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VACINA BCG: adesão despenca e faz Pernambuco ter pior cobertura da última década contra tuberculose grave

O Estado saiu de uma cobertura de 106,8% em 2012 para 60,2% atualmente

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Cinthya Leite

Publicado em 10/08/2022 às 17:44
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Em plena campanha de nacional de imunização, é preciso olhar para o histórico de queda de coberturas das principais vacinas do calendário infantil. Entre elas, está uma baixíssima adesão à vacina BCG, que previne tuberculose – principalmente as formas graves, como meningite tuberculosa e tuberculose miliar (espalhada pelo corpo). 

Se olharmos para as taxas de vacinação em Pernambuco, constatamos que, até o momento, o ano de 2022 apresenta a menor cobertura da última década da BCG. O Estado saiu de uma cobertura de 106,8% em 2012 para 60,2% atualmente, segundo o painel do Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI). O recomendado é que a meta de cobertura seja de 90% para a BCG.  

A baixa taxa da vacina BCG coincide com um menor envio de doses, aos Estados, pelo Ministério da Saúde. Em maio, o governo federal enviou um comunicado sobre a disponibilidade limitada de estoque da vacina BCG nos sete meses seguintes. "Assim, orientou-se a racionalização do imunizante para evitar o desabastecimento. Essa redução no número de doses pode comprometer a vacinação, mas isoladamente isso não justifica a queda de cobertura que observamos. Essa baixa (na adesão à imunização) já vem desde 2019, e o abastecimento naquele ano, assim como em 2020 e 2021, estava normalizado", explica a superintendente de Imunizações de Pernambuco, Ana Catarina de Melo.

Ela informa que, antes de o Ministério da Saúde passar por disponibilidade limitada de estoque da vacina BCG, o Estado recebia 40 mil doses desse imunizante por mês. Agora, caiu para um recebimento mensal de 23 mil doses. "A queda na taxa de cobertura da BGC tem se dado ao longo do tempo. Isso é preocupante. Sabemos também que o sistema de informação, onde é informado o volume de doses aplicadas ao ministério, tem apresentado problemas, e isso pode não refletir a realidade do que já foi feito. Mas, sim, a queda na imunização existe", frisa Ana Catarina. 

VACINA BCG: QUANDO TOMAR?

O recomendado é que a vacina BCG seja aplicada logo após o nascimento, mas pode ser dada até 1 mês de vida. No entanto, o ideal é que, assim como a vacina contra hepatite B, o bebê receba a BCG na própria maternidade onde o parto foi realizado. Na impossibilidade de seguir essa recomendação, a família deve ser orientada a procurar uma unidade básica de saúde.

Na maioria das vezes, há uma reação no local da aplicação da BCG com posterior formação de cicatriz no braço. É importante não colocar produtos, medicamentos ou curativos, pois se trata de uma resposta esperada e normal à vacina. A revacinação de crianças que não desenvolveram cicatriz deixou de ser recomendada pelo Ministério da Saúde em fevereiro de 2019.

A vacina BCG não oferece eficácia de 100% na prevenção da tuberculose pulmonar, mas a aplicação em massa (alta cobertura vacinal) permite a prevenção de formas graves da doença, como a meningite tuberculosa e a tuberculose miliar (forma disseminada). 

No Brasil, embora a incidência de tuberculose pulmonar tenha aumentando, quase não são mais registradas as formas graves da doença.

Outro exemplo da importância da vacinação foi o aumento do número de casos de tuberculose em crianças, registrado quando a Suécia suspendeu a vacinação de rotina.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, nos países onde a tuberculose é frequente e a vacina integra o programa de vacinação infantil, são prevenidos mais de 40 mil casos anuais de meningite tuberculosa. Um reflexo como esse depende de alta cobertura vacinal - um motivo pelo qual é tão importante todo bebê receber a vacina BCG.

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