LESÃO GRAVE

INCÊNDIO NO RECIFE: Queimadura inalatória fez crianças evoluírem com gravidade; entenda

Dez crianças estão em UTI; outras três e uma cuidadora foram a óbito

Cinthya Leite
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Cinthya Leite
Publicado em 14/04/2023 às 17:25 | Atualizado em 14/04/2023 às 18:14
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Incêndio em abrigo no Recife deixa mortos e feridos - FOTO: Reprodução

O incêndio no Lar Paulo de Tarso, no Ipsep, Zona Sul do Recife, na madrugada desta sexta-feira (14), levou a óbito uma cuidadora e três crianças.

Além disso, pelo menos dez crianças estão em acompanhamento, em unidade de terapia intensiva (UTI), por apresentarem lesões graves nos pulmões, decorrentes de queimadura inalatória

Seis crianças estão na UTI do Hospital da Restauração (HR), no bairro do Derby, área central do Recife.

No HR, também permanece uma cuidadora do Lar Paulo de Tarso. Ela já recebeu alta da Unidade de Tratamento de Queimados do HR e está na emergência clínica, em observação.

Outras duas crianças, 5 e 6 anos de idade, recebem assistência no Hospital Brites de Albuquerque, em Olinda. Estão internadas em UTI e respiram com suporte suplementar de oxigênio com máscaras. A assessoria de comunicação do Brites confirma que elas estão conscientes e estáveis. 

Já o Hospital Geral de Areias, na Estância, Zona Oeste do Recife, recebeu quatro criança pela manhã.

De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES), duas delas já foram transferidas para a UTI do Hospital Maria Lucinda, no bairro da Jaqueira, Zona Norte da capital, e outras duas foram encaminhadas para o Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip), no bairro dos Coelhos, área central da cidade. 

Os pacientes em UTI são os que evoluíram com maior gravidade por causa da queimadura inalatória. Eles passaram muito tempo expostos à fumaça do incêndio, o que causa complicações severas. 

O comprometimento, decorrente da inalação da fumaça, vai desde queimaduras nas vias aéreas ao desenvolvimento de doenças como pneumonia.

A queimadura inalatória ocorre pela presença de gases, como monóxido de carbono, e outras pequenas partículas que são arrastadas pela fumaça até aos pulmões. Dessa forma, desenvolvem-se irritação dos tecidos e inflamação.

"Esse tipo de queimadura por inalação evolui com diminuição da oxigenação. Se não houver um suporte de oxigenação adequado, os pacientes evoluem com hipoxia e posteriormente aparecem todas as complicações que podem advir dessa falta de oxigênio", explica a médica pediatra Alexsandra Costa, do HR

Pela manhã, ela esteve no hospital e acompanhou o quadro de saúde das crianças.

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Pediatra Alexsandra Costa, do HR, explica que a queimadura por inalação evolui com diminuição da oxigenação - CINTHYA LEITE/JC

"A evolução delas, durante as próximas 24-48 horas, vai depender de vários fatores, como desnutrição e anemia, que são condições que podem favorecer ocorrência de complicações ainda maiores do que vemos", diz Alexsandra, que é presidente da Sociedade de Pediatria de Pernambuco (Sopepe). 

Uma condição preocupa a pediatra. "A queimadura inalatória é extremamente grave, ela desnuda todo o epitélio respiratório, diminui a oxigenação para o cérebro e demais órgãos nobres do corpo. Dessa maneira, o estado de saúde pode se tornar ainda mais crítico porque esse quadro favorece complicações por infecção respiratória bacteriana." 

Pelos pulmões altamente comprometidos por causa da queimadura inalatória, as crianças correm risco de morrer, de acordo com Alexsandra.

"As que estão intubadas têm risco maior, embora estejam adequadamente conduzidas (assistidas pelas equipes de saúde). As demais precisam ser vigiadas de perto; uma vigilância perene porque, diante de qualquer sinal de alarme, de que estejam evoluindo de forma mais grave, devem ser tomados cuidados imediatos mais complexos", finaliza a médica. 

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