Conexão Saúde

Home office precisa de rotina: crie "áreas verdes" de lazer

Live realizada pelo JC trouxe especialistas para falar de saúde mental, vacinação e doenças oculares durante a pandemia

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Maria Luiza Borges

Publicado em 30/06/2021 às 21:56
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"Como anda a sua cabeça em tempos de pandemia?" essa foi uma das indagações feitas pelo psiquiatra Jairo Bouer, na live Conexão Saúde - Caminhos para Equilíbrio do Corpo e da Mente na Pandemia, promovida pelo Jornal do Commercio nas redes sociais do Sistema Jornal do Commercio. O evento, realizado na noite desta quarta (30), nos estúdios da TV Jornal, reuniu ainda o oftalmologista Àlvaro Dantas, que falou sobre a síndrome do olho seco, doença agravada com a pandemia, e ainda o biomédico Jurandy Magalhães, do Conselho Regional de Biomedicina-PE. A mediação ficou por conta da jornalista Anne Barreto, âncora da TV e da Rádio Jornal.

"O Brasil sempre apareceu nas listas dos cinco maiores países quando se falava de depressão e ansiedade. E isso se agravou na pandemia", destacou Bouer. Ele diz que o home office, que se tornou comum com a covid, precisa ter uma rotina definida. "As pessoas começam a trabalhar na cama, não têm tempo de se levantar, não fazem atividade física, não comem direito...", resume.

Faça pausas, crie "áreas verdes"

"É preciso organizar a rotina, criar momentos de 'áreas verdes', em que a pessoa faça alguma coisa que seja legal para ela. Pode ser ver um filme, fazer uma caminhada, meditar... Reserve momentos do dia para você", comenta o especialista, lembrando que uma rotina saudável, com boa alimentação e atividades físicas, contribui não só com a parte física, mas também com a saúde mental.

Outro aviso importante: "Todos nós oscilamos. Temos que entender que essas oscilações podem acontecer, desde que elas não sejam muito intensas". Bouer lembra que as pessoas não têm dificuldade de procurar ajuda para um problema de saúde físca, mas têm uma tremenda dificuldade de procurar ajuda quando passam por um sofrimento mental. Ele defende que as pessoas percam a inibição de contar que estao sofrendo. "Fale se tiver dificuldade de dormir, ou de comer, ou anda muito ansioso. Converse com alguém, ouça perspectivas diferentes", continuou.

Mais complicada ainda é a situação de quem perdeu alguém muito próximo e, no caso da covid, nem pode se despedir, ou velar. "Já se fala que a sociedade vive uma sindrome do estresse pós-traumático coletivo, com medo de seguir em frente por conta das perdas, dos receios", diz. 

Vacinas

Também convidado do programa, o professor Jurandy Magalhães, vice-presidente do Conselho Regional de Biomedicina, falou sobre o papel da vacinação no cenário da pandemia. "A vacina não foi feita para o individual. A vacina foi feita para o coletivo", explicou. Ele deu como exemplo o caso de uma cidade do interior de São Paulo onde a imunização de 70% da população provocou uma queda de 95% do número de óbitos pela covid.

Por isso, ele considera uma preocupação desnecessária a busca por testes pós-vacinação para detectar os anticorpos contra o vírus. "Produzir anticorpos neutralizantes é apenas uma das maneiras do nosso organismo se defender do vírus. Mesmo que o teste dê negativo, você pode estar protegido. Não entre nessa corrida de testar os anticorpos. Não se desespere nem vá procurar outra vacina", defende Jurandy.

Olho seco

Ainda falando de efeitos da pandemia, o oftalmologista Àlvaro Dantas, do ICONE (Instituto de Cirurgia Ocular do Nordeste) destacou o crescimento do número de casos da sindrome do olho seco, quando a lubrificação adequadra do olho fica comprometida. Doença que normalmente acomete 30% da população, agravada por fatores como envelhecimento, menopausa, diabetes, uso de lentes de contato, etc, com a pandemia entraram em cena dois fatores extras para que o número de casos aumentasse. O primeiro é a quantidade de horas em que as pessoas estão diante de telas, em atenção concentrada. O segundo é o uso contínio de máscaras, que pode afetar a região do canal lacrimal.

Ardência, sensação de areia nos olhos e até lacrimejamento são sintomas de que a produção lacrimal ou está baixa ou está sendo feita com má qualidade. Atualmente, há exames muito precisos para detectar a doença e seu grau de comprometimento, que pode chegar a casos graves.

O médico dá algumas dicas de prevenção, como evitar evitar fonte de ar diretamente no olho, suspender uso de lentes de contato, ter uma alimentação rica em ômega 3 (presente nos frutos do mar e nas nozes), comer mais comidas naturais ("descascar mais e desembalar menos"), evitar o álcool e o fumo. O médico Álvaro Dantas fala ainda que algumas medidas como lavar diariamente a região dos cílios com xampu infantil dão um suporte extra à prevenção.

O tratamento pode ser desde a adoção de medidas alimentares e higiênicas até uso de medicamentos, de equipamentos que realizem uma massagem e "ordenha" da glândula, e até mesmo cirurgia. A doença é considerada incurável e muito associada à vida moderna, como o uso intenso de celular e computador. "Qualquer elemento que faça você prestar muita atenção inibe o ato de piscar. E isso expõe mais a superfície ocular e inibe o lacrimejamento". O conselho do especialista é não exagerar. "Faça intervalos. Pingue um lubrificante se for necessário e fique atento aos sinais", conclui.

Confira a live Conexão Saúde

O Conexão Saúde é um projeto com o oferecimento do Instituto de Cirurgia Ocular do Nordeste (ICONE) e do Conselho Regional de Biomedicina da 2ª Região (CRBM2), e patrocínio da MV e da Clínica Ninho.

 

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