COLUNA SAÚDE E BEM-ESTAR

No Recife, aumenta para 117 o número de casos de lesões que provocam coceira na pele

A maior parte dos pacientes reporta o surgimento de lesões, em geral, no tronco e nos braços. A doença segue sob investigação

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Amanda Azevedo, Cinthya Leite

Publicado em 22/11/2021 às 22:23 | Atualizado em 26/11/2021 às 22:14
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Aumentou de 105 para 117, no Recife, o número de casos de lesões na pele que provocam coceira. O balanço foi atualizado pela Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) na noite desta segunda-feira (22). Outras cidades da Região Metropolitana, como Paulista e Camaragibe, também têm registros da doença, que permanece um mistério para as autoridades sanitárias, pesquisadores e médicos. No total, há 184 notificações relacionadas ao surto no Estado.

De acordo com a Secretaria de Saúde da capital pernambucana, a maior parte dos pacientes reporta o surgimento de lesões, em geral, no tronco e nos braços, acompanhadas de coceira. "É importante destacar que, até agora, não houve o registro de agravamento associado a esses quadros", diz a pasta, em nota.

Os primeiros casos vêm do começo de outubro, mas a Vigilância Epidemiológica do Recife só ficou ciente da ocorrência no início deste mês, quando recebeu a notificação de cinco registros de crianças com lesões e coceiras na pele, no Córrego da Fortuna e no Sítio dos Macacos, na Zona Norte da cidade.

As investigações no Recife estão sendo feitas por meio de exames laboratoriais e de ações como a captura de mosquitos e de ácaros nas localidades onde moram os pacientes. Nesta semana, serão realizados exames de raspado de pele em pessoas que apresentaram os sintomas.

Em Paulista, os três primeiros pacientes são do sexo masculino. Um tem 17 anos e os outros têm 26. Segundo a gestão municipal, os sinais começaram na primeira metade de novembro. Os três foram atendimentos na Prontoclínica Torres Galvão, na área central da cidade. Não há indícios de que os pacientes tenham apresentado piora noturna e outros sinais e sintomas.

Outros dois pacientes, identificados no último domingo (21), estão sendo monitorados. Segundo a prefeitura, ambos estão sendo triados para a notificação ao Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (CIEVS-PE). Não foram divulgados detalhes sobre eles.

Em Camaragibe, pelo menos 62 pessoas manifestaram o mesmo quadro. A Vigilância em Saúde da cidade está realizando um estudo clínico epidemiológico com o levantamento de informações acerca de diagnósticos, caso a caso, dos pacientes atendidos Hospital Aristeu Chaves. Em paralelo, outra pesquisa busca identificar os causadores do surto. A gestão acredita em possíveis insetos ou artrópodes. "A água da rede de abastecimento nas residências também está sendo coletada para análises. Ressaltamos que nossas unidades básicas de saúde realizam testes de covid-19 e sorológico para arboviroses", informou, em nota, a prefeitura.

Na última sexta-feira (19), representantes da Secretaria Executiva de Vigilância em Saúde do Recife, da Secretaria Estadual de Saúde e do Instituto Aggeu Magalhães, unidade da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em Pernambuco, além de um médico infectologista e de um médico epidemiologista, estiveram reunidos para discutir os casos, mas não chegaram a uma conclusão.

O médico infectologista Demétrius Montenegro, chefe do setor de doenças infectocontagiosas do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), explica que o mais intrigante é que os casos notificados não apresentam um padrão. "A variabilidade das lesões é grande. Por isso, identificar a causa não é simples. Mais de 80% das pessoas acometidas apresentam apenas as lesões de pele e a coceira. Uma pequena parcela também relata febre. Isso pode levar a uma superposição de diagnóstico, o que dificulta a investigação. É um trabalho de juntar peças de um quebra-cabeça", sublinha.

Recomendação

É importante que as pessoas não se automediquem e mantenham as mãos higienizadas. A recomendação é buscar uma unidade de saúde para receber o atendimento médico e tratar os sintomas. Para os profissionais de saúde, a orientação é de que os casos suspeitos sejam notificados em até 24 horas, conforme alerta epidemiológico enviado para as redes pública e privada de saúde.

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