PF diz que militares arquitetaram plano para "neutralizar" Lula, Alckmin e Moraes
Informações dos desdobramentos da operação Contra Golpe indicam que a PF deve pedir ao STF a anulação da delação premiada de Mauro Cid
DESDOBRAMENTOS
O general da reserva Walter Braga Netto, um dos mentores da operação para assassinar os candidatos eleitos Lula da Silva (PT) e Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), usou, à época da trama, um grupo de WhatsApp para achincalhar o então comandante da Aeronáutica, brigadeiro Carlos de Almeida Batista, a quem chamou de “traidor da pátria” e “bundão”, por não ter aderido à proposta de golpe.
JOGO INVERTIDO
No costumeiro encontro informal de oficiais generais do QG do Exército, a atualização das informações sobre a operação Contra Golpe era de que “o bundão” vai ficar só. A caserna vai virar as costas para Braga Netto. “É hora de [Poncio] Pilatos agir”, disse um estrelado general.
‘LIVRE PENSAR…’
…é só pensar’, frase do humorista Millôr Fernandes (1923-2012) foi parafraseada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), tão logo soube que assessores muito próximos do pai, Jair Bolsonaro (PL), tramaram a morte de Lula, Alckmin e Moraes. “Por mais que seja repugnante pensar em matar alguém, isso não é crime”. “01” só esqueceu que o “pensamento” tinha até um plano impresso, na impressora colorida da Secretaria-geral da Presidência da República.
‘MATOU A FAMÍLIA…’
O relatório da operação Contragolpe da Polícia Federal me fez lembrar uma excelente comédia dirigida pelo cineasta Júlio Bressane. Bebeto [Alexandre Frota] discute com os país, mata a família e vai ao cinema assistir ao filme “Perdidos de Amor”, como se nada tivesse acontecido. Numa movimentada quadra residencial de Brasília, onde nasceu o general Mário Fernandes, mortes eram tramadas, estratagemas impressos, enquanto a cuia de chimarrão passava de mão em mão.
LULA: TRÊS NASCIMENTOS
Lula já tinha duas datas de nascimento. Agora, tem uma terceira para comemorar. Dona Lindu (1915-1980) deu à luz ao sétimo filho, Luiz Inácio, em 27 de outubro de 1945, sob o signo de Escorpião. Quando a mãe foi registrá-lo, trocou as datas e mandou colocar na certidão, 6 de outubro: Libra. Agora, a operação da Polícia Federal diz que a data de sua “neutralização" seria 15 de dezembro. Lula nasceu de novo, dessa vez sob a proteção dos intuitivos deuses sagitarianos.
DESSA VEZ NÃO ESCAPA
É o mantra ouvido nos corredores da CPI das Bets, no Senado Federal. A advogada pernambucana Deolane Bezerra, que escapou de prestar depoimento na CPI da manipulação de jogos “agora, não tem jeito. Ela não escapa”, disse a senadora Soarya Thronicke (Podemos-MS). Deolane e o cantor Gusttavo Lima serão os primeiros a serem ouvidos. A não ser que o STF “mele” os planos da CPI.
TROCANDO FIGURINHA
A CPI vai convidar o delegado Paulo Gondim, responsável pelas investigações do inquérito da operação Integration, que apura indícios de lavagem de dinheiro de jogos ilegais, em Pernambuco. Requerimento do senador Humberto Costa (PT-PE) pede o compartilhamento de informações dessa operação comandada pela Polícia Civil.
NAS ÚLTIMAS
A coluna apurou que após mais um depoimento do tenente-coronel Mauro Cid, a Polícia Federal vai pedir ao STF anulação da delação premiada do oficial.
‘UM CABRA MACHO’
O vice-presidente do PT, deputado Washington Quaquá (RJ), argumentou que o partido está “carente de um comando”, reclamou das insinuações do presidente Lula que defende o atual prefeito de Araraquara (SP), Edinho Silva, para comandar a legenda e manifestou apoio ao atual líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE). “Precisamos de um cabra macho para colocar no lugar da Glesi [Hoffmann]”. Quaquá considera, também, que o nome do ex-presidente do Sebrae Paulo Okamotto “pode ser salutar”.
PENSE NISSO!
Para mim, após ler as 74 páginas do relatório do ministro Alexandre de Moraes, pairaram mais dúvidas que certezas.
Os argumentos do ministro justificam as prisões do general da reserva Mario Fernandes, do tenente-coronel Hélio Ferreira Lima, do tenente-coronel Rafael Oliveira, de Rodrigo Bezerra de Azevedo, outro tenente-coronel e o agente da Polícia Federal, Wladimir Matos Soares, envolvidos em um esquema para “neutralizar” Jeca, codinome de Lula; Joca, de Alckmin; e, de Professora, para Moraes.
Com quem essa gente esperava contar? Com as Forças Armadas, pelo menos a sua totalidade não era. Apoio popular? Será que ia além dos acampados na porta do QG em Brasília? E qual seria a reação das embaixadas sediadas em Brasília, o que iria acontecer quando o “assessor de relações institucionais”, Felipe Martins, anunciasse que o país tinha outro presidente?
Minha gente, essas instituições não têm uma arapongagem interna, não? Quer ver um exemplo? Wladimir Matos Soares fazia parte da segurança de Lula, após a eleição. Era ele quem “passava informações sobre o dia a dia do candidato eleito”, supostamente, a integrantes do grupo que arquitetou o “golpe de Estado”.
Outra arapuca: como é que um general da reserva envia uma mensagem para o chefe do Exército, general Freire Gomes, dizendo: “É agora ou nunca mais, comandante, temos que agir! E não existe motivação maior do que a proteção e o futuro desta grande nação e de seus filhos… Os nossos filhos!” E ninguém é preso?
Sobram perguntas.
Pense nisso!