A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou o fim da emergência de saúde pública (PHEIC, na sigla em inglês) da pandemia do coronavírus no planeta. O alerta havia sido decretado pela entidade em janeiro de 2020, quando o número de casos e mortes começou a explodir na China.
"É com grande esperança que declaramos que a covid-19 não é mais uma emergência global", disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom
Nos últimos três anos, a doença causada pelo vírus Sars-CoV-2 provocou 765,2 milhões de casos e quase 7 milhões de mortes, segundo a OMS.
Especialistas, porém, apontam que o acesso desigual a testes e ao sistema de saúde deixaram esses números bastante subnotificados. Em relação aos óbitos, em seu discurso, Tedros falou que o total deve ser "várias vezes maior" - a estimativa da entidade é de pelo menos 20 milhões.
A alteração do status foi possível graças ao avanço da vacinação, que, de acordo com Tedros, nos permitiu ver, no último ano, tendência de queda de casos e mortes, e diminuição da pressão sobre os sistemas de saúde.
O desenvolvimento do imunizante, fruto de um esforço científico global sem precedentes, ocorreu em tempo recorde. As primeiras doses começaram a ser dadas em dezembro de 2020 - no Brasil, a aplicação começou só no mês seguinte.
Embora tenha declarado fim da emergência, o diretor da OMS frisou que a covid não deixou de ser uma "ameaça à saúde global" Conforme ele, só na semana passada, a doença fez uma vítima a cada três minutos, milhares seguem em unidades de terapia intensiva (UTI), lutando por suas vidas, e milhões vivem os efeitos debilitantes da síndrome pós-covid. "Esse vírus veio para ficar.
Ainda está matando e ainda está mudando. Permanece o risco do surgimento de novas variantes que causam novos surtos de casos e mortes", afirmou.
A imunização é apontada por especialistas como a principal estratégia de prevenção, sobretudo entre grupos vulneráveis, como idosos, imunossuprimidos e outros.
No plano estratégico de resposta à covid para o período de 2023 a 2025, publicado na quarta, a OMS destaca que os países trabalharam arduamente para vacinar 70% da população mundial, mas isso significa que "30% da população mundial ainda não recebeu uma única dose". Países de baixa e média renda ainda apresentam "grandes lacunas" da imunidade derivada da vacina, e a cobertura de reforço permanece "muito baixa" globalmente.
SEM BAIXAR A GUARDA
Conforme Maria Van Kerkhove, diretora técnica responsável pelo combate ao coronavírus, o vírus "continuará a causar ondas".
"O que esperamos é que tenhamos as ferramentas para garantir que as ondas futuras não resultem em doenças mais graves, não resultem em ondas de morte, e podemos fazer isso com as ferramentas que temos à mão. Só precisamos ter certeza de que estamos rastreando o vírus, porque continuará a evoluir."
Tedros também pediu que os países não baixem a guarda. "O que esta notícia significa é que é hora de os países fazerem a transição do modo de emergência para o gerenciamento da covid, juntamente com outras doenças infecciosas."
Pela primeira vez, aconselhado por cientistas, o diretor da OMS acionou uma disposição do Regulamento Sanitário Internacional para estabelecer um Comitê de Revisão para desenvolver recomendações permanentes de longo prazo para os países sobre como gerenciar a doença.