Ao divulgar a nova campanha do Governo de Pernambuco para conscientizar a população sobre a covid-19, o Estado informou ontem, em coletiva de imprensa, que foi registrado o menor número de casos graves suspeitos por semana epidemiológica para a doença desde o início da epidemia no território pernambucano. Uma análise, contudo, sobre a positividade desses casos suspeitos revela que esse indicador tem aumentado.
Na semana epidemiológica de número 39 (20/09 a 26/09), cerca de 21% dos casos graves suspeitos para o novo coronavírus foram confirmados. Na última semana, a de número 46 (08/11 a 14/11, a mesma em que foi registrado o menor volume de quadros graves suspeitos ao longo de oito meses), a positividade pulou para 33%, em média, segundo revela o histórico de dados do boletim epidemiológico de ontem. Ou seja, um terço das notificações de síndrome respiratória aguda grave (srag) teve como causa, na última semana, a covid-19. Ainda assim, em coletiva de imprensa transmitida pela internet, o secretário Estadual de Saúde, André Longo, destacou que o governo não vislumbra a necessidade de retrocesso no nosso plano de convivência com a pandemia.
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"Os números de Pernambuco não configuram, em momento algum, que a gente esteja entrando numa segunda onda. A situação europeia aponta para a necessidade de nos estruturarmos para o futuro, se a vacina não chegar antes", informou o gestor. De fato, especialistas têm ressaltado que o momento vivenciado agora não se trata de uma nova onda da covid-19, como tem ocorrido na Europa. "Existe atualmente um repique da primeira onda, que nunca foi controlada. O que temos agora é a tendência de aumento de casos", acredita o médico sanitarista Tiago Feitosa. Apenas ontem Pernambuco confirmou 908 novos casos da doença, sendo 97,5% deles considerados leves. E a semana de número 46, que trouxe a queda dos casos graves suspeitos, despontou com incremento no acumulado de confirmações (leves e graves). Foram 4.631 diagnósticos positivos para a doença - cerca de 1,6 mil a mais do que na semana anterior, a de número 45.
"É fato que, completado o nosso plano de convivência com a covid-19 e com o cansaço natural das medidas restritivas por parte da população, há uma maior exposição de alguns grupos de pessoas", frisou André Longo, que chamou a atenção para relatos de profissionais de saúde. "Eles dizem que muitas dessas exposições (ao vírus) tem se dado em reuniões familiares e de amigos. As pessoas passaram a interagir mais, e isso as expõe mais. Temos, então, maior incidência de casos leves e, em algumas semanas, de graves", explicou o secretário durante a coletiva de imprensa. Ele acrescentou que esse cenário configura um processo que não é de segundo onda. "São oscilações leves para mais ou para menos."
Ainda segundo André Longo, os dados epidemiológicos da 46ª semana tiveram impacto direto nos indicadores hospitalares, com quedas entre 3,9% e 14%, entre mobilizações para vagas de enfermaria e de terapia intensiva (UTI). "Na semana passada, tivemos uma queda de 3,9% nas solicitações por leitos de enfermaria e de 14% em relação aos leitos de UTI. Já na comparação de 15 dias, a queda foi de 5,7% nos pedidos de vagas de enfermaria e de 10% nos de terapia intensiva."
Mobilização
Lançada ontem, a campanha de conscientização sobre o novo coronavírus será transmitida nas TVs, rádios e portais de internet em todo o Estado. O material também será veiculado em outdoors e backbus. "Isso reforça o que precisa ser entendido por todos: o vírus continua entre nós e, para que haja contaminação, só é preciso um descuido. Não é o momento de abandonar os cuidados. Manter as mãos sempre limpas, praticar o distanciamento social, evitar aglomerações e usar a máscara corretamente (cobrindo sempre a boca e o nariz) são as únicas formas efetivas de se proteger contra o novo coronavírus", destacou André Longo.
O secretário também destacou a importância do envolvimento da sociedade para controlar a pandemia. "Precisamos da compreensão e do senso de responsabilidade de toda a população. O relaxamento nos cuidados de forma recorrente poderá trazer um aumento na contaminação, gerar novos casos e propiciar mais mortes. Os indicadores registrados nos últimos dias não significam que temos algo a comemorar e que estamos numa situação tranquila. A pandemia ainda não acabou", alertou André Longo.
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