DENÚNCIA

Situação crítica no Cisam: maternidade tem pacientes nos corredores e falta de respiradores, diz Coren-PE

A inspeção na unidade hospitalar, que fica localizada no bairro da Encruzilhada, foi feita nesta quinta-feira (27)

Mirella Araújo
Cadastrado por
Mirella Araújo
Publicado em 27/04/2023 às 19:03 | Atualizado em 28/04/2023 às 18:54
Cisam
Cisam

Diante das denúncias sobre superlotação, pacientes internadas nos corredores e a falta de respiradores para recém-nascidos internados na Unidade de Cuidados Intermediários (UCI), o departamento de fiscalização do Conselho Regional de Enfermagem de Pernambuco (Coren-PE), realizou uma inspeção o Centro Universitário Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (Cisam)

A inspeção na unidade hospitalar, que fica localizada no bairro da Encruzilhada, foi feita nesta quinta-feira (27). De acordo com a equipe do Coren-PE, 17 pacientes encontravam-se internadas no setor de triagem, local que não possui estrutura para internamentos.

Além disso, quatro mulheres, uma delas que deu entrada na unidade às 7h, ainda aguardavam atendimento na recepção da unidade.

O Coren-PE também identificou que, em alguns casos, as gestantes precisam aguardar pelo leito sentadas em cadeiras instaladas nos corredores da unidade. Os fiscais foram informados que nesta quarta-feira (26), uma das pacientes chegou a dar à luz, enquanto aguardava atendimento. No setor neonatal, a equipe encontrou mães e recém-nascidos em macas no chão, por conta da falta de leitos.

A superlotação ficou evidente na sala de parto. O local possui 10 vagas de internamento, mas durante a visita do Coren-PE, 19 pacientes estavam internadas, esperando vaga no alojamento conjunto, onde ficam mãe e recém-nascidos, pois faltavam vagas na enfermaria.

Os fiscais também foram informados que algumas pacientes, em casos de baixo grau de complexidade, estavam recebendo alta médica logo após o parto. A manobra, segundo profissionais da unidade, seria uma tentativa de abrir vagas de internamento para pacientes mais graves que aguardavam atendimento no setor de triagem.

Ainda de acordo com o Conselho Regional de Enfermagem, a situação mais grave foi identificada na Unidade de Cuidados Intermediários, local para onde são levados recém-nascidos que precisam de atenção especial. O setor possui 15 leitos, mas 19 recém-nascidos estavam internados, o que resultou na falta de respiradores para alguns pacientes.

Quanto ao dimensionamento, ou seja, a relação entre o número de pacientes e de profissionais de enfermagem que atuam na unidade, a equipe de fiscalização do Conselho foi informada que o Governo do Estado segue descumprindo a Resolução do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) e incorre em um erro grave de realizar um cálculo próprio, o que sobrecarrega os profissionais que trabalham na unidade.

Segundo o Departamento de Fiscalização do Coren-PE, o último levantamento oficial apresentado pela direção do Cisam aponta que o déficit de profissionais de enfermagem, levando em consideração a Resolução do Cofen, é de 234. Já pelos cálculos do Governo do Estado, esse número seria de 54 profissionais (17 enfermeiros e 38 técnicos de enfermagem).

O Conselho Regional de Enfermagem de Pernambuco informou que a direção da unidade foi notificada e o relatório da fiscalização será encaminhado ao Ministério Público de Pernambuco.

"O Coren-PE reitera, mais uma vez, que repudia o descaso praticado pelo Governo do Estado e pela Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia de Pernambuco em relação à decrépita situação em que se encontra o Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (CISAM), especialmente na prestação dos serviços de saúde às mulheres pernambucanas, que estão submetidas à condições subumanas, longe de qualquer resquício de dignidade", relatou o Conselho. 

Confira a resposta da gestão executiva do Cisam/UPE sobre as denúncias apontadas pelo Coren-PE:

"A Gestão Executiva do Centro Universitário Integrado de Saúde Amaury de Medeiros da Universidade de Pernambuco (CISAM/UPE) vem, por meio desta nota, reforçar o posicionamento feito anteriormente sobre a superlotação hospitalar que tem sido alvo de denúncias públicas.

Queremos reiterar que a superlotação no CISAM é resultado da demanda reprimida na Rede Estadual de Saúde, e que a unidade é referência em gestação e partos de alto risco, atendimento a mulheres em situação de violência sexual e aborto legal. Isso significa que recebemos pacientes por encaminhamento da Central de Regulação de Leitos do Estado e por demanda espontânea, e que não temos como negar atendimento a nenhuma delas.

Contudo, reconhecemos que a situação de superlotação tem sido desagradável e desconfortável para as mulheres e para a equipe multiprofissional, expondo todos a situações de insegurança e vulnerabilidade sanitária. Nossa equipe trabalha com as escalas no limite e, quando a superlotação se instala, a sobrecarga de trabalho é inevitável, o que pode acarretar afastamentos futuros. Mesmo assim, a instituição de saúde cumpre todos os protocolos de assistência e cuidados aos pacientes.

Gostaríamos de informar à população que estamos no processo de construção do Centro de Parto Normal (05 leitos) e da Casa da Gestante, Bebê e Puérpera (20 leitos), com o objetivo de ampliar a capacidade de atendimento e oferecer mais conforto e segurança. Até que se conclua a obra, pedimos compreensão quanto aos transtornos como barulho e poeira oriundos da construção.

É importante ressaltar que, mesmo em estado de superlotação e com recursos limitados, o CISAM/UPE tem prestado um serviço especializado, resguardando a vida, saúde e dignidade reprodutiva de todas as pessoas que buscam a instituição. Reafirmamos nosso compromisso com a sociedade pernambucana e continuaremos trabalhando para garantir um atendimento de qualidade e humanizado a todas as mulheres que nos procuram."

 

Comentários

Últimas notícias