Romoaldo de Souza: Independência e autonomia dos Poderes foram os assuntos do dia

Governo vai passar mais um mês à míngua. Orçamento somente será votado depois do Carnaval. O Congresso Nacional voltou ao trabalho, faltam comissões.

Publicado em 04/02/2025 às 7:31 | Atualizado em 04/02/2025 às 7:37
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A INDEPENDÊNCIA NOSSA DE CADA PODER

Assim como na canção “A Carta” com letra do radialista Benil dos Santos (1931-2012), nesses dias, foi tema recorrente:
“Escrevo-te estas mal traçadas linhas, meu amor
Porque veio a saudade visitar meu coração
Espero que desculpes os meus erros, por favor
Nas frases desta carta que é uma prova de afeição.”
Em todos os discursos, no Congresso Nacional, na mensagem presidencial a deputados e senadores, na abertura do ano do Judiciário, harmonia e independência foram as palavras mais empregadas.

AO LÉU

Ocas. Palavras ao vento. Ou alguém acha que a partir de agora, só porque estamos em 2025, o Judiciário vai deixar de lado seu jeitão de se intrometer onde não lhe cabe, inclusive legislando como se Legislativo fosse?

OU AINDA

Que a turba do Psol vai perder a oportunidade de judicializar até mesmo as baixas temperaturas do ar-condicionado, na sala de reuniões dos líderes partidários? [contém certa ironia].

ONDE ESTÁ O DINHEIRO?

No primeiro encontro do presidente Lula da Silva (PT) com os presidentes da Câmara e do Senado Federal, respectivamente, Hugo Motta (Republicanos-PR) e Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), o chefe do Executivo reclamou, “em tom de brincadeira”, de acordo com uma fonte, da falta de votação no orçamento da União para este ano.

UM CORONEL NO CARNAVAL

Ao contrário do que pensava o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o nome do senador Ângelo Coronel (PSD-BA) “é de batismo e não tem nada a ver com hierarquia militar”, disse certa vez ao então presidente. Nesta segunda-feira (3), Coronel, relator da Comissão Mista do Orçamento, disse que o relatório da lei orçamentária somente depois do Carnaval. “Tô me guardando pra quando o Carnaval chegar”, cantarolou uma música de Chico Buarque.

A CHAMA AINDA QUEIMA

A chegada de dois senadores ao PSDB fez a chama ser novamente [re]acesa. Oriovisto Guimarães (PR) e Styvenson Valentim (RN) migraram para o ninho tucano com o “mais nobre dos objetivos: salvar o PSDB das garras de [Gilberto] Kassab”, presidente do PSD, como disse à coluna o senador potiguar. Com as duas adesões, o PSDB volta a ter três senadores - o outro é Plínio Valério (AM) e com direito a liderança e participação nas decisões colegiadas.

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RAMALHETE DE FLOR

Bastou a primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, postar um vídeo cantarolando a nova música da cantora e ministra da Cultura, Margareth Menezes, e a internet - quer dizer, a oposição caiu de pau. Na Câmara e no Senado, rodinhas de oposicionistas eram vistas com políticos reclamando que o vídeo não é próprio para o momento de dólar elevado, inflação em alta. “Todo mundo quer dizer: bem-vinda!” Diz um trecho a música.

‘PERNAMBUCO IMORTAL’

Com uma bancada de 28 parlamentares, o Estado de Pernambuco foi o que mais elegeu integrantes nas mesas diretoras do Senado - Humberto Costa (PT), como 2º-vice-presidente. Na Câmara, os eleitos foram Carlos Veras (PT) na 1ª-secretaria e Lula da Fonte (PP), na 2ª.

PENSE NISSO!

Talvez eu nem encontre tantos motivos para elogiar as pretensões da senadora Damares Alves (Republicanos-DF) para presidir a Comissão de Direitos Humanos, mas ao menos um ela tem. Foi eleita pelo voto popular dos habitantes de Brasília.

Escutei de colegas jornalistas, de renomados parlamentares, de obscuras autoridades, muita gente dizendo que ela é conservadora. Eu digo mais, Damares é reacionária.

Em recente publicação, o historiador norte-americano Mark Lilla diz que os reacionários, como eu acho que Damares Alves é, “são, a seu modo, tão radicais quanto os revolucionários e tão firmemente presos de imagens históricas.”

Em entrevista à repórter Hérica Christian, da TV Senado, Damares Alves disse que sua prioridade à frente da Comissão de Direitos Humanos será “trazer luz para essas categorias ‘invisíveis’, como as marisqueiras”, por exemplo. “Pautas de consenso”.

É reacionária, mas é preciso passar a limpo que a luta dos direitos humanos não é tema a ser tutelado pela esquerda.

Pense nisso!

 

 

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