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Obesidade aumenta risco de covid-19 grave, mesmo na ausência de outras doenças

Alerta, feito por médicos, reforça que isoladamente a obesidade é um fator que impulsiona a progressão rápida da infecção, além de aumentar a probabilidade de internação em unidade de terapia intensiva (UTI) e morte

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Cinthya Leite

Publicado em 02/04/2021 às 19:50 | Atualizado em 03/04/2021 às 8:32
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A chance de uma pessoa com obesidade apresentar quadros graves de covid-19 é alto, mesmo que seja um adulto jovem ou não tenha outras doenças como diabetes, hipertensão, doença cardíaca ou pulmonar. A ciência, desde o último trimestre de 2020, tem publicado estudos que confirmam e explicam como a obesidade, isoladamente, é um fator que impulsiona a progressão rápida da infecção, além de aumenta a probabilidade de internação em unidade de terapia intensiva (UTI) e morte.

Confira entrevista sobre covid e obesidade na Rádio Jornal:


Entre as explicações que justificam a severidade da doença nesse público é o fato de o tecido adiposo (que armazena gordura) armazenar o vírus, o que pode mantê-lo por mais tempo no organismo. Outro detalhe é que as pessoas que têm sobrepeso têm uma capacidade limitada de inibir a replicação viral. Isso faz com que, ao ser infectadas, tenham uma carga viral maior, em comparação com pacientes que não vivem com obesidade.

 

THEO HOLANDA/DIVULGAÇÃO
A experiência tem comprovado que pessoas com obesidade e que perderam peso acompanhadas por especialistas têm mais chance de, se forem infectadas, desenvolverem formas leves da doença e reagirem melhor ao tratamento do coronavírus", informa a endocrinologista Karina Santos - THEO HOLANDA/DIVULGAÇÃO

"A associação entre excesso de peso e risco de morte por coronavírus se torna mais preocupante se consideramos que muitas pessoas engordaram na pandemia; outras, que já tinham sobrepeso ou obesidade, ganharam ainda mais peso", destaca a endocrinologista Karina Santos, que atua na linha de frente do combate à doença, na rede de saúde da capital pernambucana.

O médico Sérvio Fidney, chefe do serviço de Cirurgia Geral e Bariátrica do Hospital Agamenon Magalhães e cirurgião da equipe do Real Hospital Português, acrescenta que, quando a obesidade está associada a outras doenças (como diabetes e hipertensão), o risco de a pessoa apresentar formas graves da covid-19 se torna ainda maior.

"Estudos europeus mostram que aproximadamente 50% dos pacientes internados, por causa da infecção pelo novo coronavírus, têm obesidade. São pessoas que já têm previamente um quadro inflamatório, geralmente respiram mal e possuem um maior risco de trombose. E a covid-19 é caracterizada pela elevada inflamação pulmonar, que pode ser potencializada pela obesidade", alerta Sérvio Fidney.

GLEYSON RAMOS/DIVULGAÇÃO
Sérvio Fidney, cirurgião, chefe do serviço de Cirurgia Geral e Bariátrica do Hospital Agamenon Magalhães, cirurgião da equipe do Real Hospital Português e à frente do Núcleo de Cirurgia e Obesidade do Hospital Jayme da Fonte - GLEYSON RAMOS/DIVULGAÇÃO

Bariátrica

Presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica em Pernambuco, Guilhermino Nogueira destaca que a cirurgia bariátrica, quando bem indicada, tem forte fator protetor para o paciente, pois pode tirá-lo do grupo de risco da covid-19 em 40 dias após o procedimento, com a redução de peso e controle de doenças preexistentes.

"Estudos mostram que pacientes com obesidade têm 46% mais chances de desenvolver a forma grave da infecção e 50% mais risco de morte. Por isso, o Conselho Federal de Medicina emitiu recomendação advertindo que cirurgias bariátricas não devem ser suspensas", ressalta Guilhermino, que é cirurgião da Rede D'Or São Luiz.

 

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