatro secretários, e quatro suplentes e ninguém compareceu ao ato chamado de “Democracia Inabalada”.

POR FALAR NISSO…
A maioria dos governadores estaduais não compareceu ao ato político no Congresso Nacional. Dos 26 estados e o Distrito Federal, somente 12 estavam presentes, incluindo Celina Leão (PP), governadora em exercício, na ausência do titular, Ibaneis Rocha (MDB-DF).

O CAFÉ DO PDT
Quando o assunto é troca de partido, Raquel Lyra sai tangenciando e solta um sonora gargalhada. Perguntada como estão as tratativas para migrar para o PSD, a governadora diz, apenas, que não está no radar sair do PSDB, sem nenhum advérbio de tempo.

A coluna perguntou sobre a qualidade do café que o presidente licenciado do PDT, Carlos Lupi, serviu a ela e à prefeita em exercício do Recife (PE), Isabella de Roldão, Raquel Lyra riu, disse que gostou da abordagem, mas também pegou o arrodeio e mudou de assunto.

PENSE NISSO!
O dramaturgo fluminense Millôr Fernandes (1923-2012) vez ou outra abria sua coluna em uma revista semanal, afirmando que “O cara só é sinceramente ateu quando está muito bem de saúde”.

Analisando os processos de centenas de manifestantes que participaram dos atos [sem adjetivos] de 8 de janeiro, eis que sou remetido ao perfil da estudante de medicina Roberta Jérsyka Soares. Ela ficou sete meses no presidio da Colméia, em Brasília, por ter participado do quebra-quebra de 8 de janeiro de 2023.

“Permaneço a maior parte do tempo só em casa. Saio apenas uma vez na semana para me apresentar à Justiça e ao fórum. Estou com saudades de estudar, de ver os pacientes”, escreveu em uma rede social.

Parafraseando Millôr: você se consultaria com uma médica que usa tornozeleira eletrônica?

Pense nisso!

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