Sem novidades na novela do corte de gastos, Planalto inaugura galeria de fotos de presidentes

Não há consenso por onde a tesoura da economia deve começar: palpites não faltam, mas o tempo correr e o presidente Lula ainda não tomou a decisão

Publicado em 07/11/2024 às 21:08

A NOVELA DO CORTE DE GASTOS
O dramaturgo colombiano Fernando Gaitán (1960-2019), criador da novela Betty a Feia, se notabilizou por passar 15 capítulos embromando com a personagem de Betty (Ana Maria Orozco), uma assistente de uma empresa de moda, e que se apaixonada pelo patrão. Ela fica enrolando se corta ou não o cabelo. No governo Lula, a novela do corte de gastos se arrasta por uma semana, enquanto ministros estão com os nervos à flor da pele.

OLHA QUEM DIZ!
Entre uma reunião ministerial e outra, a primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, desceu do gabinete do marido e foi até o saguão de entrada do Palácio do Planalto, onde estava sendo reinaugurada a galeria com fotografias dos presidentes da República. Ela se demorou olhando Lula da Silva (PT), o único que tem “direito” a três fotos, e comentou que “vários” ex-presidentes “não merecer estar aqui”, mas não disse o motivo da sentença.

‘NÓIS É JECA MAIS É JOIA’
O poeta tocantinense Juraildes da Cruz disse outro dia à Rádio Jornal, quando estava sendo entrevistado pelo podcast Café & Conversa, que quando escreveu os verso de sua música mais conhecida, ”Nóis é Jeca mais é joia”, ele estava “fazendo uma homenagem a essa gente que se deslumbra com tudo”. Seja um artista, uma pessoa comum ou uma autoridade.

SURFANDO NA ONDA
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) anda tão eufórico, tão deslumbrado com a eleição do amigo e mentor intelectual, Donald Trump, que não pensa em outra coisa: “embarcar num avião rumo aos Estados Unidos, assistir à posse”, conversar com o presidente americano sobre “nossos projetos em comum”. É, minha gente! É como diz Juraildes da Cruz:
“Se farinha fosse americana
mandioca importada
banquete de bacana
era farinhada”.

A SUPREMA INQUISÃO DE FLÁVIO DINO
O garantismo brasileiro é tão acovardado que o mote “decisão de Justiça não se discute. Cumpre-se”, usado sempre que sai uma sentença judicial, já virou lugar comum. Segundo essa lógica, bastaria então uma instância de Justiça e estava tudo resolvido. O danado é quando a decisão é da instância superior. Apelar a quem? A militância do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, chegou ao nível da Inquisição, do Santo Ofício, datada de 1184. O ministro mandou destruir quatro obras jurídicas que, segundo ele, contém trechos homofóbicos.

OBRAS SERÃO ‘QUEIMADAS’
Curso Avançado de Biodireito, Manual de Prática Trabalhista, Teoria e Prática do Direitos Penal e Direito Constitucional Esquematizado. Uma das obras trata de uma demissão de funcionários “afeminados”. Sua excelência faria mais bem ao país se pegasse, na biblioteca do STF, “O Nome da Rosa” do escritor italiano Umberto Eco (1932-2016), e fosse ler, antes de mandar acender a fogueira.

PENSE NISSO!
Quem é mesmo incapaz?


Vou deixar esta pergunta remoendo a consciência dos leais leitores desta coluna. Quem é o incapaz?

Por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, o jardineiro Nathan Theo Perusso vai pagar por um crime que ele "não sabe" que cometeu.

Mesmo contrariando um parecer da Procuradoria-Geral da República, ainda que sabedor de que Nathan é “inteiramente incapaz”, após ter sido “diagnosticado com transtorno de desenvolvimento intelectual”, com tudo isso, Alexandre de Moraes mandou o jardineiro de volta para a cadeia.

Nathan Theo Perusso foi preso em função dos atos de 8 de janeiro de 2023, no processo “do fim do mundo”. Preso, ganhou liberdade condicional. Foi para casa, usando tornozeleira eletrônica, mas com o rompimento do apetrecho foi levado à cadeia, onde está no Complexo Médico Penal, em Curitiba (PR), cuja reputação vem sendo investigada pelo Conselho Nacional de Justiça.

Esse processo não vai mais ter fim?

Pense nisso!

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