CARAMUJO-GIGANTE: infestação de animal pode causar problema de saúde grave
A presença de caramujos na Praia de Boa Viagem é motivo de preocupação
Quem frequenta a Praia de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, tem percebido uma grande quantidade de caramujos, principalmente na altura do Segundo Jardim. Essa infestação é motivo de preocupação, segundo o biólogo Leandro Alberto.
Professor de biologia, Leandro Alberto explica que o animal é, na realidade, um molusco de hábito terrestre, com o nome científico de Achatina fulica e popularmente conhecido como caramujo-gigante-africano.
"Em Boa Viagem, nas últimas semanas, estamos percebendo um grande número de um molusco, que é chamado de caramujo-gigante-africano. Ele serve de hospedeiro para um verme que transmite uma doença chamada meningite eosinofílica, que pode corroer, destruir parte das meninges (três membranas que envolvem o encéfalo e a medula espinhal, protegendo-os) do nosso cérebro, assim como também a coluna espinhal", alerta Leandro Alberto.
A meningite eosinofílica causa cegueira, paralisia e até mesmo a morte do homem.
O caramujo-gigante-africano também pode transmitir a doença angiostrongilíase meningoencefálica, que provoca dores de cabeça forte e constante, rigidez na nuca e distúrbios do sistema nervoso.
O professor de biologia Leandro Alberto orienta que as pessoas se protejam e não façam o manuseio desse animal sem luvas. "Deve-se deve ter muito cuidado ao andar descalço nas praias, devido à imensa população destes animais."
Segundo o biólogo, trata-se de um molusco que se reproduz de forma muito grande. "A cópula sexual desse animal pode ter 500 ovos, proliferando nas praias. Então, cuidado também ao levar os cães para as praias. É importante fazer a retirada das fezes, porque os ovos deles, como são microscópios, podem ficar nas patas dos cães e ser levados para casa. Fica, então, o alerta sobre esse caramujo que está infestando a Praia de Boa Viagem", acrescenta.
Como o caramujo-gigante chega à praia?
O biólogo informa que os ovos dos caramujos-gigantes podem ser trazidos pelas chuvas. "Estamos num momento de transição neste fim do mês de agosto, que tem chuvas e altas temperaturas. Isso deixa (o cenário) propício para reprodução do mesmo."
Ainda de acordo com Leandro Alberto, o caramujo-gigante-africano "segue a vegetação da praia; ele não fica na praia; não é um animal marinho".
O especialista faz um alerta para quem tiver condições de resgatar o caramujo-gigante-africano. "É preciso usar luvas, matar esse animal, destruir principalmente a área da sua concha, enterrando com cal ou utilizando também o sal de cozinha. Assim, não se mata somente o animal, mas também o verme do qual ele é hospedeiro", destaca.
Legislação quanto aos caramujos-gigantes-africanos
A legislação brasileira referente às espécies exóticas invasoras está presente no Decreto 4.339 de 22 de agosto de 2002, que instituiu a Política Nacional da Biodiversidade, descrevendo a regulamentação de medidas de controle, manejo e erradicação das espécies exóticas invasoras no Brasil.
A espécie Achatina fulica (caramujo-gigante-africano) é definida como espécie exótica invasora.
A proibição da criação e comercialização em todo território nacional veio a partir de 2005, com uma instrução normativa número 73 do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que passou a considerar o caramujo-gigante-africano como não pertencente à fauna silvestre nativa.
Portanto, a Achatina fulica é uma espécie exótica invasora, nociva às espécies silvestres nativas, ao ambiente, à agricultura e à saúde pública. Está autorizada a implementação de medidas de controle, coleta e eliminação.