ARTRITE REUMATOIDE: o que é, sintomas, diagnóstico, causas, mitos e verdades sobre esta doença autoimune
Artrite reumatoide atinge cerca de 2 milhões de brasileiros em plena fase produtiva
Este mês é marcado pela conscientização da artrite reumatoide, que teve a última quarta-feira (12) como dia mundial. É uma doença que afeta as articulações, gera dores fortes, pode provocar desgaste ósseo, limitações físicas, transtornos de ansiedade e depressão - ocasionados pelo fator incapacitante da doença.
É importante estarmos atentos aos principais sinais para não se demorar a procurar o médico.
"É uma doença inflamatória crônica autoimune, em que o sistema imunológico passa a atacar o tecido que reveste as articulações", diz a reumatologista Renata Menezes (foto), do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip).
"Os sintomas comuns são dor e edema em qualquer articulação do corpo, principalmente mãos e punhos, rigidez matinal e fadiga. Se não tratada pode levar à destruição articular, deformidades e limitações para o trabalho e as atividades do dia a dia", acrescenta a reumatologista.
Um mito que precisa ser derrubado é de que a artrite reumatoide é doença de idoso. A prevalência é maior nas mulheres, e os primeiros sintomas costumam vir entre 30 e 40 anos.
ARTRITE REUMATOIDE: DIAGNÓSTICO
Conhecer melhor a jornada do paciente com artrite reumatoide no Brasil é importante para compreender os principais obstáculos enfrentados durante um percurso desafiador e marcado pela dor.
É assim que o paciente define o seu caminho até ser diagnosticado e chegar ao tratamento adequado. Esse processo, que em alguns casos pode levar anos, acaba impactando fortemente a qualidade de vida de quem tem artrite reumatoide.
É importante estar atento aos principais sintomas para não demorar a procurar o médico. "Entre eles, destacam-se: dores intensas, inchaço e vermelhidão nas articulações, especialmente nas mãos, e dificuldade em se mexer ao acordar, durando pelo menos uma hora", afirma o reumatologista Thiago Ferreira da Silva.
Os sintomas também podem aparecer separadamente.
O especialista responsável pelo tratamento da artrite reumatoide é o reumatologista, peça fundamental na jornada do paciente.
Os mitos por trás da doença podem desafiar o paciente na busca pelo diagnóstico precoce, o tratamento adequado e a conquista por mais qualidade de vida, sem dor.
MITOS E VERDADES SOBRE ARTRITE REUMATOIDE
CONHEÇA ALGUNS DELES:
"DOR TODO MUNDO TEM, É NORMAL"
Achar que é normal e acostumar-se com a dor, é o sintoma mais comum e latente da artrite reumatoide, sendo um dos maiores mitos.
"Isso acontece tanto com quem já teve o diagnóstico, quanto com quem ainda não foi diagnosticado. Além disso, conviver com a dor é deixar de buscar qualidade vida arriscando a liberdade de movimento”, diz o reumatologista Thiago Ferreira da Silva.
A busca por mais vida com qualidade para o paciente também envolve o médico, conhecendo o que há de mais inovador para tratar a doença e contribuindo para acelerar o diagnóstico.
"REUMATOLOGISTA É MÉDICO DE IDOSO"
A percepção de que a artrite reumatoide afetaria exclusivamente idosos é um dos mitos frequentes sobre a doença contribuindo para o atraso no diagnóstico.
Os primeiros sintomas costumam se manifestar em plena idade produtiva, ameaçando a realização das atividades diárias e a vida profissional e social do paciente.
"ARTRITE REUMATOIDE É UMA DOENÇA DE JUNTAS"
"A artrite reumatoide é uma doença sistêmica, ou seja, ela afeta todo o corpo humano, ao invés de apenas um órgão ou região, e causa efeitos variados. Ela também é autoimune e outras doenças desencadeadas pelo mesmo mecanismo são mais frequentes nestes pacientes quando comparados com quem não tem a doença. Por isso, elas também são associadas a algumas comorbidades”, esclarece o reumatologista Thiago Ferreira da Silva.
Por exemplo, não é raro o paciente ter artrite reumatoide e tireoidite de Hashimoto.
Outra complicação comum em pacientes com artrite reumatoide são doenças que estão relacionadas à deposição de placas de gordura (colesterol) nos vasos sanguíneos.
Assim, doença coronariana, aterosclerose nas artérias carótidas, doença vascular periférica e acidente vascular cerebral (AVC), em especial o tipo isquêmico, podem ocorrer.
Outras condições mais frequentes em quem tem artrite reumatoide são insuficiência cardíaca congestiva, diabetes mellitus tipo 2, osteoporose e distúrbio dos lipídios (colesterol, HDL e triglicerídeos).
"A presença de comorbidades nos pacientes com artrite reumatoide é importante, pois podem aumentar ainda mais a chance de um infarto do miocárdio e/ou AVC, com consequente aumento da incapacidade e mortalidade, caso estas doenças concomitantes não sejam reconhecidas e tratadas de forma adequada. Por isso, a abordagem multidisciplinar é fundamental", complementa Thiago.
"ARTRITE REUMATOIDE NÃO TEM A VER COM SAÚDE MENTAL"
O afastamento das atividades sociais, a interrupção das práticas esportivas e o abalo na vida profissional, podem impactar também a saúde mental dessas pessoas.
Essas informações corroboram com os achados científicos que reforçam a ligação entre a artrite reumatoide e quadros depressivos, por exemplo.
Estudos revelam que a prevalência de transtornos depressivos em pessoas com a artrite reumatoide varia entre 13% e 47%, de acordo com o tamanho e as características das populações analisadas.
Alguns trabalhos apontam que a depressão teria um efeito direto sobre as citocinas, substâncias que estimulam o processo inflamatório relacionado à artrite reumatoide.
Um artigo recente, publicado no Arthritis Care & Research diz que 33% dos adultos americanos com artrite, com mais de 45 anos de idade, relatam ter ansiedade ou depressão.
O trabalho destaca que a ansiedade é quase duas vezes mais comum que a depressão entre os pacientes com artrite.
"Por isso, estimular o cuidado multidisciplinar do paciente reumático, com grande atenção à saúde mental, é muito importante. Vale destacar que o transtorno mental também pode interferir na adesão ao tratamento, agravando o quadro”, afirma Thiago.
Também há grande impacto no trabalho. As fortes dores e a perda de autonomia interferem fortemente na vida profissional: mais de 30% das pessoas com artrite reumatoide têm afastamento do trabalho nos primeiros 5 anos.
"TENHO MEDO DE USAR MEDICAMENTO BIOLÓGICO"
De acordo com especialistas, o tratamento com imunobiológicos é um avanço no campo da saúde para tratar as doenças autoimunes, podendo trazer mais qualidade de vida ao paciente. Em sua maioria, a administração é feita de forma segura por via intravenosa ou subcutânea.
O paciente recebe a medicação em ambiente ambulatorial e pode continuar as atividades do seu dia a dia.
"Podemos concluir que, o diagnóstico tardio é prejudicial porque adia, por consequência, o início do tratamento, o que pode impactar fortemente o cotidiano do paciente, desde a realização das atividades mais básicas como se alimentar, se higienizar, trabalhar, até a convivência com os amigos”, finaliza o reumatologista.
Saiba mais sobre o diagnóstico e tratamento da artrite reumatoide neste link.