INVESTIGAÇÃO

MPPE pede diligências sobre agressão sofrida por vereadora, em ato contra Bolsonaro, no Recife

Liana Cirne (PT) foi atingida por spray de pimenta ao tentar negociar com policiais militares, em 29 de maio deste ano. Ela chegou a cair no chão

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Raphael Guerra

Publicado em 08/11/2021 às 17:15 | Atualizado em 08/11/2021 às 17:16
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O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) solicitou novas diligências para esclarecer a responsabilidade de policiais militares do Batalhão de Radiopatrulha que dispararam spray de pimenta no rosto da vereadora do Recife Liana Cirne (PT) em 29 de maio deste ano. Na ocasião, a vereadora tentava negociar com os PMs na Ponte Princesa Isabel, área central da capital pernambucana, onde acontecia um ato pacífico contra o governo do presidente Jair Bolsonaro. Logo após ser atingida, ela chegou a cair no chão e não recebeu nenhum socorro dos militares. 

As investigações da Polícia Civil foram concluídas no mês de setembro, mas o resultado não foi divulgado. A alegação foi de que se tratava de um caso sob segredo de justiça. Já o MPPE, em nota à coluna Ronda JC, não confirmou o sigilo. Disse que recebeu o resultado e que, após análise, foi "remetido para cumprimento de diligências". A coluna procurou a Polícia Civil na última sexta-feira e também nesta segunda (08), mas não obteve resposta sobre o pedido feito pelo MPPE. 

OUTRAS INVESTIGAÇÕES

A Delegacia da Boa Vista indiciou o policial militar do Batalhão de Choque suspeito de disparar o tiro de elastômero (bala de borracha) que deixou cego o arrumador de contêineres Jonas Correia de França, de 29 anos. A vítima passava próximo à mesma manifestação, que chegava à Ponte Duarte Coelho, quando foi atingida. Reinaldo Belmiro Lins foi indiciado por lesão corporal gravíssima e omissão de socorro. Ele responde em liberdade.

FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
PERPLEXIDADE Jonas França, 29 anos, voltava para casa quando passou bem perto do Batalhão de Choque e acabou atingido. "Difícil para mim acordar e me ver nessa situação." - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM

A pena para o primeiro crime, em caso de condenação, pode chegar a oito anos de prisão. Já para o segundo, é de até seis meses de detenção e multa arbitrada pela Justiça. A conclusão do inquérito já foi remetida ao MPPE, segundo a Secretaria de Defesa Social (SDS). Ainda não houve denúncia, no entanto.

O policial está afastado das atividades cautelarmente, com recolhimento de armamento e carteira funcional, por determinação do secretário de Defesa Social, Humberto Freire. O terceiro sargento também responde a Processo Administrativo Disciplinar (PAD) na Corregedoria, correndo o risco de ser expulso da corporação.

Além de Jonas, que perdeu a visão do olho atingido, o adesivador Daniel Campelo, 51, também passava pela manifestação e acabou atingido e ficou cego do olho esquerdo. A SDS informou que este inquérito ainda está em andamento, porque faltam diligências finais. Não foi informado se o policial envolvido na lesão da vítima foi identificado.

Por causa da truculência, 16 policiais militares (três oficiais e 13 praças) foram identificados e afastados das atividades nas ruas. Todos continuam respondendo a processos administrativos e podem sofrer penalidades. Com exceção do suspeito de atirar em Jonas, os outros 15 estão prestando serviços administrativos em suas unidades de lotação. Os nomes não foram divulgados pela pasta.

Segundo a SDS, a Corregedoria Geral, por meio da Comissão Processante, finalizou dois dos sete PADs. Os dois relatórios concluídos estão em análise pelo corregedor militar. Dos outros cinco, um está em fase final de elaboração de relatório; um está aguardando parecer da junta médica, a pedido da defesa; um está em fase de alegações finais, com pedido de vistas pela defesa; e dois estão em fase de oitiva das testemunhas.

EXONERAÇÕES

Três dias após a ação da PM, o então comandante geral da corporação, Vanildo Maranhão, foi exonerado. No seu lugar, ficou o coronel José Roberto Santana. A saída de Maranhão se deu em meio aos depoimentos que apontaram ele como o responsável por dar a ordem de ação dos policiais contra os manifestantes, mesmo com o ato ocorrendo de forma pacífica, conforme documento revelado em primeira mão pela coluna Ronda JC. Vanildo nunca veio a público dar sua versão sobre o caso. Ele foi transferido para a reserva remunerada.

Dias depois, o delegado federal Antônio de Pádua, até então secretário estadual de Defesa Social, também foi exonerado do cargo. Humberto Freire, até então secretário adjunto, assumiu a titularidade da pasta.

Bastidores da Notícia

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