Pernambuco pode ter um surto de gripe em pleno verão, como no Rio de Janeiro? Veja o que diz secretário
Com taxa de cobertura vacinal contra influenza em baixa, o terreno ser torna fértil para uma explosão de casos de gripe
Com a predominância da covid-19 por quase dois anos em Pernambuco, o vírus influenza está sem circular no Estado desde o fim de abril de 2020. Neste momento de flexibilização ampliada das medidas restritivas, com a população retomando as atividades sociais, passamos a ficar mais expostos a condições que favorecem a transmissibilidade dos vírus, como o da gripe. A doença chama a atenção da autoridade sanitária máxima no Estado, o secretário André Longo, que atenta para o surto de influenza no Rio de Janeiro, onde o volume de casos, em pleno verão, já faz alguns especialistas considerarem o cenário como uma epidemia.
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A capital carioca registrou 23 mil casos de gripe nas últimas semanas. Postos de atendimento específicos precisaram ser abertos para tratar pacientes com a doença. "Para o enfrentamento desse cenário epidemiológico, a Secretaria Municipal de Saúde tem intensificado a campanha de imunização contra gripe dos cariocas, de acordo com a disponibilidade de doses, e tem aberto um processo de contratação de 350 profissionais de saúde para reforçar a rede de assistência municipal", informou, em nota, a secretaria.
Em Pernambuco, apesar de não ter sido detectada a circulação da influenza desde o fim de abril de 2020, André Longo garante que a vigilância epidemiológica não tira de vista os resultados das amostras de vírus respiratórios. "Temos feito uma amostragem bem significativa, pois toda a testagem de srag (síndrome respiratória aguda grave) e dos nossos centros de testagem tem considerado todo o painel viral, que inclui também análise para influenza. E a gente não tem visto realmente a ocorrência de gripe aqui no Estado", garante o secretário.
Neste ano, segundo a Secretaria Estadual de Saúde, além do coronavírus, os agentes respiratórios que mais têm circulado são o VSR (sigla para vírus sincicial respiratório, responsável pela maioria dos casos de infecções do trato respiratório inferior em bebês), com 3.870 casos, e o rinovírus (a mais comum causa de resfriado), com 4.121 registros. Nada de influenza. "Precisamos estar atentos a este movimento. Alguns pesquisadores tinham atentado para isso: à medida que o vírus deixa de circular um tempo, ele pode voltar com mais força, principalmente porque se relaxa no processo de vacinação. Nós procuramos, aqui, trabalhar a vacinação conta os vírus da gripe, mas infelizmente não batemos meta", lamenta André Longo.
Com os indicadores de cobertura vacinal da influenza em baixa, o terreno ser torna fértil para uma explosão de casos de gripe, assim como ocorre no Rio de Janeiro. Devido à mobilidade nacional, especialmente favorecida pela malha aérea, é esperada a disseminação dos casos para outras localidades, o que pode ser constatado nas próximas semanas. A baixa cobertura vacinal contra gripe certamente favorece uma maior capacidade de expansão do vírus influenza, inclusive em Pernambuco.
"Contra a influenza, não temos hoje uma cobertura vacinal muito boa em Pernambuco, apesar de as taxas de imunização serem expressivas em alguns grupos. Obviamente não alcançamos meta (na campanha de vacinação contra gripe) este ano, mas acho que nenhum Estado brasileiro atingiu, porque as pessoas estavam muito focadas em covid-19", destaca André Longo. Ele acrescenta que, mesmo com a mobilização para se vacinar contra o coronavírus, a população não deve relaxar em relação a outros imunizantes. "Ainda há vacina contra gripe nos municípios. É importante que os mais vulneráveis, principalmente crianças e idosos que ainda não se vacinaram, procurarem um posto de saúde."
Durante a campanha de vacinação contra a influenza deste ano, com público de 3,5 milhões de pernambucanos a ser imunizados, foram aplicadas 2.776.329 doses de vacinas. Entre os públicos prioritários, foi obtida uma cobertura de 84,9% entre as crianças, 100,3% das gestantes, 111,9% das puérperas, 75% dos trabalhadores de saúde, 97,9% da população indígena e 68,8% dos idosos. O ideal é que a taxa de cobertura vacinal seja de, pelo menos, 90% em cada grupo.