Das 269 vagas de unidades de terapia intensiva (UTI) do Sistema Único de Saúde (SUS) destinadas a casos suspeitos e confirmados de covid-19 em Pernambuco, 95% (256) estão ocupadas. O dado é da Central Estadual de Regulação Hospitalar do Estado e foi divulgado ontem, durante coletiva de imprensa online, pelo secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo. Com a taxa de ocupação dos leitos públicos de UTI sempre maior do que 90% nos últimos dias, o Estado tem sentido a pressão que a covid-19 joga na assistência hospitalar. Em vários momentos desta semana, Longo fez referência à possibilidade de a rede entrar em colapso, devido ao avançar da epidemia. Esse risco tem levado a gestão estadual a monitorar a ociosidade de leitos na rede privada e a contratar vagas de UTI em hospitais particulares para oferecer assistência a pacientes infectados.
“Temos obtido sucesso na contratualização de leitos (de hospitais) que nunca prestaram serviço diretamente ao SUS, o que é muito salutar”, disse o secretário. A contratualização é processo pelo qual as partes (gestor municipal/estadual do SUS e representante legal do hospital) estabelecem metas quantitativas e qualitativas de atenção à saúde e de gestão hospitalar, formalizadas por meio de convênio, contrato ou termo de ajuste. “Já estamos contratualizado com o Real Hospital Português e o São Marcos (Rede D'Or São Luiz). Em cada um, dez leitos. O Santa Joana também está com leitos para o SUS, além de outros como o Hospital Albert Sabin, que também tem mais dez vagas.” A Secretaria Estadual de Saúde (SES) também, de acordo com André Longo, está em processo de contratualização de novos leitos nas unidades do Centro de Educação Saúde Comunitário (Cesac), uma organização social mantenedora do Hospital Nossa Senhora do Ó (no Janga, município de Paulista, no Grande Recife) e Hospital e Maternidade Nossa Senhora do Ó (no Prado, Zona Oeste da capital pernambucana).
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Todas essas vagas contratualizadas fazem parte do conjunto de 269 leitos destinados a pacientes com diagnóstico de covid-19 ou com suspeita da doença regulados pelo Estado. "O sistema público fará pagamento adequado, aos hospitais privados, de todos os leitos que forem utilizados (pelo SUS)", frisou Longo, que destacou a relação de cordialidade que tem com sindicatos dos hospitais, clínicas e laboratórios privados. “São parceiros no enfrentamento ao novo coronavírus.”
Em março, o Sindicato dos Hospitais, Clínicas, Casas de Saúde e Laboratórios de Pesquisas e Análises Clínicas do Estado de Pernambuco (Sindhospe) promoveu reunião para debater o plano de contingência dos hospitais privados. O planejamento, segundo assessoria de comunicação da entidade, teve como objetivo atender a uma solicitação do governo de Pernambuco para disponibilizar leitos para atendimento de casos de pacientes com covid-19. O Sindhospe ainda disse que a instituição desconhece a quantidade de leitos de UTI na rede privada. “Não temos a informação, já que cada hospital negociou diretamente com a SES o repasse de leitos.”
Ao longo de toda esta semana, André Longo externou a preocupação com aceleração da curva epidêmica e com a ocupação dos leitos. “Os hospitais particulares têm uma oferta ajustada (de vagas em UTI e isolamento). Temos acompanhado (a demanda), até porque nos interessa em algum momento utilizar aquilo que for a ociosidade dos privados para eventualmente atender doentes do SUS”, disse. O secretário acrescentou que a legislação permite, quando necessário, que o Estado faça requisição desses leitos. “Isso tem sido feito através de um diálogo respeitoso", frisou Longo.
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