Era covid deixa zika no esquecimento

Publicado em 29/11/2020 às 2:00
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Hospital Oswaldo Cruz após três meses do primeiro caso de covid-19 chega ao número de 1000 altas - FOTO: YACY RIBEIRO/JC IMAGEM
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Fundado em 1884 com o nome de Hospital Santa Águeda, com o objetivo de oferecer assistência para o combate a epidemias (especialmente a de varíola e tuberculose), o Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc) completa 136 anos durante a crise sanitária imposta pelo novo coronavírus e seus efeitos sociais e econômicos. Localizado no bairro de Santo Amaro, área central do Recife, o Huoc conta hoje com dez pavilhões (unidades de internação), dois blocos cirúrgicos, quatro unidades de terapia intensiva (UTI) definitivas, central de quimioterapia e mais áreas de apoio que incluem serviços de imagem, laboratórios, farmácias, ambulatórios, nutrição e áreas administrativas. Juntos esses espaços do hospital compõem um complexo assistencial numa estrutura que unifica prédios históricos e setores modernos. Nesse contexto, o Huoc desponta como referência para as doenças infecciosas e parasitárias, câncer, transplante hepático e neurologia entre outras especialidades clínicas e cirúrgicas.

"O Oswaldo Cruz termina sendo a segunda casa de quem trabalha neste hospital. De toda a minha vida médica e antes, na graduação, o Huoc faz parte. A paixão das equipes é imensa, e eu vi isso durante esta pandemia. Quando convocados, todos os profissionais do hospital, mesmo de outras especialidades (que não lidam com doenças infecciosas), atenderam ao chamado para encarar desafios que, se não fosse a covid, jamais enfrentariam", destaca o chefe do setor de doenças infectocontagiosas do Huoc, Demetrius Montenegro.

Durante a pandemia do novo coronavírus, a estrutura pavilhonar do hospital tem sido aliada na organização da assistência, pois permite melhor definição do fluxo de atendimentos e circulação de pessoas. Foram gradativamente destinados, ao tratamento da covid-19, 135 leitos de enfermaria e 48 leitos de UTI. Um dos pavilhões, o Júlio de Melo, foi preparado para acomodar 30 leitos de UTI. Além disso, uma UTI com 10 leitos foi completamente montada e a UTI pediátrica existente foi adequada para garantir segurança na assistência. "Durante o pico da pandemia, mais da metade do Huoc estava voltada à covid-19. Com a queda e estabilidade, muitos leitos passaram a ficar ociosos. Assim, reduzimos as vagas para reabrir os ambulatórios. Hoje, para casos com sintomas do novo coronavírus, são 32 vagas ativas de enfermaria para adultos e 15 na pediatria. Outros 20 leitos são de UTI adulto e 5 são pediátricos", disse Demetrius. No auge da curva epidêmica, o Huoc alcançou o número de 113 enfermarias e 40 leitos de UTI para adultos.

Ainda em meio ao tsunami da covid-19, o hospital precisou ampliar e assistir as equipes. Foram contratados 759 funcionários, entre temporários e concursados. Mais de 3 mil profissionais estiveram envolvidos no enfrentamento à covid-19. O Núcleo de Assistência ao Servidor foi reorganizado para prestar atendimento aos funcionários infectados, inclusive com coleta de exames para diagnóstico da doença e acompanhamento das complicações. Os serviços de psiquiatria e de psicologia ofereceram assistência presencial e remota aos funcionários. O grupo Comvida Huoc, criado por servidores durante a pandemia, promoveu ações de mobilização da sociedade civil e entidades públicas e privadas para o apoio aos funcionários e à instituição, captando doações de equipamentos de proteção individual (EPI), outros insumos para a assistência e também para diversas ações de humanização no hospital.

"Todo mundo se empenhou muito nesta crise. Foi uma lição imensa para a gente. Quero ressaltar todo o meu agradecimento, em nome de toda a direção, aos profissionais que viveram esta guerra", sublinha Demetrius, que se refere ao momento mais duro da epidemia, de abril a junho, quando o Estado viveu explosões de casos. Ainda assim, ele frisa que a pandemia não acabou e, se necessário, sabe que o Huoc terá que retomar parte da operação criada no início da pandemia.

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Quero ressaltar meu agradecimento aos profissionais que viveram esta guerra. Mas a pandemia não acabou. Não vivemos uma 2ª onda porque a 1ª ainda não acabou. Mas claramente temos repique de casos. Se será tão grave como foi no início, é uma interrogação", diz Demetrius Montenegro - FOTO:LEO MOTTA/JC IMAGEM

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