De ampola a garrafa de creolina: veja objetos históricos encontrados no solo do Butantan durante obras do parque
Creolina é um produto químico que foi muito usado durante o surto de peste bubônica no Brasil, por volta de 1899
O parque do Butantan foi fechado durante a pandemia de covid-19 para evitar aglomerações e proteger o público. Durante esse tempo, o instituto aproveitou para modernizar diversas áreas e prédios. E conforme as obras e escavações avançam, aparecem objetos centenários como garrafas, um bloco de pedra de basalto e uma antiga ampola – contando um pouco da história dos 120 anos do próprio Butantan.
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“A gente está com várias obras, e a maior delas é a do Boulevard (um novo espaço de convivência). Boa parte desses objetos foram encontrados durante essa obra ou nas redondezas, onde também ficava a casa do Vital Brazil”, conta a arquiteta do Butantan Caroline Tonassi Costa, referindo-se ao médico sanitarista que foi o idealizador e primeiro diretor do instituto. “O pessoal da obra avisou a gente sobre essas relíquias, e nós nos propusemos a guardar.” Caroline e a equipe conversaram com o setor cultural do Butantan, que se interessou em manter as peças e expor futuramente.
As obras no Butantan devem continuar em 2022, e quem sabe, novos artefatos serão encontrados até lá.
Veja o que já foi encontrado:
Garrafa de creolina
Este produto químico foi muito usado durante o surto de peste bubônica no Brasil, por volta de 1899, como sistema de controle sanitário. O desinfetante era utilizado nas ruas e casas para limpeza e para afastar os ratos, hospedeiros da bactéria Yersinia pestis. A peste bubônica é considerada até hoje a pior pandemia da história. A estimativa é que a garrafa (na foto que abre esta matéria) encontrada no Butantan tenha cerca de cem anos de idade.
Tijolo de basalto
O basalto é uma rocha vulcânica, que dificilmente quebra e é resistente a produtos químicos agressivos. O exemplar encontrado no Butantan tem inscrições de Osasco, município da região metropolitana de São Paulo, mais especificamente da família Lavaud. O primeiro morador de Osasco com esse sobrenome foi o espanhol Dimitri Sensaud de Lavaud, que chegou à cidade em 1898. A família de Dimitri era dona da Grande Olaria Francesa de Sensaud de Lavaud, vendida em 1912. Dimitri entrou para a história dois anos antes, ao construir o “São Paulo”, primeiro avião fabricado no Brasil, e ter feito o primeiro voo registrado na América Latina, em janeiro de 1910.
Garrafa de vinho
A garrafa, que parece ser de vinho, foi achada dentro da antiga casa de Vital Brazil. “Esse achado foi bem diferente. A gente fazia uma obra no prédio da Biblioteca, o edifício Vital Brazil, e na remoção de um piso de madeira tinha essa garrafa, bem suja”, destaca a arquiteta. Caroline acredita que a garrafa seja bem antiga, pelas deformações e arranhões, mesmo se tratando de um vidro muito grosso e forte.
Ampola
A ampola, também encontrada nos arredores da casa onde morou Vital Brazil, parece ter sido usada pelos primeiros cientistas do instituto. Ao conversar com os pesquisadores do Butantan, Caroline ouviu que o frasco é bem antigo – alguns deles nunca tinham visto algo assim.