JULGAMENTO FLORDELIS: delegada cita incesto e diz que provas do crime foram queimadas
A delegada Bárbara Lomba foi a primeira a ser ouvida no julgamento da pastora e ex-deputada federal Flordelis
Com informações da Estadão e Folha de S.Paulo
A delegada Bárbara Lomba, que conduziu as investigações do assassinato do pastor Anderson do Carmo, foi a primeira testemunha a ser ouvida durante o julgamento da pastora e ex-deputada federal Flordelis dos Santos Souza, que começou nesta segunda (7), no Tribunal do Júri de Niterói, Rio de Janeiro.
Flordelis é acusada de ser mandante da morte de Anderson do Carmo, seu marido, em 2019, e responde por homicídio triplamente qualificado, por motivo torpe, emprego de meio cruel e de recurso que impossibilitou a defesa da vítima, tentativa de homicídio, uso de documento falso e associação criminosa armada.
A pastora e o marido tinham cerca de 50 filhos 'adotados'. A delegada afirmou que era comum os familiares terem relações sexuais consentidas entre si.
"Para a igreja deles e sociedade era um casamento tradicional. Mas os depoimentos desmontam algo que era passado de outra forma. Não havia amor de pai e mãe, eles conviviam e as pessoas tinham relações com eles de cunho sexual", disse a delegada, segundo a Folha de S.Paulo.
Julgamento de Flordelis: provas do crime foram queimadas, diz delegada
Flordelis é julgada ao lado de três filhos- dois adotivos e um biológico- e de uma neta.
Marzy Teixeira da Silva, filha adotiva de Flordelis, é acusada de homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio e associação criminosa armada. Simone dos Santos Rodrigues, filha biológica de Flordelis, responde pelos mesmos crimes de Marzy.
Rayane dos Santos Oliveira, filha de Simone e neta de Flordelis, é acusada de homicídio triplamente qualificado e associação criminosa armada. André Luiz de Oliveira, filho adotivo de Flordelis, foi denunciado pelo uso de documento falso e associação criminosa armada.
Segundo Lomba, os policiais da Delegacia de Homicídios de Niterói, onde era lotada à época do crime, encontraram apenas cinzas no terreno da casa da família durante as buscas por pistas do assassinato.
A policial também contou que os celulares da vítima, da ex-parlamentar e de Flávio dos Santos, filho biológico da ex-parlamentar, autor dos disparos contra Anderson, desapareceram.
Um dos advogados de defesa de Flordelis, Rodrigo Faucz, tentou contestar um aspecto da investigação da Polícia Civil, envolvendo as tentativas fracassadas de envenenar Anderson do Carmo. O defensor mostrou que, segundo o inquérito, a pastora fez pesquisas sobre venenos, na internet, em 2019, depois que, em 2018, o pastor fora internado em decorrência de tentativas de envenenamento.
Faucz disse que não faria sentido pesquisar sobre meios de envenenamento depois de supostamente já ter envenenado o alvo.
"Vai ver ela (Flordelis) queria envenenar mais alguém", ironizou Bárbara Lomba. Segundo ela, o fato de ter havido pesquisa posterior não invalida a acusação de envenenamento.
Apesar da afirmação da delegada, após o depoimento da policial o advogado de Flordelis demonstrou confiança na absolvição de seus clientes no caso.
"Não tem nada que acuse diretamente a Flordelis e os demais. O que eles (a acusação) têm são apenas achismos, indícios não comprovados. Com isso, vai ser muito difícil eles conseguirem provar a responsabilidade dos meus clientes. Inexiste prova, até porque não foram eles (que cometeram o crime)", afirmou.
A promotoria perguntou à ex-titular da especializada se Flordelis, ao depor na delegacia, teria relatado ter sido agredida pelo pastor. Segundo Bárbara, a ex-deputada disse que a relação com o marido era excelente. A ex-deputada teria dito que nunca sofreu nenhum tipo de intimidação.