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UTI: doenças respiratórias na infância lotam as emergências e colocam 36 crianças à espera de vaga em leitos públicos em Pernambuco

Vários vírus estão atualmente por trás do adoecimento das crianças, o que tem causado uma pressão hospitalar

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Cadastrado por

Cinthya Leite

Publicado em 10/05/2022 às 14:23 | Atualizado em 10/05/2022 às 14:59
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Em Pernambuco, as emergências dos hospitais que atendem crianças com doenças respiratórias estão lotadas. Muitas, inclusive, precisam de assistência em leito de terapia intensiva (UTI) e aguardam a liberação de uma vaga. O painel que apresenta os dados de leitos de síndrome respiratória aguda grave (srag) no Estado aponta que, das 40 pessoas à espera de UTI na rede pública do Estado, 36 são bebês e crianças

O motivo da superlotação não é covid-19, nem mesmo gripe. Outros vírus, de acordo com as equipes de pediatria das unidades, estão atualmente por trás do adoecimento das crianças, o que tem causado uma pressão hospitalar.

"O problema não é só na rede pública. Os hospitais privados também estão com uma demanda grande por leitos de UTI para as crianças. Muitas aguardam internamento. Elas estão apresentando muito cansaço e pneumonia, e isso é decorrente de quatro vírus: o sincicial respiratório (VSR), o adenovírus, o rinovírus e o metapneumovírus", informa o pediatra Walber Steffano, presidente do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe). 

Com a queda dos indicadores da covid-19 no Estado, as crianças voltaram a sair de casa, a passear, a frequentar as escolas. Dessa maneira, elas ficam expostas novamente aos agentes infecciosos mais incidentes na infância. "Nos momentos mais intensos da pandemia, as emergências só estavam com 20% a 30% da capacidade ocupada. Com a retomada da rotina pelas crianças, desde março observamos que o atual surto de doenças respiratórias tem levado a um aumento do número de crianças nas emergências. Isso ainda deve durar mais três semanas", acredita Walber. 

O médico ressalta que as unidades que são referência na assistência pediátrica em Pernambuco operam com a capacidade máxima. "Entre elas, estão o Imip, o Hospital Helena Moura e o Barão de Lucena. A questão é que os governos sabem que essa demanda aumenta todos os anos, neste mesmo período, e nada muda. Por isso, ontem (segunda, dia 9) estivemos com o secretário de Saúde (André Longo) para cobrar um plano estratégico."

A Secretaria Estadual de Saúde (SES) informa ao JC que a rede pública conta hoje com 227 leitos para bebês e crianças com quadro de srag. Entre eles, 101 de UTI e 131 de enfermaria. A ocupação geral destes leitos está em 76%, sendo 89% nas vagas de UTI e 67% nas de enfermaria.

"É importante ressaltar, no entanto, que, entre os pacientes internados nos leitos voltados para casos de srag na rede pública, apenas 1,5% apresenta infecção pelo coronavírus. Predominam casos provocados por outros agentes infecciosos, como rinovírus e vírus sincicial respiratório, entre outros", diz a SES, em nota.

Os leitos para os pacientes da pediatria estão distribuídos por unidades de saúde do Estado. No Grande Recife, estão nos hospitais Correia Picanço, Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), Barão de Lucena (HBL), Referência Covid-19 - Unidade Olinda (Maternidade Brites de Albuquerque), Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip), Maria Lucinda, Jaboatão-Prazeres e Agamenon Magalhães. Há vagas também em Santa Maria (Araripina), Dom Malan (Petrolina), Dom Moura (Garanhuns), Rui de Barros Correia (Arcoverde), Inácio de Sá (Salgueiro), Belarmino Correia (Goiana) e Regional de Palmares.

Além disso, a Secretaria Estadual de Saúde garante que abrir, nos próximos dias, 25 novos leitos pediátricos de UTI no Recife, Região Metropolitana e Sertão do Estado.

"Também solicitamos ao secretário a presença de fisioterapeutas respiratórios nas emergências e nas unidades de pronto atendimento. É preciso priorizar rapidamente essa assistência e a abertura de novos leitos. Crianças com quadro respiratório precisam ser tratadas imediatamente para evitar uma evolução ruim do quadro", esclarece Walber. 

Neste momento sazonalidade das doenças respiratórias em crianças, o pediatra orienta que os pais devem levar os filhos a emergências dos hospitais nestas seguintes situações: 

  • Febre que não baixa, especialmente em 48 horas
  • Cansaço, com criança ofegante durante atividades triviais
  • Vômitos 
  • Sonolência e prostração 

"Também oriento que as famílias evitem as aglomerações e as idas a lugares fechados, especialmente quando a criança tem menos de 5 anos, faixa etária em que a doença respiratória pode evoluir com maior gravidade e exigir internamento", frisa Walber. 

 

 

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