COVID-19

Só 16% das cidades brasileiras têm mais de 80% da população com esquema vacinal completo, diz Fiocruz

Um levantamento feito por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) aponta que a campanha de vacinação contra covid-19 no País, iniciada há quase um ano, vem sendo marcada por desigualdades sociais

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JC

Publicado em 22/12/2021 às 22:06 | Atualizado em 23/12/2021 às 2:38
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Um levantamento feito por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) aponta que a campanha de vacinação contra covid-19 no País, iniciada há quase um ano, vem sendo marcada por desigualdades sociais. Segundo o documento, somente 16% dos municípios brasileiros contabilizam mais de 80% da população com o esquema vacinal completo.

Dentre os fatores sociais avaliados pelos pesquisadores estão o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), além de aspectos ligados à renda e localização geográfica. Nos municípios com menor IDH, são mais baixas as taxas de vacinação. Os dados estão em uma nota técnica divulgada essa semana.

"O estudo observou o comportamento da pandemia nos últimos dois anos, além de indicadores sociais e aqueles relativos ao avanço da aplicação das vacinas contra a Covid-19 durante o ano de 2021. Na comparação entre os municípios considerando o tipo da dose (primeira, esquema completo e reforço), o IDH e o tamanho da população residente nestas cidades, foi observado que há uma queda de quase 20% na cobertura da primeira dose, de acordo com o nível de desenvolvimento dos municípios", diz a Fiocruz.

De acordo com a nota: "na primeira dose, o grupo de municípios com IDH muito alto apresentava, no último dado disponível, percentual de imunização de cerca de 80%, enquanto no grupo de municípios com IDH baixo, esse percentual é de 60%. Na segunda dose, o grupo de municípios com IDH muito alto apresenta cerca de 70% da população com esquema vacinal completo, enquanto no grupo de municípios com IDH baixo, é cerca de 50%. Em relação à terceira dose, o grupo de municípios com IDH muito alto apresenta cerca de 10% da população imunizada; no grupo de municípios com IDH baixo esse percentual é de somente 2,5%".

Considerando o aspecto geográfico, a nota aponta que algumas regiões têm uma parte expressiva de seu território abaixo dos índices ideais de vacinação. "Enquanto as regiões Sul e Sudeste apresentam elevado percentual da população imunizada, áreas da região Norte, Nordeste e Centro-Oeste ainda apresentam bolsões com baixa imunização para covid-19. Se considerarmos como um cenário de segurança, a vacinação com esquema completo acima de 80%, temos no Brasil apenas 16% dos municípios nessa situação", aponta o documento.

Essas falhas no processo de vacinação são preocupantes também em área de fronteira, como o limite entre Rondônia e Bolívia, a tríplice fronteira entre Brasil, Peru e Colômbia – onde se localizam as cidades de Tabatinga e Letícia- ,também na tríplice fronteira entre Roraima, Venezuela e Guiana, e todo o estado do Amapá, com fronteira com a Guiana Francesa. Esses territórios são hoje vulneráveis para a entrada de novas variantes e espalhamento do vírus da covid-19 para todo o país.

"Apesar do componente longevidade considerado no IDH poder ter inflacionado o percentual de população coberta, passados quase um ano do início da campanha de imunização e o avanço da vacinação para as demais faixas etárias, é pouco provável que este fator tenha influência sobre a cobertura vacinal", destaca Diego Xavier, pesquisador do MonitoraCovid-19. O IDH nesse caso representa um conjunto de fatores que podem prejudicar a vacinação em municípios com desigualdades estruturais, inclusive do sistema de saúde local.


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