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Hospital de Câncer de Pernambuco realiza cirurgia inédita no Brasil em paciente que teve perna amputada após câncer ósseo

Procedimento é indicado especialmente para pessoas que tiveram um membro amputado em decorrência do câncer, da diabetes ou de acidentes

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Cinthya Leite

Publicado em 07/04/2022 às 18:53 | Atualizado em 07/04/2022 às 18:55
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O Hospital de Câncer de Pernambuco (HCP), localizado em Santo Amaro, área central do Recife, realizou uma cirurgia inédita no Brasil, na manhã desta quinta-feira (7). Conhecido como osseointegração (conexão direta entre um implante metálico, feito de titânio, e o coto do paciente - a parte do membro que permanece após a cirurgia de amputação), o procedimento possibilita a colocação posteriormente de uma prótese externa.

O processo é indicado especialmente para pessoas que tiveram um membro amputado em decorrência do câncer, da diabetes ou de acidentes. São pacientes que não conseguem usar a prótese tradicional, em encaixes, que deslizam sobre o coto e formam uma vedação com a pele. Para algumas pessoas que tiveram membro amputado, isso pode levar a próteses que saem do lugar, o que exige reajustes constantes e pode até resultar em falta de adaptação dos membros protéticos.

A paciente que passou pelo procedimento de osseointegração no HCP tem 33 anos. Ela é moradora do município de Cabrobó, situado no Sertão de Pernambuco, e teve a perna amputada há cerca de 15 anos, em decorrência de um tumor ósseo maligno. Ela está bem e passará por um processo de reabilitação, pelos próximos dois meses, para fortalecer os músculos e os ossos. Após a reabilitação, ela pode ter uma nova prótese conectada diretamente ao implante, e não baseada em encaixes. Dessa maneira, será possível ter uma mobilidade melhor e um ritmo de caminhada mais adequado para realização de atividades cotidianas. 

"Iniciamos uma nova era no tratamento de pessoas amputadas. No caso do HCP, os pacientes são amputados por tumores. Então, iniciamos um procedimento chamado osseointegração, que consiste em colocar um implante dentro do osso amputado, a fim de favorecer a colocação, a adaptação de uma prótese externa, sobretudo para as pessoas que não conseguem andar com uma prótese tradicional e são fadadas a viverem com um par de muletas", explica o cirurgião e ortopedista oncológico do HCP Antônio Marcelo Gonçalves de Souza. 

O médico destaca que, em todo o mundo, 40% dos pacientes amputados não conseguem usar a prótese convencional com encaixe. Por isso, a osseointegração é um procedimento promissor para essas pessoas que precisam e desejam recuperar a mobilidade. 

No HCP, a operação foi realizada por Marcelo Souza, com o apoio do médico holandês Hendrik van de Meent, que é especialista nesse tipo de procedimento na Holanda. "É uma cirurgia que pode beneficiar os pacientes amputados no Brasil, que tem um clima quente e muito úmido, o que favorece à transpiração por quem usa a prótese tradicional", destaca Hendrik van de Meent, ao falar sobre a indicação da osseointegração.  

Por se tratar de um equipamento internacional e de alto custo, trazer a tecnologia ao Brasil só foi possível graças ao empenho de Antônio Marcelo Gonçalves de Souza, que idealizou o modelo nacional. Ao lado dele, o fisioterapeuta e protesista Tiago Bessa está responsável pela protetização e reabilitação dos pacientes.

Com o projeto em mãos, eles conseguiram o apoio da empresa brasileira Impol, de São Paulo, que investiu no desenvolvimento e na fabricação do implante brasileiro desenvolvido por Antônio Marcelo. Após cerca de quatro anos de tramitação na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o implante foi aprovado no fim de 2021.

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