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Coronavírus: conheça as doenças que agravam a infecção

A covid-19 evolui de forma distinta dependendo de quem se infecta. Alguns grupos são mais suscetíveis a complicações e ao óbito, como pessoas com hipertensão e diabetes

Cinthya Leite
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Cinthya Leite
Publicado em 02/04/2020 às 0:21 | Atualizado em 02/04/2020 às 0:24
FREEPIK/BANCO DE IMAGENS
País ultrapassou marca de 53 mil mortos - FOTO: FREEPIK/BANCO DE IMAGENS

Medicina não é ciência exata e, por isso, uma doença pode se apresentar de forma diferente, com desfecho bom ou ruim, dependendo de cada paciente. É assim com a covid-19, que evolui de forma distinta dependendo de quem se infecta. Alguns grupos são mais suscetíveis a complicações e ao óbito, o que pesquisas têm constatado em locais onde a pandemia já se alastrou. No Brasil, 89% das mortes pelo novo coronavírus são de pessoas acima de 60 anos, e 84% delas tinham pelo menos um fator de risco, como doenças cardiovasculares e diabetes.

Em Pernambuco, todos os oito óbitos causados pelo novo coronavírus, registrados até a tarde da quarta-feira (1º), apresentavam doenças crônicas: problemas cardiovasculares, diabetes, câncer e doença de Parkinson. Ao considerar as oito mortes no Estado, 50% das vítimas tinham em associação hipertensão e diabetes. Um estudo publicado, no British Medical Journal (BMJ), no último dia 26, avaliou 113 pessoas que morreram com covid-19 em Wuhan, na China. Os resultados mostraram que 48% das vítimas fatais tinham pressão arterial alta; 21%, diabetes.

O médico cardiologista Hermilo Borba Griz, um dos diretores da Sociedade Pernambucana de Cardiologia, explica que normalmente hipertensão e diabetes são condições mais frequentes em pessoas idosas (em comparação com outras faixas etárias), que formam o grupo mais acometido pela covid-19. “São doenças que tendem a levar a uma alteração da imunidade, mas isso não é algo que pode se aplicar a todos os casos”, diz. Outro detalhe é que, quando se tem uma infecção grave, e não apenas pelo novo coronavírus, segundo Hermilo, substâncias tóxicas são criadas pelo agente infeccioso. “Isso pode ocasionar uma alteração no músculo cardíaco, a chamada miocardite, um problema grave que leva à falência do coração”, acrescenta o cardiologista.

Além de hipertensão e diabetes, a leucemia foi uma das condições apresentadas entre os óbitos causados por covid-19 em Pernambuco. Uma mulher de 69 anos, com esse tipo de câncer que afeta a formação das células sanguíneas e dificulta o combate a infecções, morreu em decorrência do novo coronavírus no último dia 27. O Instituto Nacional de Câncer (Inca), no mês passado, alertou que uma pessoa com câncer é mais propensa a desenvolver sintomas graves, caso tenha covid-19 e, por isso, faz parte dos grupos de risco da infecção.

Ainda entre os pacientes com mais propensão a desenvolver quadros severos da doença causada pelo novo coronavírus, estão aqueles com doença neurológica, segundo levantamento apresentado pelo Ministério da Saúde. Em Pernambuco, uma das mortes confirmadas por covid-19 na quarta (1º) foi a de um idoso de 81 anos, morador de Olinda (primeiro óbito fora do Recife, além do paciente canadense que faleceu no dia 26 de março), que tinha doença de Parkinson. Em 25 de março, ele chegou a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) com dificuldade para respirar e desorientação, além de relato de febre e tosse nos últimos dias. Precisou ser entubado. O idoso teve uma parada cardiorrespiratória na UPA e foi a óbito.

 

O neurologista Carlos Frederico Lima, coordenador do Ambulatório de Distúrbios do Movimento do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), explica que o paciente com doença de Parkinson, de forma geral, tem maior propensão a ter pneumonia, especialmente nas fases moderada e avançada da doença. “Isso acontece porque eles têm dispneia (falta de ar) em episódios e disfagia, que é a dificuldade para engolir”, diz.

O médico ainda frisa que as pessoas com Parkinson, doença mais comum entre idosos, apresentam rigidez que afeta a musculatura torácica, demandada pela respiração. “Essa condição leva a uma redução da expansão do tórax e consequentemente a uma menor capacidade respiratória. Por essa razão, qualquer doença que acomete as vias aéreas é pior para quem tem Parkinson. Isso explica por que, no caso do novo coronavírus, esses pacientes entram no grupo de risco”, destaca Carlos Frederico.

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