Temporariamente fora da disputa, Bolsonaro acusa Caiado de se aliar ao PT

Acordos inusitados, apoios inimagináveis fazem parte da história da política. Agora, a Polícia Federal revela a compra de voto com dinheiro falso

Publicado em 23/10/2024 às 19:15 | Atualizado em 23/10/2024 às 19:24

’É 13 NA CABEÇA’
Na disputa pela prefeitura de Cuiabá (MT), tem sempre uma inusitada novidade. Primeiro foi Chico Mendes (União Brasil), prefeito eleito de Diamantino (MT), que usou o prestígio da família ao pedir votos para o deputado Abílio Brunini (PL). Agora é a vez do bilionário Elusmar Maggi, “o poderoso do agro”, entrar de cara na campanha para apoiar o petista Lúdio Cabral. Chico Mendes é irmão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal. Elusmar Maggi integra uma família que tem mais de R$ 42 bilhões de capital; ele colocou bandeirinhas do PT nos tratores de uma das fazendas e sempre que encontra um “parceiro”, grita a todos pulmões: “É 13 na cabeça”!

‘NÃO VAI TER BOULOS’
O ex-ministro dos Esportes Aldo Rebelo (MDB) levou dez anos e quatro meses, mas encontrou “a melhor oportunidade” para dar o troco a Guilherme Boulos (Psol), candidato à prefeitura de São Paulo (SP). Antes da Copa do Mundo (2014), militantes de movimentos sociais capitaneados por Boulos fizeram protestos em São Paulo, gritando “não vai ter copa”. Hoje, atuando como jornalista e escritor, Rebelo lançou recentemente “Amazônia: a maldição de Tordesilhas”, diz que “faltam qualidades” e qualificação a Boulos para governar São Paulo e faz uma paráfrase ao movimento de 2014: “Não vai ter Boulos”.

TITÃS DO PEQUI
Ronaldo Caiado (União Brasil-GO), governador de Goiás, e Jair Bolsonaro (PL) já se bicaram no passado, mas nunca morreram de amor um pelo outro, até porque ambos sonham em subir a rampa do Palácio do Planalto em 1º de janeiro de 2027. Na campanha municipal estão em lados opostos. Caiado apoia Sandro Mabel (União) que disputa a capital, Goiânia, com Fred Rodrigues (PL). Bolsonaro acusa Caiado de falar grosso, “mas aceitou o apoio do PT”.

‘CARA DE ROSQUINHA’
Bolsonaro diz que quando Sandro Mabel aceita o apoio do PT “seu padrinho [Caiado] que era de falar grosso, que gosta de ranger os dentes, agora aceita o PT. Alguma coisa foi acertada” para que desse apoio ao “cara de rosquinha”. Mabel foi dono de uma fábrica de biscoito. “Apoio não se rejeita. Se for para derrotar quem coloca em risco a democracia, aceitamos todo apoio”, afirmou Caiado.

A FALTA DE UM PORTA-VOZ
Antes de chegar à metade do mandato, o presidente Jair Bolsonaro (PL), roendo as unhas de ciúme, mandou esvaziar as ações do general Otávio Rêgo Barros, “como quem tira a tampa do fundo da piscina. Para não sobrar nada”. Extinguiu o cargo de porta-voz.

Lula da Silva (PT) não tem um porta-voz. Ora é um ministro que dá o recado ora é um líder partidário, mas nesta quarta-feira (23) foi a vez da primeira-dama, Rosângela Lula da Silva fazer esse papel: “Ele [o marido] está tranquilo, trabalhando normal, participou da reunião dos Brics. Então está tudo bem, podem ficar tranquilos”, disse ao jornalistas acampados à porta do Palácio da Alvorada.

A INTRANQUILIDADE…
… dos jornalistas é com as torrenciais pancadas de chuva, por esses dias em Brasília. Com Lula no Palácio da Alvorada o jeito é se revezar debaixo da frondosa mangueira. O barracão que serve de comitê de imprensa está em reforma. A pretexto de ir “verificar as condições de trabalho” dos jornalistas, Rosângela Lula da Silva foi “verificar a estrutura”. O ministro das Comunicações, jornalista Paulo Pimenta, não respondeu à nota do sindicato, lamentando a situação precária do local: “sem condições mínimas de exercer o trabalho”.

ÚLTIMA: ACORDO MARIANA
O governo federal assina na sexta-feira (25), acordo para por um fim nas ações judiciais pelos danos causados com o rompimento da barragem de Mariana (MG), em 2015. A coluna apurou que o valor total deve chegar a R$ 160 bilhões. Mais da metade ficará nos cofres públicas, no município, em Minas e na União. Os restante é para as famílias das vítimas.

PENSE NISSO!
No quesito originalidade, políticos brasileiros são hors concours. Se no passado ouviam-se boatos de troca de voto por dentadura, par de sandália, um cabrito e seu cabresto, agora a denúncia é outra.

A Polícia Federal montou a operação “Falsa Promessa” para prender um grupo de políticos e de eleitores envolvidos até a medula em crimes de corrupção eleitoral.

Em Caxambu do Sul (SC), votos estavam sendo vendidos - primeiro crime - para complementar a cesta básica de apoios de candidatos. Acontece que o pagamento era feito em espécie, só que com dinheiro falso. Outro crime.

"A investigação teve início após uma notícia-crime indicar que diversos eleitores teriam recebido cédulas falsas para votar em determinados candidatos nas Eleições Municipais de Caxambu do Sul (…) As diligências iniciais da PF revelaram o possível envolvimento de dois candidatos, atualmente vereadores em Caxambu do Sul”, diz a nota da PF.

Novamente recorro ao escritor Machado de Assis (1839-1908) “Não é a ocasião que faz o ladrão; o provérbio está errado. A forma exata deve ser: a ocasião faz o furto; o ladrão nasce feito”.

Pense nisso!

 

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