Dólar em alta e prestígio do governo em baixa no Congresso Nacional
Congresso Nacional passou tanto tempo sem votar que agora, no apagar das luzes do Ano Legislativo, está sendo obrigado a trabalhar no fim de semana
FAMÍLIA QUE VOTA UNIDA
À mesa do cafezinho da Câmara, Dudu da Fonte e Lula da Fonte, pai e filho, ambos deputados federais da bancada de Pernambuco, dividiam a mesma xícara de café enquanto defendiam adiar a votação do projeto que altera critérios para concessão do Benefício de Prestação Continuada (BPC). “Não vejo o porquê dessa votação açodada. Esse tema carece de mais debate”, defendeu Dudu. Já o filho entende que “em vez que mexer em critérios, o governo deveria fazer rigorosa apuração na concessão do benefício”, disse Lula da Fonte.
FALSA PATENTE
Em uma de suas viagens para a Bahia, o então presidente Jair Bolsonaro (PL) foi apresentado ao senador Angelo Coronel (PSD-BA). Bolsonaro pediu seu apoio para “aprovar medidas que vão beneficiar o Nordeste”, sem especificar quais e completou: “porque mesmo que hierarquicamente o senhor esteja acima de mim, o senhor como coronel e eu capitão da reserva poderemos nos entender”. Contundente nos seus argumentos, o senador disse que “Coronel” não era propriamente uma patente. “O meu pai, um fazendeiro lá de Coração de Maria [cidade próxima a Feira de Santana], achou por bem me chamar sempre por esse nome. Eu nem cheguei a sentar praça”. Bolsonaro não sabia onde enfiar a cara.
LINHA OCUPADA
O Senado Federal aprovou projeto que proíbe o uso de celulares e equipamentos eletrônicos nas escolas públicas e privadas, da pré-escola, o ensino fundamento e o ensino médio. As exceções ficaram para o uso com “fins estritamente pedagógicos ou didáticos”, desde que autorizado pelo professor; para garantir a acessibilidade e a inclusão; ou se o seu uso vier a “atender às condições de saúde dos estudantes”. O projeto vai para assinatura do presidente da República.
MADRUGADOR
Correndo contra o tempo para aprovar todas as medidas do ajuste fiscal e as propostas orçamentárias, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse que “como bom madrugador” não vê problema que “amanhã [quinta], sexta e até sábado, se necessário, que comecemos as sessões às 5h, antes do Sol raiar”, ninguém reclamou.
CORUJÃO
Com fama de quem dorme pouco, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), tem sido chamado de “corujão”. As sessões na Casa não têm terminado antes da meia-noite.
CORRENDO ATRÁS
Depois de ter passado boa parte do ano fazendo campanha eleitoral enquanto as atividades parlamentares em Brasília iam sendo negligenciadas, os líderes partidários defendem votações do Congresso Nacional - deputados e senadores - durante todo o dia de sábado (21). “Ao que me consta aqui ninguém é adventista do Sétimo Dia”, disse uma liderança.
BYE BYE, DPVAT
Com uma votação de 444 votos contra 16, a Câmara revogou a criação do Seguro Obrigatório para Proteção de Vítimas de Acidentes de Trânsito (SPVAT) que iria substituir o DPVAT. Em maio, o Congresso tinha aprovado o SPVAT “como forma de ser solidário com quem não tem seguro contratado”, como argumentou o líder do governo, senador Jaques Wagner (PT-BA). Ontem (18), a Câmara entendeu que o seguro não vai contribuir com o bem-estar do cidadão.
PENSE NISSO!
Gosto de uma música de autoria dos compositores Elias Soares e Clovis dos Santos Matias, chama de Dona Tereza, interpretada pelo pernambucano Francisco Bezerra de Lima, nacionalmente conhecido como Azulão.
O cancioneiro narra um “flagra”, durante um velório quando Mané se aproxima da viúva e dá em cima de Dona Tereza: “Pois a senhora tá uma coroa muito boa. E ainda pode se casar”.
A viúva não disse nem sim nem não. Só pediu um tempo para assimilar a viuvez: “Mané, você tem coragem de pensar bobagem numa hora dessa. Mané, foi um grande erro, depois do enterro a gente conversa”.
Candidatos de oposição, como o governador Ronaldo Caiado (União Brasil-GO), precisam, antes, convencer o ex-presidente Jair Bolsonaro de que sua inelegibilidade é praticamente irreversível e qualquer que seja o candidato de direita, ele tem que sair na frente, como fez Mané, diante de Dona Tereza.
Se alguém ou algum grupo político pretende fazer frente ao presidente Lula da Silva (PT) ou a quem ele indicar, está mais que na hora do país conhecer quais são, verdadeiramente, as cartas da oposição.
Pense nisso!