SAÚDE E BEM-ESTAR

Hospital do Idoso ainda não vive vocação original

Inaugurado em outubro de 2020, no contexto da covid-19, o Hospital do Idoso ainda não alcançou a totalidade do que foi proposto

Cinthya Leite
Cadastrado por
Cinthya Leite
Publicado em 20/02/2022 às 0:00 | Atualizado em 21/02/2022 às 16:33
BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
Ambulatório do Hospital do Idoso do Recife tem capacidade para 8 mil consultas mensais e oferta de atendimento com geriatra, cardiologista, pneumologista, psiquiatra, fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional - FOTO: BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
Leitura:

O cenário de falta de médicos e de superlotação do Hospital da Mulher do Recife, no bairro do Curado, Zona Oeste do Recife, faz questionar como está a situação do Hospital Eduardo Campos da Pessoa Idosa, na Estância, na mesma região, que foi concebido para seguir o mesmo modelo de atendimento da primeira unidade hospitalar erguido por uma gestão municipal no Recife. Inaugurado em outubro de 2020, no contexto da covid-19, o Hospital do Idoso ainda não alcançou a totalidade do que foi proposto para a unidade devido à reestruturação que precisou ser realizada para ampliar a assistência à covid-19. Ou seja, pelo papel que precisou abraçar na rede de assistência municipal aos pacientes com covid, a unidade ainda não vivencia a vocação original de cuidar exclusivamente dos idosos da capital pernambucana.

Atualmente os 72 leitos que foram inicialmente pensados para dar assistência geral aos idosos, estão exclusivamente voltados para os casos graves de síndrome respiratória aguda grave (srag), independentemente da faixa etária. "Essas vagas foram revertidas em 30 leitos de terapia intensiva e 40 de enfermaria. São todos para os casos de srag, com taxa de ocupação de 77%", diz o sanitarista Aristides Oliveira (foto à direita, ao alto), secretário-executivo de Regulação Média e Alta Complexidade do Recife. Em 2021, de janeiro a setembro, a instituição foi referência para tratamento da covid-19. Em outubro do ano passado, a unidade voltou ao perfil assistencial original na ala do internamento. Mas, com o avanço da influenza H3N2 em janeiro deste ano, o hospital teve todos os 70 leitos ativados para receber pacientes com srag.

Médico de família e comunidade, Aristides reconhece a importância do primeiro hospital do Nordeste exclusivo para o tratamento e prevenção de doenças nas pessoas idosas. "O ambulatório funciona hoje normalmente, com a vocação original de cuidar das pessoas idosas da cidade. São feitos atendimentos, exames e consultas." Diferentemente do setor de internamento, os ambulatórios atendem também pacientes idosos sem sintomas de covid-19.

Não há porta aberta no Hospital do Idoso, nem mesmo para urgência ou emergência. E esse é um dos pontos que o diferem do Hospital da Mulher do Recife. Ambos, no entanto, não recebem pacientes nos ambulatórios nem para realização de exames por demanda espontânea. Para ser atendidos no hospital, os pacientes precisam ser encaminhados por meio do Sistema de Regulação da Secretaria de Saúde do Recife, através das unidades de saúde da família, centros de saúde, policlínicas e outras unidades municipais.

No ambulatório, o hospital possui capacidade para 8 mil consultas mensais com médicos clínicos, geriatras, cardiologistas, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, nutricionistas e fonoaudiólogos. A maioria desses trabalhadores é especializada em saúde da pessoa idosa. A unidade ainda oferta consultas com cirurgias geral, vascular e urológica, além de atendimentos com neurologista, urologista e proctologista, entre outros. No bloco cirúrgico, a capacidade é para 500 cirurgias mensais, mas atualmente as eletivas estão suspensas, já que os leitos estão voltados para os casos de srag.

Primeiro do Nordeste dedicado aos cuidados da população acima de 60 anos, o Hospital do Idoso completa um ano e quatro meses de funcionamento. Ao longo desse período, foram realizados, segundo a Secretaria de Saúde do Recife (Sesau), mais de 58 mil atendimentos, incluindo consultas ambulatoriais médicas (34.831 mil) e não médicas (23.869 mil). Ainda foram realizados cerca de 480 mil exames e mais de 7 mil procedimentos no bloco cirúrgico.

O hospital tem uma estrutura com mais de 8 mil metros quadrados de área construída, centro diagnóstico e ambulatório com 13 consultórios para consultas médicas e não médicas, como as de psicologia, enfermagem, serviço social e nutrição. Na área de apoio diagnóstico, a capacidade é para cerca de 30 mil exames por mês, como ultrassonografia, tomografia, ressonância magnética, exames do coração (holter, ecocardiograma e eletrocardiograma), exame neurológico, como eletroencefalograma, além de punção e biópsia.

 

JC IMAGEM
Coluna Saúde e Bem-estar Cinthia Leite - FOTO:JC IMAGEM
BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
Funcionamento do Hospital do Idoso durante a pandemia de covid-19. - FOTO:BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM

Para acelerar a vacinação

Levantamento realizado pelo Instituto de Avaliação de Tecnologia em Saúde (IATS) apontou que, se o Brasil estivesse vacinando as crianças num ritmo ideal (1 milhão de doses aplicadas por dia), poderia se evitar, até abril, 5,4 mil hospitalizações e 430 óbitos pela covid-19 na faixa etária de 5 a 11 anos. Já quando são avaliadas todas as faixas etárias, a vacinação mais rápida poderá impedir, neste mesmo período, ao menos 14 mil hospitalizações e mais de 3 mil óbitos pela doença. "Vivemos hoje uma pandemia de não vacinados. Quatro de cada cinco mortes e quatro de cada cinco internados são pessoas que não estavam completamente vacinadas. Portanto, está mais do que provado que vacinas, além de seguras, salvam vidas", alerta o secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo. Nesta semana, o Estado inicia uma mobilização para acelerar a imunização infantil. A estratégia, pactuada com todos os municípios, deve atingir diversos locais de circulação das crianças, especialmente as escolas, e vai culminar no "Dia C" de vacinação, que será realizado no próximo sábado, dia 26 de fevereiro. Pernambuco tem pouco mais de 25% da população de 5 a 11 anos vacinada com a primeira dose. "É um quantitativo ainda muito baixo, que significa risco para toda a sociedade e, principalmente, para as próprias crianças", acrescenta Longo.

Saúde do coração no pós-covid

O cardiologista Domingos Sávio Melo alerta que, para as pessoas que tiveram a infecção pelo coronavírus, a recomendação é que fiquem atentas à saúde do coração, mesmo que a doença tenha se manifestado com sintomas leves. "É necessária uma avaliação médica não só para observar o estado de saúde, mas também para orientações em relação à retomada de atividade física, especialmente quem pratica exercícios de alta intensidade", ressalta Domingos Sávio Melo. Segundo o cardiologista, o coronavírus pode atacar diretamente o miocárdio, causando uma inflamação conhecida como miocardite. Entre as possíveis consequências dessa condição, estão arritmias e até insuficiência cardíaca. Vários estudos e especialistas confirmam que doenças respiratórias podem trazer sérias complicações cardiovasculares. Uma pesquisa realizada pela Universidade de Sydney (Austrália), e publicada no Internal Medicine Journal, revela que pacientes que tiveram infecções respiratórias têm 17 vezes mais chances de ter um ataque cardíaco. Outro estudo, publicado no periódico científico Nature, mostra que a probabilidade de problemas no coração (como insuficiência cardíaca e acidente vascular cerebral) aumenta até mesmo em quem teve um quadro leve da covid-19.

Quadril

Entre os problemas que pode vir no pós-covid, também vale destacar a osteonecrose de quadril - condição dolorosa que ocorre quando o suprimento de sangue para o osso é interrompido. "A osteonecrose pode aparecer devido a altas doses de corticoides contra covid-19. É um medicamento usado para aliviar a inflamação e os problemas pulmonares", diz o ortopedista Odilmar Barbosa, do Grupo de Ortopedia e Traumatologia. Como efeito colateral, os corticoides podem aumentar risco de alterações em células formadoras de ossos, assim como danos à circulação na região do fêmur e do quadril, o que leva à osteonecrose.

Hanseníase

A Sociedade Brasileira de Dermatologia, o Ministério da Saúde e a Secretaria de Saúde de Pernambuco promovem, nesta quarta-feira (23), curso online de atualização em hanseníase para profissionais de saúde. O objetivo é ampliar e compartilhar as experiências sobre diagnóstico precoce, manejo clínico, avaliação neurológica simplificada, definição do grau de incapacidade física e intervenção de condutas. Também será abordada a promoção às ações de busca ativa de casos com a participação das equipes da Estratégia de Saúde da Família. Inscrições até hoje pelo link cutt.ly/pPslnZa.

Comentários

Últimas notícias