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Recife é capital com maior taxa de mortalidade por covid-19 a cada 100 mil habitantes no Nordeste

Recife tem a taxa mais alta, no recorte feito a cada 100 mil habitantes. Em número absoluto, a capital fica em 3º lugar

Cinthya Leite
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Cinthya Leite
Publicado em 20/10/2020 às 10:31 | Atualizado em 20/10/2020 às 20:42
BOBBY FABISAK/JC IMAGEM
Taxa de mortalidade do Recife é o dobro da nacional, de 72,6. - FOTO: BOBBY FABISAK/JC IMAGEM

No Nordeste, o Recife passa a ser a capital com a maior taxa de mortalidade por covid-19 a cada 100 mil habitantes, segundo análise que considera os dados oficiais das Secretarias Municipais de Saúde da região divulgados até o último domingo (18). Um retrato do número absoluto de óbitos pela doença nessas nove cidades nordestinas, quase sete meses depois da primeira morte confirmada pelo novo coronavírus na capital pernambucana, mostra que o Recife está na terceira posição do ranking, com 2.429 mortes desde o dia 12 de março, atrás de Salvador (2.604) e Fortaleza (3.890). Agora, a capital pernambucana chega a 146,9 mortes por 100 mil habitantes (mortalidade). É uma taxa maior do que a da cidade de São Paulo (107,7), que tem uma população aproximadamente sete vezes maior do que a do Recife.

Esse é um indicador que mede o risco de pessoas virem a ter a doença e, em seguida, morrer por complicações da infecção. A partir da análise desse coeficiente, que é usado para tornar homogêneos e padronizados os dados de cada localidade, constata-se que, na capital pernambucana, morre-se mais por covid-19, em relação ao número de habitantes, do que em São Paulo. Outro detalhe é que a taxa de mortalidade do Recife é o dobro da nacional, de 72,6.

Em entrevistas sobre o assunto, o secretário de Saúde do Recife, Jailson Correia, tem explicado que cidades que primeiramente viveram a onda da covid-19 (Recife alcançou o pico da curva epidêmica, segundo autoridades de saúde, entre o fim de abril e primeira quinzena de maio) tendem a ter um número acumulado de mortes significativamente maior do que aquelas que superaram mais tardiamente toda a pressão inicial da pandemia. “Nosso pico de casos foi muito precoce, mas a cidade se mobilizou para atender a população. Quando o Ministério da Saúde criou diretrizes para criação dos hospitais de campanha, o Recife já tinha sete prontos”, diz Jailson.

Neste mês, a capital pernambucana chegou a cerca de 150 dias de redução nos indicadores da doença, o que tem levado à retomada de atividades socioeconômicas e culturais, como a abertura das praias, parques, comércio e museus. Entre os dados registrados pela Prefeitura do Recife recentemente, está a queda de 95% das mortes por covid-19 na comparação de maio (1.151) com setembro (55), de acordo com a data de ocorrência dos óbitos.

Agora o desafio da população é conviver de forma segura e consciente com a pandemia, sem deixar ser acometida por um estado de fadiga das medidas de proteção. Afinal, a fraca adesão aos cuidados tem preocupado especialistas e autoridades sanitárias locais, pois essa negligência pode criar condições para que haja novas ondas de covid-19.

Na visão do epidemiologista Rafael Moreira, pesquisador da Fiocruz Pernambuco e professor da UFPE, a tendência de indicadores em queda no Recife é uma realidade, com pequenas oscilações. “A nossa capital, assim como Fortaleza (a segunda em taxa de mortalidade no Nordeste), é bastante populosa. E sabemos que, quanto maior o número de pessoas exposto (ao vírus), maior é a chance de infecção, de desenvolvimento de quadros graves e de óbitos. Isso é um dos fatores que poderiam explicar por que há manutenção da taxa elevada de mortalidade”, pressupõe.

Ainda segundo Rafael, é necessária uma análise detalhada para se investigar a composição etária e socioeconômica das mortes mais recentes. “Precisamos saber se o vírus continua ainda a causar mais quadros graves em idosos e se o adulto jovem pode estar contribuído mais com o perfil dos óbitos”, acrescenta o epidemiologista.

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